‘Mafuá’, quarto álbum do compositor, violonista e cantor Marcelo Menezes

Em seu quarto álbum autoral, Marcelo passeia entre os gêneros musicais brasileiros, explorando nossa diversidade entre samba, valsa, forró, baião, jongo, entre outros.  “Mafuá” álbum do cantor, violonista e compositor Marcelo Menezes, de suas parcerias com o compositor Roberto Didio.
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Mafuá, por Helton Altman
Marcelo Menezes lança seu 4° álbum autoral, bem que poderia ser a manchete dos antigos cadernos de cultura dos jornais e revistas. Uma grande notícia para quem conhece o trabalho de Marcelo e excelente oportunidade para quem ainda não o conhece. Falo com esse tom de alegria e fingindo surpresa, porque ele provocou esse sentimento na gente, nos deixou esperando por anos ouvindo seu adorável violão, pelas rodas de samba e choro do Rio de Janeiro, mas com pouquíssimo acesso às suas músicas. Aos poucos e no seu tempo, foi sentindo a necessidade de desaguar suas criações no rio que passou em sua vida e que agora já podemos nadar de braçada. Só com Paulo César Pinheiro já compôs mais de cem músicas!
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E a gente aqui apreciando sua militância musical e seu violão cheio de molho, harmonias e generosidade, emprestando seu som através de acompanhamentos memoráveis para diversos companheiros de música e artistas já consagrados como – Cristina Buarque, D. Ivone Lara, Elton Medeiros, Áurea Martins e Délcio Carvalho.

Marcelo começa a fixar sua obra a partir de 2017 com o álbum instrumental “Festejo” interpretado pelo indiscutível grupo “Água de Moringa”, com arranjos de Jaime Vignoli, músico, arranjador e cavaquinista do Água.
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Falo da sua militância, porque não podemos esquecer, que enquanto colecionava músicas, parceiros e amigos, com seu sorriso franco e sua fala mansa, lá estava ele, junto com o produtor e amigo Lefê, recuperando através das rodas de música, o bairro da Lapa, para que novamente voltasse a ser Lapa. Meninos eu vi, foi uma febre, jovens de todo lado, procurando as rodas e depois as casas de música, para ouvir e cantar músicas de primeiro nível, desde o repertório clássico do samba e principalmente trazendo um repertório que corria o risco do esquecimento, foi ele também junto com os amigos e companheiros do grupo Dobrando a Esquina, um dos fundadores da roda do famoso botequim cultural, como gostava de dizer seu proprietário, e uma das maiores figuras humanas que conheci, o lendário “Alfredinho”.

Voltando ao autor, ele não parou mais – em 2019 chega seu 2°álbum “Guardião”, só de sambas, onde se lança também como intérprete das suas próprias músicas, todas em parceria, com ninguém mais ninguém menos do que Paulo César Pinheiro. Em 2022 veio o 3° já apresentando uma parte dos parceiros que colecionou – Nei Lopes, Eduardo Gudin, Teresa Cristina, Roque Ferreira, Ana de Hollanda, Marceu Vieira, Ivor Lancellotti, Mário Lago Filho, Gisa Nogueira, Chico Alves, Jorge Simas e claro, seus parceiros mais constantes, Paulinho Pinheiro e Roberto Didio – além das participações especialíssimas de Zé Renato, Áurea Martins e Geraldo Azevedo.
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Como eu disse Marcelo tem seu próprio tempo, como se seguisse um dito atribuído ao fundamental Mestre Bimba – “Cada fruto na sua época”.
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Falando em cada fruto na sua época, chegou no dia 15 de setembro de 2023, nas principais plataformas de streamings e também no formato físico, ainda chamado CD, o delicioso “Mafuá”.
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Sinta-se num grande e imaginário mercado, onde você pudesse passar pelas barracas escolhendo saborosos e poderosos pedaços do Brasil, do Brasil que merecemos, com músicos, compositores e cantores oferecendo: Olha o Jongo, quem vai querer? Que tal um samba? Vai levar um baião?

