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Jorge Farjalla dirige Álbum de Família, de Nelson Rodrigues, na inauguração do Teatro Estúdio

Encenação celebra os 80 anos da obra mais polêmica e controversa de Nelson Rodrigues. A trama mergulha nos conflitos e segredos obscuros de uma tradicional família patriarcal, e permaneceu censurada por 19 anos, recorde na trajetória do dramaturgo. A estreia marca a inauguração do Teatro Estúdio, localizado nos Campos Elíseos.
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Clássico do teatro brasileiro, que passou quase duas décadas interditado pela polícia, o texto teve papel decisivo para consolidar a reputação de “autor maldito” frequentemente associada a Nelson Rodrigues (1912-1980). Oitenta anos após sua turbulenta criação, a tragédia Álbum de Família ganha nova montagem na visão de Jorge Farjalla. O espetáculo estreia no dia 6 de julho, sábado, às 20h, e inaugura o Teatro Estúdio, localizado nos Campos Elíseos, zona central da cidade de São Paulo. A temporada vai até 18 de agosto com sessões sempre sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 18h.
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O elenco é formado por Agmar Beirigo, Alexandre Galindo, Daniel Marano, Fernanda Gidali, Helena Cury, Iuri Saraiva, Jullia Leite, Lakís Farias, Lara Paulauskas, Lídia Engelberg, Mariana Barioni Roberto Borenstein.

A história desvenda os segredos e as tensões de uma família aparentemente tradicional brasileira, no interior de Minas Gerais, na década de 1920. A trama gira em torno do patriarca Jonas (Alexandre Galindo) – um fazendeiro de convicções religiosas fervorosas -, sua esposa, Senhorinha (Mariana Barioni) e seus quatro filhos: Guilherme (Daniel Marano), Edmundo (Iuri Saraiva), Nonô (Agmar Beirigo) e Glória (Fernanda Gidali). Com o tumultuado retorno à casa dos pais, tem início uma série de revelações chocantes sobre a moralidade distorcida dos membros da família, conduzindo a um desfecho trágico e perturbador. A obra é um retrato visceral das disfunções familiares e das hipocrisias sociais, característica do provocador universo rodriguiano.
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Para o diretor, uma das características principais da história são as relações humanas. O espetáculo é uma forma de denunciar o retrato de nossa sociedade e suas monstruosidades em evidência dos noticiários. “Este texto escrito por Nelson Rodrigues, talvez seja o que mais se aproxima do universo de Antonin Artaud (dramaturgo francês da década de 1930) e de seu teatro da crueldade, por desmistificar as relações de uma família e sua estrutura instituída pela Igreja. Os personagens desse teatro desagradável sempre querem mais, passam de seus limites para alcançar o que desejam revelando que estão ligados uns aos outros pela cumplicidade, todos sabem o que acontece e o que os espera”.

Além da direção, Jorge Farjalla também assina cenografia, figurinos e adereços. Os figurinos refletem o microcosmo de uma sociedade falida do interior de Minas Gerais dos anos 20, vinda da tradição do café, tanto nas cores quanto nas texturas. Na encenação, todo o elenco permanece em cena, onde um corredor de terra vermelha divide a plateia que fica de frente uma à outra, gerando um jogo de espelhos e proximidade com os atores. A música de Cartola marca a trilha sonora e pontua as cenas do texto de Nelson Rodrigues.
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“Todos os personagens do Nelson ganham corpo em cena, inclusive os que estão mais à deriva. Eu trouxe à cena personagens que eram apenas citados na obra, como Nonô e Totinha – a mulher grávida interpretada por Lara Paulauskas. Os símbolos e signos da obra são aqui reforçados na encenação: a terra vermelha do cenário que representa o útero e ressignifica as mortes do texto, o ritual do banho e a água trazendo a purificação desse nicho familiar, tanto no âmbito do profano como no sagrado; quanto mais banho a família toma, mais sujos eles vão ficando”, enfatiza Farjalla.

