A insemelhança
O resultado da investigação era esse: o precipitado das semelhanças. a tela da semelhança. seus fios cruzados e recruzados.
Por vezes a semelhança em toda a parte. por vezes a semelhança aqui.
E também que tu e tua morte não tinham nenhum parentesco.
Parece simples. então: não havia mais lugar para uma requisição difícil. para nenhuma interrogação rude. simplesmente o palavrio doloroso. inútil. superficial e trivial.
“Um cão não pode simular a dor. será por ser honesto demais?”
Era preciso aprender a descrição.
Em poucas palavras o que não mais se mexia.
Pois isso tinha-me sido remetido reconhecido. ao passo que nada se deduzia de minha experiência.
Estava morta. e isso não mentia.
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L’irresemblance
Le résultat de l’investigations était celui-ci : le précipité des ressemblances. la toile de la ressemblance, ses fils croisés e recroisés.
Parfois la ressemblance de partout. parfois la ressemblance là.
Ensuite que toi et ta mort n’avaient aucun air de famille.
Cela semble simple. alors : il n’y avait plus lieu d’une réquisition difficile. d’aucune interrogations rude. simplement le bavardage douloureux. inutile. superficiel et trivial.
« Un chien ne peut pas simuler la douleur, est-ce parce qu’il est trop honnête? »
Il fallait faire connaissance avec la description.
En quelques mots ce qui ne se bougeait pas.
Car cela m’avait été envoyé reconnu. alors que rien ne s’en déduisait de mon expérience.
Tu étais morte. et cela ne mentait pas.
– Jacques Roubaud, no livro “Algo: preto, Jacques Roubaud”. [tradução Inês Oseki-Dépré]. São Paulo: Perspectiva, 2005.
§
Em mim reinava a desolação
Onde tua existência era tão forte. tornara-se forma de ser.
Em mim reinava a desolação. como falando em voz baixa.
Mas as palavras não tinham a força de atravessar.
De atravessar apenas. pois não havia o quê.
Volta-se para o mundo. volta-se para si.
Não se queria habitar de modo algum.
É o núcleo habitual do infortúnio.
“Você” era nossa maneira de tratamento. fôra.
Morta eu não podia mais dizer senão : “tu”.
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En moi régnait la désolation
Où ton inexistence était si forte, elle était devenue forme d’être.
En moi régnait la désolation, comme conversant à voix basse.
Mais les paroles n’avaient pas la force de franchir.
De franchir seulement, car il n’y avait pas quoi.
On se tourne vers le monde, on se tourne vers soi.
On voudrait n’habiter aucunement.
C’est le noyau habituel de l’infortune.
«Vous » était notre mode d’adresse, l’avait été.
Morte je ne pouvais plus dire que : « tu ».
– Jacques Roubaud, no livro “Algo: preto, Jacques Roubaud”. [tradução Inês Oseki-Dépré]. São Paulo: Perspectiva, 2005.
§
Novela, II
É ainda uma outra novela, talvez a mesma.
Um homem abandonado, por causa de certa morte, recebe um telefonema. O telefonema é um chamado da mulher amada, e morta.
Ele reconhece a voz. Ela chama de um mundo possível, outro, semelhante em todos os pontos àquele ao qual ele está habituado, com uma única diferença : nesse mundo, ela não está morta.
Mas que dirá ele? o que sucedeu nesse mundo em trinta meses? que lhe dirá ela? como ele entraria nesse mundo onde não existiu o horror, esse mundo de morte abolida, onde a luta continua contra a morte, onde eles se obstinam nessa luta que aqui, neste mundo em que ele se encontra no momento em que ele tira o telefone do gancho, se perdeu?
Ele atenderá e ouvirá sua voz. O mundo em que ele permanece ainda (o telefone acaba de tocar mas ele ainda não mexeu a mão para responder) será esquecido.
Esse mundo não terá existido. Só como mundo possível onde foi a morte que foi, e não a vida. Um mundo no qual ele continuará pensando o tempo todo, embora não seja mais pensável.
Imaginando, na sua imaginação, quando estará nesse mundo, aquele onde ela estaria morta. Mas ele não será, na verdade, capaz de imaginá-lo realmente.
