Silvia Prin Grecco, a mãe palmeirense que emocionou o mundo ao narrar os jogos do time de coração para seu filho, Nickollas Grecco, foi homenageada por Maurício de Souza, criador da Turma da Mônica.
Nickollas é deficiente visual e foi adotado por Silvia após ser recusado por 12 casais.
A imagem animada foi publicada nas redes oficiais da Editora Maurício de Souza, na tarde desta Sexta-Feira (27).
Passei minha vida debruçada nos gibis, dava asas ao meu imaginário .. faz parte da minha vida , da minha história.
“Hoje, sou parte integrante dessa história. De mulheres que são “donas da rua” porque lutam por uma causa , porque marcaram um momento importante. Eu estou entre elas.
Muita, muita emoção. Não consigo parar de chorar …
Aumenta minha responsabilidade.
Não vou achar palavras com tamanha demonstração de carinho. Então, meu agradecimento será com atitudes , para honrar tudo isso que está acontecendo em nossas vidas
2019 , ano do reconhecimento
2020 e para todo sempre, uma missão.
Em busca do amor, do respeito, da oportunidade para todos
Em busca da inclusão e da cultura de paz.
Muito obrigada de coração.
Mais uma vez, obrigada Deus, por me permitir ser ponte”, disse Prin.
Um pouco da história de Silvia e Nickollas
Silvia decidiu anos atrás por aumentar a família mesmo já sendo mãe de Marjorie. Ela queria adotar uma criança, então, se inscreveu na Vara de Infância de Mauá, onde morava na época. Foram sete meses longos de espera até receber um chamado sobre a possibilidade de acolher um bebê de quatro meses, deficiente visual e nascido com apenas 500 gramas após uma gestação de apenas cinco meses interrompida por uma tentativa de aborto.
Antes de Silvia, outros 12 casais haviam recusado a adoção de Nickollas “Quando cheguei ao hospital, o médico trouxe o Nickollas e o colocou no meu colo, tive a certeza absoluta que seria meu filho. Eu digo que com a minha filha eu cortei o cordão (umbilical), mas com o Nickollas nós amarramos o coração. Naquele instante eu mal conseguia ouvir o que o médico dizia pela emoção de ter o meu filho no colo”, contou Silvia, em entrevista à Rádio Eldorado (SP).
A relação entre mãe e filho foi gradativamente se tornando mais forte. Aos cinco anos, o menino foi diagnosticado com um grau leve de autismo, mas o problema não o impediu de irem pela primeira vez em estádios em março de 2012, no Pacaembu. A palmeirense Silvia quis transmitir a Nickollas a paixão pelo clube e o levou para acompanhar o jogo contra o São Caetano.
“Eu coloquei um fone de ouvido para ele ouvir o jogo no rádio. Mas ele tirava o fone. Ele vibrava muito com a torcida, já pulava logo no primeiro jogo. Queria escutar a torcida. Por conta do autismo, ele ainda não se expressava muito bem e falava em terceira pessoa: ‘O Nickollas é porco’”, contou Silvia. Para fazer o filho entender o que se passava no jogo, ela procurou trocar os fones de ouvido e se tornar a narradora particular dele.
Para isso, Silvia decidiu observar o comportamento dos narradores e radialistas para adquirir as técnicas de locução e como poderia transmitir a emoção do jogo para o filho. “Quando estamos no estádio, os torcedores ao redor não gostam que se grite gol antes da hora. Mas eu tenho de me antecipar um pouco para contar para o Nickollas. Então, eu não ligo para isso”, desabafou.
Nos últimos anos, a dupla passou a frequentar sempre os jogos do time do coração, até que em setembro de 2018 a dupla foi descoberta por uma equipe de reportagem da TV Globo. A locução da mãe para o filho conquistou em primeiro lugar a torcida do clube alviverde e agora, com o prêmio da Fifa, ganhou repercussão mundial. No discurso após a conquista, Silvia destacou a importância da inclusão social do portador de deficiência.
“Esse amor entre a gente supera tudo. Eu mudei muitos valores em função do Nickollas em minha vida”, disse Silvia à Rádio Eldorado. “O Nickollas foi um grande presente que a nossa família ganhou. Ele ensina muito para todos nós”, completou.
*Com informações do Instagram da Turma da Mônica e Revista Pais & Filhos.