Espetáculo ‘Álbum de Família’ / em cena Lídia Engelberg, Daniel Marano, Mariana Barioni, Iuri Saraiva e Alexandre Galind – foto: João Kehl

TRAJETÓRIA DE ÁLBUM DE FAMÍLIA
Escrita por Nelson Rodrigues há quase 80 anos, em 1945, Álbum de Família é reputada como uma das mais polêmicas e controversas peças da dramaturgia brasileira em todos os tempos. O texto veio à luz logo após sua consagração com Vestido de Noiva (1943), que desconcertou o meio intelectual da época com sua linguagem ousada e inovadora, estabelecendo um padrão de excelência inédito. No entanto, Álbum de Família subverteu todas as expectativas da opinião pública, que encampou uma intensa campanha difamatória contra o autor e a obra.
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A repercussão negativa rendeu a Nelson a reputação de “autor maldito”, que o acompanharia durante toda sua carreira. Apesar do desgaste, o dramaturgo não recuou e escreveu, em sequência, ainda nos anos 1940, outros três textos tão incendiários quanto Álbum de Família: Anjo Negro (1946), Senhora dos Afogados (1947) e Dorotéia (1949).

O autor atribuiu a esse conjunto de quatro peças o rótulo de “teatro desagradável” – devido à sua abordagem direta e chocante de temas considerados tabus na sociedade brasileira. Já os estudiosos denominam esse ciclo temático de “peças míticas”, por serem textos marcados por uma profundidade psicológica e uma intensidade dramática que revelam as complexidades da condição humana em sua forma mais crua e visceral.
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A primeira produção de Álbum de Família estreou em 1965, no Rio de Janeiro, trazendo no elenco, entre outros, José Wilker, no papel do filho Edmundo – que na montagem de Jorge Farjalla, será interpretado por Iuri Saraiva. O diretor tem uma relação forte com Nelson Rodrigues, em sua trajetória estão montagens de Doroteia (2017), Senhora dos Afogados (2018) e uma versão de Álbum de Família (2005), onde integrou o elenco e fez temporadas em lugares como Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Espetáculo ‘Álbum de Família’ / em cena Lídia Engelberg, Daniel Marano, Alexandre Galindo, Mariana Barioni e Iuri Saraiva – foto: João Kehl

FICHA TÉCNICA
Texto: Nelson Rodrigues | Direção e Encenação: Jorge Farjalla | Elenco: Agmar Beirigo, Alexandre Galindo, Daniel Marano, Fernanda Gidali, Helena Cury, Iuri Saraiva, Jullia Leite, Lakís Farias, Lara Paulauskas, Lídia Engelberg, Mariana Barioni, Roberto Borenstein | Iluminação: Aline Santini |Cenografia, Figurinos e Adereços: Jorge Farjalla | Assistência de Figurino: Allan Ferc | Visagista: Eliseu Cabral | Assistentes de Visagismo: Camila Santos e Silvia Rocha | Costureira: Denise Evangelista | Direção de Arte: Jorge Farjalla e Mariana Barioni | Trilha sonora: Jorge Farjalla | Desenho de som: Raul Teixeira | Preparação vocal: Lara Córdulla | Operação de Som: May Manão | Cenotécnico: Alício Silva | Fotos: João Kehl | Teaser e Making off: May Manão | Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes | Produção Executiva: Lara Paulauskas e Gabi Manaia | Direção de Produção: Mariana Barioni e Alexandre Galindo | Realização: Teatro Estúdio.
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SERVIÇO
Espetáculo Álbum de Família
Teatro Estúdio
Endereço: Rua Conselheiro Nébias, 891 – Campos Elíseos
Capacidade: 142 lugares
Temporada: De 6 de julho a 18 de agosto
Horário: sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 18h
Ingressos: Inteira R$ 80,00 | Meia R$ 40,00
Vendas online: Sympla.com.br
Classificação indicativa: 18 anos. Tempo de duração: 90 minutos.