O telefone não toca. Enquanto ele não tocar o novo mundo, o mundo possível é ainda possível. É ainda possível que o telefone toque, e que a voz que venha seja a voz da mulher amada, e morta. Tendo cessado de estar morta, não o tendo sido nunca.
O telefone tocará, a voz que o homem abandonado por causa da morte ouvirá não será a da mulher amada. Será uma outra voz, uma voz qualquer. ele a ouvirá. O que não provará que ele está vivo.
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Roman, II
C’est un autre roman encore, peut-être le même.
Un homme abandonné, à cause d’une mort, reçoit un coup de téléphone. Ce coup de téléphone est un appel de la femme aimée, et morte.
Il reconnaît sa voix. Elle appelle d’un monde possible, autre, en tout point semblable à celui auquel il est habitué, avec cette seule différence que, dans ce monde, elle n’est pas morte.
Mais que dira-t-il ? que s’est-il passé dans ce monde là en trente mois ? que lui dira-t-elle ? comment entrera-t-il dans ce monde où l’horreur n’a pas eu lieu, ce monde à la mort abolie, où la lutte continue contre la mort, où ils s’obstinent à ce combat qui ici, dans le monde où il est encore au moment où il décroche l’appareil, a été perdu ?
Il décrochera, et il entendra sa voix. Le monde où il est encore (le téléphone vient de sonner mais il n’a pas encore bougé la main pour répondre) sera oublié.
Ce monde n’aura pas été. Il n’aura été que comme monde possible, où ce fut la mort qui fut, et non la vie. Un monde auquel il continuera de penser tout le temps, quoiqu’il ne soit pas pensable.
Imaginant, dans son imagination, quand il sera dans ce monde, celui où elle serait morte. Mais il ne sera pas, en fait, capable de vraiment l’imaginer.
Le téléphone ne sonne pas. Tant qu’il ne sonne pas le nouveau monde, le monde possible est encore possible. Il est encore possible que le téléphone sonne, et que la voix qui vienne soit la voix de la femme aimée, et morte. Ayant cessé d’être morte, ne l’ayant jamais été.
Le téléphone sonnera. La voix que l’homme abandonné à cause de la mort entendra ne sera pas celle de la femme aimée. Ce sera une autre voix, une voix quelconque. il l’entendra. Cela ne prouvera pas qu’il est vivant.
– Jacques Roubaud, no livro “Algo: preto, Jacques Roubaud”. [tradução Inês Oseki-Dépré]. São Paulo: Perspectiva, 2005.
§
Foto-novela
A novela se compõe de aventuras narradas no tempo em que esse aventurar advém.
A importância e o sentido dessa regra não são dissimuladas. Pelo contrário é dito explicitamente que as coisas contadas passam-se no tempo em que são recontadas.
Mas não se trata por isso de um diário.
Pois o presente aí fala presente sem ser de modo algum revoluto. Não existe a descontinuidade das datas, das páginas, dos arrependimentos, do diário.
Há alguém, um homem. Inominado. Há sua jovem esposa, morta.
A novela se passa em vários mundos possíveis. Em alguns deles, a jovem mulher não está morta.
O tempo é o presente. o tempo de cada mundo possível é o presente.
Os ruídos, as épocas, até os sabores, são escritos à luz, e as nuvens. Isso, acima de tudo, mostra o respeito da regra que governa a composição da novela.
Quando não existe mais do que um mundo, onde ela está morta, a novela acaba.
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Roman-photo
Le roman se compose d’aventures racontées dans le temps de leur avènement.
L’importance et le sens de cette contrainte ne sont pas dissimulés. Au contraire il est dit explicitement que les choses racontées se passent dans le temps où elles se racontent.
Mais ce n’est pas pour autant un journal.
Car le présent y parle présent sans y être aucunement révolu. Il n’y a pas la discontinuité des dates, des pages, des regrets, du journal.
Il y a quelqu’un, un homme. Il n’est pas nommé. Il y a sa jeune femme, qui est morte.
Le roman se passe dans plusieurs mondes possibles. Dans certains, la jeune femme n’est pas morte.
Le temps est le présent. Le temps de chaque monde possible est le présent.
Les bruits, les époques, même les saveurs, sont écrits à la lumière, et les nuages. C’est ce qui, plus que tout, montre le respect de la contrainte qui gouverne la composition du roman.
