“Se a nossa vida…”
Se nossa vida é menos do que um dia
na eternidade e o tempo em disparada
nos corre os dias e os reduz a nada,
pois quando nasce é coisa fugidia,
.
no que meditas e por que te agrada,
minh`alma, o breu desta prisão sombria
quando o teu dorso alado propicia
que ascendeu à mais lúcida morada?
.
Dispõe-se lá de amor e de prazer,
da paz pela qual todo o mundo anseia,
do bem quer todo espirito requer.
.
É lá que poderia, minh`alma, no alto
do céu, reconhecer a própria idéia
da beleza que eu neste mundo exalto.
.
.
“Si nostre vie…”
Si notre vie est moins qu’une journée
En l’éternel, si l’an qui fait le tour
Chasse nos jours sans espoir de retour,
Si périssable est toute chose née,
.
Que songes-tu, mon âme emprisonnée?
Pourquoi te plaît l’obscur de notre jour,
Si pour voler en un plus clair séjour,
Tu as au dos l’aile bien empanée?
.
Là, est le bien que tout esprit désire,
Là, le repos où tout le monde aspire,
Là, est l’amour, là, le plaisir encore.
.
Là, ô mon âme au plus haut ciel guidée!
Tu y pourras reconnaître l’Idée
De la beauté, qu’en ce monde j’adore.
– Joachim du Bellay, em “Poesia alheia, 124 poemas traduzidos”. [tradução e organização Nelson Ascher]. Rio de Janeiro Imago, 1998.
§
As Ruínas de Roma, 3
Recém-chegado, buscas Roma em Roma
sem Roma achar em Roma e quanto vês
— arco, palácio e muro —, o que se toma
Por Roma ficou velho e se desfez.
.
Ruína e orgulho: tudo aqui se soma;
quem tantos submetera a suas leis,
domando o mundo, agora é a si que doma,
pois, frente ao tempo, dobra-se a altivez.
.
Roma é de Roma o monumento triste.
Roma venceu a Roma — e só persiste,
correndo ao mar, o Tibre, do que um dia
.
foi Roma. Muda assim tudo o que existe!
Ruiu quanto era firme e, todavia,
resiste ao próprio tempo o que fugia
.
.
Les Antiquités de Roma, 3
Nouveau venu, qui cherches Rome en Rome
Et rien de Rome en Rome n’aperçois,
Ces vieux palais, ces vieux arcs que tu vois,
Et ces vieux murs, c’est ce que Rome on nomme.
.
Vois quel orgueil, quelle ruine: et comme
Celle qui mit le monde sous ses lois,
Pour dompter tout, se dompta quelquefois,
Et devint proie au temps, qui tout consomme.
.
Rome de Rome est le seul monument,
Et Rome Rome a vaincu seulement.
Le Tibre seul, qui vers la mer s’enfuit,
.
Reste de Rome. O mondaine inconstance!
Ce qui est ferme, est par le temps détruit,
Et ce qui fuit, au temps fait résistance.
– Joachim du Bellay, em “Poesia alheia, 124 poemas traduzidos”. [tradução e organização Nelson Ascher]. Rio de Janeiro Imago, 1998.
§
“Heureux qui, comme Ulysse…”
Feliz quem como Ulisses fez tão bela viagem,
Ou como o que buscou e conquistou o Tosão,
E prenhe regressou, de ciência e de razão,
A viver entre os seus o mais desta passagem.
.
Ai quando reverei da minha aldeia a imagem,
Seus lares fumegando, e qual será a estação
Em que verei de novo essa pobre mansão
Que para mim val mais que torre de menagem?
.
Mais me praz de avós meus este solar tranquilo,
Que de palácio em Roma o audacioso estilo.
Mais do que o duro mármore uma ardósia fina,
.
Mais o meu Loire gaulês que o Tibre tão latino,
Mais o menor Liré que o Monte Palatino,
E mais que o ar marinho a doçura angevina.
.
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Heureux qui, comme Ulysse, a fait un beau voyage…
Heureux qui, comme Ulysse, a fait un beau voyage,
Ou comme cestuy-là qui conquit la toison,
Et puis est retourné, plein d’usage et raison,
Vivre entre ses parents le reste de son âge!
.
Quand reverrai-je, hélas, de mon petit village
Fumer la cheminée, et en quelle saison
Reverrai-je le clos de ma pauvre maison,
Qui m’est une province, et beaucoup davantage?
.
Plus me plaît le séjour qu’ont bâti mes aïeux,
Que des palais Romains le front audacieux,
Plus que le marbre dur me plaît l’ardoise fine :
.
Plus mon Loire gaulois, que le Tibre latin,
Plus mon petit Liré, que le mont Palatin,
Et plus que l’air marin la doulceur angevine.
– Joachim du Bellay [tradução Jorge de Sena]. em “Poesia de 26 Séculos-de Arquíloco a Nietzsche”. [organização e tradução de Jorge de Sena]. 2 vol., Coleção Antologias universais. Porto: Edições Asa, 3ª ed., 2001.
§
BREVE BIOGRAFIA DE JOACHIM DU BELLAY
Joachim du Bellay – Nobre do Anjou, onde nasceu em 1522, é militar e diplomata. Viveu em Roma, como secretário de um seu tio, cardeal, onde escreveu a sua célebre colectânea de sonetos Les Regrets. Morreu em Paris, em 1560. O O seu encontro com Ronsard decidiu do seu destino poético, e é com ele um dos chefes do gruída Pléiade, cujo manifesto, Déffense et lllustration de la Langue Française, redigiu e publicou em 1549, e que longamente foi considerado como marcando o início do Renascimento na poesia de França. Na realidade, poetas de uma França já dilacerada pela Reforma e as perseguições religiosas, esses homens que renovaram a poesia são já e sobretudo maneiristas. As guerras civis de religião começaram no ano em que Du Bellay morreu.
Fonte: Ler Jorge de Sena/Letras-Ufrj
© obra em domínio público
© Pesquisa, seleção e organização: Elfi Kürten Fenske em colaboração com José Alexandre da Silva
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