Elenco do espetáculo “Álbum de Família”: Sentados: Fernanda Gidali, Daniel Marano, Alexandre Galindo, Mariana Barioni, Iuri Saraiva e Jullia Leite | Em pé: Agmar Beirigo, Lakís Farias, Lara Paulauskas, Helena Cury, Roberto Borenstein, Lídia Engelberg – foto: João Kehl

Teatro Estúdio é inaugurado no centro de São Paulo
com estreia de texto de Nelson Rodrigues
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A tragédia Álbum de Família de Nelson Rodrigues (1912-1980), com direção de Jorge Farjalla, dá o pontapé inicial para o novo teatro localizado nos Campos Elíseos, bem no coração da cidade. O local está instalado em uma sala multiuso de 242m² e tem como característica a versatilidade para abrigar peças no formato de palco italiano, arena, semi arena, corredor, dentre outros. O espaço é administrado por Mariana Barioni e Alexandre Galindo
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São Paulo ganha um novo teatro localizado bem no coração da cidade e estreia com um dos mais icônicos autores brasileiros. O Teatro Estúdio está localizado na Rua Conselheiro Nébias, 891, nos Campos Elíseos, zona central, e inaugura no dia 6 de julho, com  a tragédia Álbum de Família de Nelson Rodrigues (1912-1980) na visão de Jorge Farjalla.  A temporada vai até 18 de agosto com sessões sempre sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 18h. O espaço é administrado por Mariana Barioni Alexandre Galindo.

O novo teatro está instalado em uma sala multiuso de 242m², com 5m de pé direito. O espaço cênico tem como característica a versatilidade de trabalhar com uma arquibancada de praticáveis e cadeiras móveis. Devido a isso, a sala ganha um formato multiconfiguracional, podendo ser encenados espetáculos no formato arena, semi arena, corredor, dentre outros.
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No formato “Italiano”, tem um palco de 8m x 8m, e uma plateia de até 160 lugares. No formato arena, a capacidade pode alcançar 220 lugares. O local ainda tem um camarim para 20 pessoas, sala de ensaio de 60m², um café-bistrô com comidas e bebidas, para receber o público antes e depois das peças, acessibilidade para cadeirantes, salas de produção e apoio que podem ser convertidas em camarins, além de um moderno rider de luz e som. O espaço ainda dispõe de serviço de valet e segurança no local.
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Com sua proposta multifuncional, o empreendimento também busca se consolidar como um espaço de criação. Além da programação cultural, o Teatro Estúdio também disponibiliza suas instalações para abrigar processos criativos de produções teatrais. Desde fevereiro de 2023, o local vem sediando ensaios de grandes musicais como Priscilla – A Rainha do Deserto, Cantando na Chuva, Matilda, Kiss Me Kate e Elvis – A Musical Revolution. Nomes como Miguel Falabella, Reynaldo Giannecchini, Marisa Orth, Thiago Barbosa, Myra Ruiz, Ulysses Cruz, Felipe Hirsch e Zé Henrique de Paula já trabalharam no complexo criativo – que possui uma área total de 700m², contando inclusive com estúdio audiovisual, que atualmente realiza a gravação de videocasts.

“O Teatro Estúdio é uma realização feita com recursos próprios e vai poder ser palco de diversas montagens e formatos, o que abre a possibilidade para produções com grande cenografia e elenco numeroso, ou produções mais enxutas. Em breve, uma sala homenageando um dos maiores atores brasileiros será inaugurada. É sempre bom ter um teatro novo na cidade, pois muitos espaços importantes foram fechados nos últimos tempos”, conta Alexandre Galindo.
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Mariana Barioni e Alexandre Galindo se conheceram durante A Tropa, espetáculo protagonizado por Otavio Augusto, que tem uma trajetória de 8 anos e já passou por várias cidades brasileiras. Ambos estão em cena em Álbum de Família, uma história que desvenda os segredos e as tensões de uma família aparentemente tradicional brasileira, no interior de Minas Gerais, na década de 1920.
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Teatro Estúdio
Endereço: Rua Conselheiro Nébias, 891 – Campos Elíseos
Capacidade: 142 lugares
Temporada: De 6 de julho a 18 de agosto
Horário: sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 18h
Ingressos: Inteira R$ 80,00 | Meia R$ 40,00
Vendas online: Sympla.com.br
Classificação indicativa: 18 anos. Tempo de duração: 90 minutos.

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