Quand il n’y a plus qu’un seul monde, où elle est morte, le roman est fini.
– Jacques Roubaud, no livro “Algo: preto, Jacques Roubaud”. [tradução Inês Oseki-Dépré]. São Paulo: Perspectiva, 2005.
§
No espaço mínimo
Afasto-me pouco deste lugar como se a clausura num espaço mínimo te devolvesse da realidade, visto que aqui vivias comigo.
Em sua descida, como em sua subida, o sol penetra, quando faz sol, e segue seu caminho reconhecível, nas paredes, nos assoalhos, nas, cadeiras, curvando, reclinando as portas.
Fico muito tempo aqui, seguindo-o com os olhos, interpondo minha mão, sem fazer nada, pensar, complemento de imobilidade.
Não vives nesses cômodos, eu não poderia dizê-lo, não estou assombrado por ti, não tenho mais, agora, senão raramente a alucinação noturna de tua voz, não te surpreendo abrindo a porta, nem os olhos.
O que me ocupa, inteiramente, e me desvia do lá-fora, de me afastar, de abandonar os cômodos, os movimentos do sol, é o espaço, o espaço só, tal como encheras de imagens, de tuas imagens, de teus panos, de ter perfume, de teu obscuro calor, de teu corpo.
Ao desapareceres, não foste posta em outro lugar, te diluíste neste mínimo espaço, te afundaste nesse mínimo espaço, ele te absorveu.
À noite sem dúvida, se eu acordar na noite, angústia no peito, a janela enorme, a me tocar nos olhos, ruidosa, à noite sem dúvida, poderia dar-te forma, falar, refazer-te, um dorso, um ventre, uma nudez úmida preta, não me abandono.
Abandono-me ao alongamento das janelas, da igreja, ao golfo dos tetos à esquerda da igreja, onde se lançam as nuvens, noite após noite.
Deixo o sol se aproximar, me recobrir, extinguir-se, depositando seu calor um instante, pensando, sem acreditar, tua carne recolocada no mundo, reavivada.
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Dans l’espace minime
Je m’éloigne peu souvent de cet endroit comme si l’enfermement dans un espace minime te restituait de la réalité, puisque tu y vivais avec moi.
À sa descente, comme à sa montée, le soleil pénètre, s’il y a du soleil, et suit son chemin reconnaissable, sur les murs, les planchers, les chaises, courbant, couchant les portes.
Je suis là beaucoup, à le suivre des yeux, à interposer ma main, sans rien faire, penser, complément d’immobilité.
Tu n’habites pas ces pièces, je ne pourrais dire cela, je ne suis pas hanté de toi, je n’ai plus, maintenant, que rarement l’hallucination nocturne de ta voix, je ne te surprend pas en ouvrant la porte, ni les yeux.
Cela qui m’occupe, entièrement, et me détourne du dehors, de m’éloigner, de quitter les chambres, les mouvements du soleil, c’est l’espace, l’espace seul, tel que tu l’avais empli d’images, de tes images, de tes étoffes, de ton odeur, de ta sombre chaleur, de ton corps.
Disparaissant, tu n’a pas été mise ailleurs, tu t’es diluée dans ce minime espace, tu t’es enfuie dans ce minime espace, il t’a absorbée.
La nuit sans doute, si je m’éveille dans la nuit, avec l’angoisse de poitrine, la fenêtre énorme, à me toucher les yeux, bruyante, la nuit sans doute, je pourrais te donner forme, parler, te refaire, un dos, un ventre, une nudité humide noire, je ne m’y abandonne pas.
Je ne m’abandonne à l’allongement des fenêtres, de l’église, au golfe des toits à gauche de l’église, où se lancent les nuages, soir après soir.
Je laisse le soleil s’approcher, me recouvrir, s’éteindre, laissant sa chaleur un moment, pensant, sans croire, ta chair remise au monde, ravivée.
– Jacques Roubaud, no livro “Algo: preto, Jacques Roubaud”. [tradução Inês Oseki-Dépré]. São Paulo: Perspectiva, 2005.
§
Meditação do dia 21/7/85
Olhei para esse rosto. que fôra meu. da maneira mais extrema.