E “Que tal o novo Álbum de Marcelo Menezes?” Ele vem todo costurado como se fosse pelas mãos das nossas mulheres rendeiras ou bordadeiras, mas o grande costureiro tem nome, é o talentosíssimo letrista e parceiro do Mafuá, Roberto Didio. Foi ele quem usou a caneta para que todas as músicas criassem dentro do álbum uma unidade, talvez a tal unidade federativa chamada Brasil. Não se repetiram, mas nos revelaram, como se estivessem retomando a tão discutida linha evolutiva da música brasileira e ao mesmo tempo, voltando a mostrar como os grandes divulgadores da nossa música aprenderam e ainda aprendem, em pedaços tão distantes de nossos centros, através da oralidade, de pai para filho, de geração para geração, aliás isso é cultura. Como já dizia o poeta e jornalista Garibaldi Otávio, “Cultura é tudo aquilo que você ouviu, leu e não esqueceu.
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Mafuá faz isso – experimente ouvir o forró “No vira e mexe” e não pensar em dançar, impossível, mas ao mesmo tempo não fica só por aí, não deixaram de citar Gonzagão, lembrar Sivuca e homenagear o fenomenal Zabumbeiro Durval, e ele, Durval é quem está na gravação te provocando, aliás como sempre faz quando se apresenta, toca e dança initerruptamente até acabar o show. Não é um álbum apenas para o entretenimento, há de se ouvir com atenção.
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Não nos pouparam por exemplo, numa valsa/acalanto, de encararmos a cruel realidade que se multiplicou nesses tempos sombrios que não cabe falar aqui. Estou falando da assustadora “Acalanto de Rua” e para não esquecer, os acalantos sempre nos assustaram com seus bois de caras pretas, Cucas que vão pegar… e o terrível bicho papão. Infelizmente o bicho pegou.

Divirta-se com o ótimo samba “Devagar rapaz” e aprenda que em briga de gente grande, como por exemplo Marcelo Menezes e Roberto Didio, você tem que chegar devagar, bem devagar, devagarinho.
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Sigam esse trabalho, que traz nesse mafuá a ancestralidade, brasilidade e diversidade que é esse Brasil que nos prometeram e que tem café no bule.
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Agora eu vou viajar com a sanfona nessa “Trilha Velha”, antes que amanheça, sem deixar de falar da elegância e competência dos arranjos, feitos por um dos maiores músicos brasileiros, Maurício Carrilho, que há quase dez anos não se dedicava a fazer arranjos, mas embarcou nesse trabalho, avalizando e assumindo todas as faixas – mais um carimbo que atesta a qualidade do álbum.
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Ah claro! Abaixo todos os músicos, participações especiais e ficha técnica desse grande Mafuá.
Helton Altman, setembro de 2023

Capa do álbum ‘Mafuá’ • Marcelo Menezes • Selo Independente / Distribuição Tratore • 2023

