“Porque eu posso sentir coisas diferentes. É divertido. Sentimentos que não encontraria indo a festas o ano todo ou saindo com todas as pessoas que gostaria. Você sente coisas que estão na sua mente e sabe que são de verdade. É por isso que eu gosto da música, porque vem de dentro e traz sentimentos.” – Janis Joplin na abertura do filme (voz off de Janis responde a uma jornalista sobre o porquê cantava).
O documentário “Janis: Little Girl Blue” joga luz na carreira meteórica da mulher que desbravou o rock e sucumbiu às drogas, mas que criou hinos de amor e sexo.
– por Reinaldo Glioche, iG cultura
Não é segredo que Janis Joplin ajudou a mudar a cara do rock ´n roll nos idos dos anos 60. Não é segredo, também, que sucumbiu à heroína e morreu de overdose na fatídica idade dos 27 anos – uma tragédia que muitos talentosos músicos ajudaram a tornar uma espécie de maldição na música internacional.
Sem ser taxativa, Berg investiga sua personagem, francamente convidativa ao olhar do cinema, com a curiosidade de quem sabe que está no encalço de algo que vale a jornada. Com depoimentos de familiares, antigos colegas de escola, paixões do passado e ex-integrantes das bandas Big Brother & The Holding Company e Kozmic Blues Band, Berg tece um painel da menina que sonhava ser bonita e que foi vítima de bullying quando começou a descobrir que sua beleza não se ajustava às convenções sociais. Surge o retrato da Janis Joplin contestadora, que se infiltrava entre meninos mesmo contrariando ditames sociais da época e que curtia ficar com meninas.
Aos poucos, a Janis Joplin que vai se revelando no documentário é mais plural do que lembrávamos. Fruto das interpretações da mulher, de seu legado e das razões de seu vício que Berg vai enfileirando na tela. Tudo, com o verniz da própria Jane, em imagens e vídeos de arquivo e uma impressionante cota de material inédito. As cartas de Jane para sua família e para seus amores, na voz não menos inspiradora de Cat Power , dão um colorido especial ao registro e humanizam Janis Joplin para além do interesse circunstancial da audiência por um ícone da música.
Corrompida pelo sucesso ou deprimida com a insistente solitude de ser a primeira mulher a estourar no rock? As versões para a tragédia de Janis, e sua passagem pelo Brasil para espantar seus demônios, ocupam o ato final de “Little Girl Blue”. É neste momento que o filme se apropria do título, homenagem a uma música de Janis que integrou o disco “I Got Dem Ol’ Kozmic Blues Again Mama!”, mas também uma sutil elaboração da realização sobre o epitáfio de Janis.
Assista o documentário completo BBC: “Janis: Little Girl Blue”, de Amy J. Berg (Legendado em português).
Fonte: iG Cultura
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