Alguns. em momentos semelhantes. pensaram invocar o repouso. ou o mar da serenidade. isso lhes foi talvez de alguma ajuda. a mim não.
Tua perna direita se reerguera. e se afastara um pouco. como em tua fotografia intitulada o último recesso.
Mas teu ventre dessa vez não estava na sombra. ponto vivo no mais preto. não um manequim. mas uma morta.
Essa imagem se apresenta pela milésima vez. com a mesma insistência. ela não pode não se repetir indefinidamente. com a mesma avidez nos detalhes. não os vejo se atenuarem.
O mundo me sufocará antes que ela se apague.
Não me exercito em nenhuma lembrança. não me permito nenhuma evocação. não existe lugar que lhe escape.
Não podem dizer- me : “sua morte é ao mesmo tempo o instante que precede e aquele que sucede a teu olhar. não o verá jamais”.
Não podem dizer-me : “é preciso calá-lo”.
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Méditation du 21/7/85
Je regardais ce visage. qui avait été à moi. de la manière la plus extrême.
Certains. en des semblables moments. ont pensé invoquer le repos. ou la mer de la sérénité. cela leur fut peut-être de quelque secours. pas moi.
Ta jambe droite s’était relevée. et écartée un peu. comme dans ta photographie titrée la dernière chambre.
Mais ton ventre cette fois n’état pas dans l’ombre. point vivant au plus noir. pas un mannequin. mais une morte.
Cette image se présente pour la millième fois. avec la même insistance. elle ne peut pas ne pas se répéter indéfiniment. avec la même avidité dans les détails. je ne les vois pas s’atténuer.
Le monde m’étouffera avant qu’elle ne s’efface.
Je ne m’exerce à aucun souvenir. je ne m’autorise aucune évocation. il n’y a pas lieu qui lui échappe.
On ne peut pas me dire : « sa mort est à la fois l’instant qui précède et celui qui succède à ton regard. tu ne le verras jamais ».
On ne peut pas me dire : « il faut le taire ».
– Jacques Roubaud, no livro “Algo: preto, Jacques Roubaud”. [tradução Inês Oseki-Dépré]. São Paulo: Perspectiva, 2005.
§
Pornografia
Uma lembrança pode ser pornográfica?
Seria preciso que uma pornografia pudesse não ser pública, sem testemunha, visto que uma lembrança não se escreve, não se mostra, não se diz. sem gente que espia.
Não sou necrófilo, não desejo teu cadáver. não sei o que é. se é. vi-te morta. não te vi cadáver.
Porém eu desejo.
Essas lembranças são as mais sombrias de todas.
Violentam o mais possível o princípio de realidade.
Mergulho, em pleno dia, nesses ardores.
Mexes, respiras.
Mas o silêncio é absoluto.
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Pornographie
Un souvenir peut-il être pornographique?
Il faudrait qu’une pornographie puisse ne pas être publique, être sans tiers, puisqu’un souvenir ne s’écrit pas, ne se montre pas, ne se dit pas.
Je ne suis pas nécrophile, je ne désire pas ton cadavre. je ne sais pas ce que c’est. si c’est. je t’ai vue morte, je ne t’ai pas vu cadavre.
Pourtant je désire.
Ces souvenirs sont les plus sombres de tous.
Ils font la violence la plus grande au principe de réalité.
J’enfonce, en plein jour, dans ces embrasements.
Tu bouges, tu respires.
Mais le silence y est absolu.
– Jacques Roubaud, no livro “Algo: preto, Jacques Roubaud”. [tradução Inês Oseki-Dépré]. São Paulo: Perspectiva, 2005.