DISCO ‘MAFUÁ’ • Marcelo Menezes • Selo Independente / Distribuição Tratore • 2023
Canções / compositores
1. Acalanto de rua (Marcelo Menezes e Roberto Didio) | Participação especial Fabiana Cozza
2. Trilha velha (Marcelo Menezes e Roberto Didio) / Para José Domingos de Morais, o Mestre Dominguinhos
3. Vitória de oxum (Marcelo Menezes e Roberto Didio) | Participação especial Carmen Queiroz
4. Caboverdiana (Marcelo Menezes e Roberto Didio)
5. Devagar, rapaz (Marcelo Menezes e Roberto Didio)
6. Chef Carolina (Marcelo Menezes e Roberto Didio)
7. Destinadora (Marcelo Menezes e Roberto Didio)
8. É dia de Reis (Marcelo Menezes e Roberto Didio) | Participação especial Renato Braz
9. Vira e mexe (Marcelo Menezes e Roberto Didio)
10. Jongo pro Moreira (Marcelo Menezes e Roberto Didio) | Participação especial Deli Monteiro, Lazir Sinval – Salve a Serrinha!
– ficha técnica –
Marcelo Menezes (voz – fx. 1-10) | Fabiana Cozza (voz – fx. 1) | Carmen Queiroz (voz – fx. 3) | Renato Braz (voz – fx. 8) | Luciana Rabello (cavaquinho – fx. 5, 6, 7, 10) | Maurício Carrilho (violão 7 cordas – fx. 1-10) | Paulino Dias (coquinho – fx. 2; tambor – fx. 3, 4; agogô – fx. 3; surdo – fx. 5, 6, 7; caixa e caixa do divino – fx. 8; tambu – fx. 10) | Marcus Thadeu (pandeiro – fx. 2, 5, 6, 7; caxixi – fx. 2, 8; tambores – fx. 3; xequerê – fx. 3; efeitos – fx. 3; tambor – fx. 4; reco-reco – fx. 4, 6; xequerê – fx. 4; tamborins – fx. 5, 6; agogô – fx. 5; frigideira – fx. 6, caixa – fx. 7, 8; surdo – fx. 8; ganzá – fx. 8, 9; coquinho – fx. 9; caxambu e candongueiro – fx. 10) | Durval Pereira (pandeiro, reco-reco, zabumba e triângulo – fx. 9) | Kiko Horta (acordeon – fx. 3, 9) | João Lyra (viola – fx. 2, 8, 9) | Pedro Aune (contrabaixo – fx. 4) | Paulo Aragão (violão 8 cordas – fx. 1) | Cristovão Bastos (piano – fx. 4, 5) | Hugo Pilger (cello – fx. 2) | Rui Alvim (clarinete – fx. 5, 10; clarone – fx. 3, 10) | Aquiles Moraes (flugel – fx. 6; trompete – fx. 7) | Everson Moraes (trombone – fx. 6, 7) | Coro (fx. 7, 8): Anabela Leandro, Cris Pelarin, Helena Gouveia, Marcelo Menezes e Renato Braz | Coro (fx. 10): Marcelo Menezes, Paulino Dias, Deli Monteiro, Lazir Sinval, Cris Pelarin | Palmas (fx. 10): Marcelo Menezes, Paulino, Dias, Deli Monteiro, Lazir Sinval, Cris Pelarin, Marcus Thadeu || Direção musical e arranjos: Mauricio Carrilho | Produção musical: Marcelo Menezes e Roberto Didio | Coordenação de produção: Memeca Moschkovich | Gestão do projeto (ProAC), produção executiva e fotos no estúdio: Cris Pelarin | Projeto idealizado: Merity Produções | Ilustrações e projeto gráfico: Mário Alberto | Bases gravadas no Auditório Radamés Gnatalli – Casa do Choro | Gravação e mixagem: Alexandre Hang | Vozes gravadas no estúdio “Dançapé” em São Paulo | Gravação e masterização: Mário Gil | Voz de Fabiana Cozza gravada no estúdio “Arsis” em São Paulo, por Adonias Souza Júnior | Selo: Independente | Distribuição: Tratore | Formato: CD / Digital | Ano: 2023 | Lançamento: 15 de setembro | #* Ouça o álbum: clique aqui.

Contracapa do álbum ‘Mafuá’ • Marcelo Menezes • Selo Independente / Distribuição Tratore • 2023

LEIA TAMBÉM
:: ‘Guardião’, disco de Marcelo Menezes dedicado as suas composições em parceria com o poeta e compositor Paulo César Pinheiro
:: ‘Marcelo Menezes’, disco homônimo do compositor, violonista e cantor carioca
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>> Marcelo Menezes na rede:
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>> Imagem (capa da matéria): Marcelo Menezes – foto © Cris Pelarin

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Série: Discografia da Música Brasileira / MPB / Canção.
* Publicado por ©Elfi Kürten Fenske

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