Na escola do girassol
por David Domingues*
Grande, verdejante, de pétalas coloridas de um amarelo vivo, sobressai entre a vegetação mais rasteira. Parece apontar para alguma coisa. Talvez procure algo mais. No meio das colinas ondulantes emerge como farol que, com a luz da sua beleza e da sua vitalidade, cativa o olhar de quem passa pela estrada. Até o viajante mais distraído é cativado pela beleza e harmonia que irradia. Já adivinhaste de que estou a falar? Claro! É do girassol. É uma flor e dá um fruto apetecido por muitas aves. Esse fruto, esmagado, produz um óleo alimentar muito rico.
Imagina um girassol no meio do campo. Imagina um campo de girassóis floridos a perder de vista. Agora imagina-te no meio desse campo. Convido-te a viveres um dia na escola do girassol. Sim, porque temos muito, mesmo muito, que aprender com essa planta formidável. Faz-nos bem acolher as lições que o girassol tem para ensinar.
Respira fundo. O dia ainda está a dormir. O girassol parece murcho, acabrunhado. Olha para o chão. Parece ter vergonha da sua beleza e esplendor. Bingo! Aí está a sua primeira lição: a HUMILDADE. Sim, se queres ser grande, primeiro tens de cultivar a humildade, de olhar as tuas raízes e reconhecer a tua origem. Olha a terra que te sustenta, que te alimenta e dá segurança; aquela terra que te fez germinar e que em cada segundo vela para que nada falte às tuas raízes. Aprendestes a lição? Isso mesmo, não há grandeza sem humildade.
Agora, o Sol rasgou o horizonte! As folhas verdejantes do girassol parecem reviver. Ganham força e abrem-se destemidas num gesto de acolhimento. Fantástico!… ACOLHIMENTO! Esta é a segunda lição do girassol! Quem é humilde sabe acolher. Abre os braços, sem medo, a tudo e a todos, sem reservas e sem restrições. Todos têm direito aos meus braços abertos num gesto de boas-vindas.
Sabias que o girassol é uma planta inteligente? É verdade! Não se limita a ficar a baloiçar ao vento. Não, ele tem vontade! À medida que o Sol vai projetando os raios quentes sobre o girassol, este começa a «levantar» a cabeça e – repara bem – acompanha o trajeto do Sol, abrindo o «coração» a essa energia preciosa. Eis então que os pássaros pousam e se saciam com as sementes expostas. Já adivinhaste. SERVIÇO! Sim. Esta é a terceira lição do girassol. Seguindo e abrindo-se ao Sol, ele dá o que de melhor tem. Hesitar para quê? É isto mesmo que os outros esperam! Encontrar em ti e em mim um coração florido e aberto ao serviço dos outros. Mas não esqueças que isto só é possível se nos deixarmos aquecer pelo Sol, o único que pode cativar o nosso olhar cabisbaixo e desalentado nas noites escuras e frias da vida.
Saber seguir o Divino Criador, o Sol da nossa vida, é uma arte que temos de cultivar para encontrarmos a alegria de servir os outros. O gelo mata e destrói ou, na melhor das hipóteses, conserva o que já somos. Mas nós queremos mais, sempre mais e melhor. Foi para isso que fomos criados.
Olha, com o girassol, o Sol que se vai esconder. Pouco a pouco vai-se escondendo, deixando a promessa de regressar na aurora do outro dia. O girassol curva-se novamente para a terra. Estará desanimado, desiludido, frustrado de uma tão breve viagem? Não, claro que não! O seu segredo é outro. Ele curva-se para a terra num gesto de profunda gratidão pela jornada percorrida. Parece um peregrino que alcançou a meta e agradece pela viagem. Claro que GRATIDÃO é palavra de heróis. Esta é a quarta e última lição a aprender na escola do girassol. Quem não sabe agradecer é porque não reconhece o que viveu durante o dia. Ou não soube saborear a vida como guloseima única e irrepetível. Inclinar a cabeça com o coração cheio, a transbordar do calor recebido, da beleza partilhada, dos braços acolhedores.
Lembra-te que o caminho não acabou! O girassol não morreu! Apenas descansa como um guerreiro a recuperar as energias para enfrentar um novo desafio, uma nova meta, um novo dia. Sim! Amanhã será um novo dia, uma nova oportunidade para viver melhor, para corrigir ou, quem sabe?, para começar tudo de novo. De uma coisa estou certo: o Sol voltará a brilhar iluminando, aquecendo e atraindo quem, como o girassol, faz de cada dia um dia novo, uma nova aventura vivida de etapa em etapa até ao dia em que o Sol viva plenamente dentro de cada um de nós.
fonte: Revista Audácia
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