§
Esta fotografia, tua última
Esta fotografia, tua última, deixei-a na parede, onde a puseras, entre as duas janelas,
E ao entardecer, recebendo a luz, sento-me, nesta cadeira,
sempre a mesma, para olhar para ela, onde a puseste, entre as duas janelas,
E o que se vê, aí, recebendo a luz, que declina, no golfo de
tetos, à esquerda da igreja, o que se vê, ao entardecer,
sentado nesta cadeira, é, precisamente,
O que mostra a imagem deixada na parede, no papel marrom
escuro da parede, entre as duas janelas, a luz,
Avança, em duas línguas oblíquas flui na imagem, de revés,
até o ponto exato onde o olhar que a concebeu, o teu, concebeu,
versar indefinidamente a luz reversa a quem, eu, olha para ela,
Pousada, no centro, do que ela mostra,
porque nesse centro, o centro do que ela mostra, que eu vejo,
há também, recorrente, a própria imagem, contida nele, e a
luz, entra, desde sempre, do golfo de tetos à esquerda da igreja,
mas sobretudo há, o que agora falta
Tu. porque teus olhos na imagem, que olham para mim,
neste ponto, neste ponto, neste ponto, nesta cadeira, onde eu me sento, para ver-te, teus
olhos,
Já vêem, o momento, em que estarias ausente, prevêem-no, e é porque, eu não pude mover-me deste lugar.
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Cette photographie, ta dernière
Cette photographie, ta dernière, je l’ai laissée sur le mur,
où tu l’avais mise, entre les deux fenêtres,
Et ce que l’on voit, là, recevant la lumière, qui décline, dans le golfe de toits, à gauche de l’église,
ce qu’on voit, les soirs, assis sur cette chaise, est précisément,
ce que montre l’image laissée sur le mur, sur le papier brun sombre du mur, entre les deux
fenêtres, la lumière,
avance, en deux langues obliques, coule, dans l’image, vers le point exact où le regard qui l’a
conçue, le tien, a conçu, de verser indéfiniment de la lumière vers qui, moi, la regarde,
posée, au cœur, de ce qu’elle montre,
parce qu’en ce cœur, le cœur de ce qu’elle montre, que je vois, il y a ausssi encore l’image ellemême,
contenue en lui, et la lumière, entre, depuis toujours, depuis le golfe de toit à gauche de
l’église,mais surtout il y a, ce qui maintenant manque
Toi, parce que tes yeux dans l’image, qui me regardent, en ce point, cette chaise, où je me
place, pour te voir, les yeux,
Voient déjà, le moment, où tu serais absente, le prévoient, et c’est pourquoi, je n’ai pas pu
bouger de ce lieu-là.
– Jacques Roubaud, no livro “Algo: preto, Jacques Roubaud”. [tradução Inês Oseki-Dépré]. São Paulo: Perspectiva, 2005.
§
BREVE BIOGRAFIA DE JACQUES ROUBAUC
Jacques Roubaud nasceu em Caluire (Rhône), França, em 1932. Poeta, romancista e matemático, além de ter traduzido ou adaptado a poesia clássica japonesa e a poesia americana. Professor da Escola de Hautes Études en Sciences Sociales, membro do grupo OuLiPo (Ouvroir de la Littérature Potentielle) de literatura experimental e do Alamo (Atelier de Littérature Assisté par la Mathemátique et les Ordinateurs). Em 1990 foi agraciado com o Grand Prix National de la Poesie.
Obra de Jacques Roubaud em português
Poesia
:: Os animais de todo mundo. Jacques Roubaud. [tradução Paula Glenadel e Marcus Siscar]. São Paulo: Cosac Naify, 2006.
:: Algo: preto, Jacques Roubaud. [tradução Inês Oseki-Dépré]. Coleção Signos. São Paulo: Perspectiva, 2005.
Romance
:: A bela Hortense. Jacques Roubaud. [tradução Teresa Meneses]. Colecção Letras do Mundo. Porto: Editora Edições Asa, 1993.
:: O rapto de Hortense. Jacques Roubaud. [tradução Margarida Barahona]. Colecção Letras do Mundo. Porto: Editora Edições Asa, 1993.
:: O exílio de Hortense. Jacques Roubaud. [tradução Margarida Barahona]. Colecção Letras do Mundo. Porto: Editora Edições Asa, 1994.
Antologia (participação)
:: Poetas de França hoje (1945-1995).. [seleção, apresentação e tradução de Mário Laranjeira]. São Paulo: Edusp, 1996.
:: Dois ao cubo – alguma poesia francesa contemporânea. [tradução Roberto Zular e Verônica Galindez Jorge]. Coleção Bagatela. São Paulo: Editora Olavobrás, 2005.
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© Pesquisa, seleção e organização: Elfi Kürten Fenske em colaboração com José Alexandre da Silva