Marcela Lucatelli - foto: Ana Alexandrino
Álbum ‘Coisa Má’ marca nova fase da artista Marcela Lucatelli, que assina a produção e estreia trilogia audiovisual com o clipe de “Janeiro Junto é Bom”
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Após duas décadas na cena da música contemporânea de vanguarda na Europa — com prêmios e passagens por festivais e instituições de prestígio — a compositora e performer Marcela Lucatelli apresenta Coisa Má, seu primeiro álbum inteiramente em português. A obra marca uma guinada estética: visceral, dançante e guiada pelo encontro entre o pop, o ritual e a experimentação. O álbum é construído a partir de batidas densas, texturas eletrônicas e vocais multifacetados, com colaborações de nomes centrais da música de invenção brasileira como Kiko Dinucci (samples e violão), Romulo Fróes (autor das melodias de três faixas e voz em uma delas), Cadu Tenório (arranjo) e Lello Bezerra (arranjo), além de músicos brasileiros e europeus que ajudam a expandir os limites entre corpo, linguagem e som.
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Produzido pela própria artista, o disco marca também uma afirmação de autonomia.
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“Assinar a produção foi uma decisão muito importante pra mim. Mesmo sabendo que existem várias mulheres incríveis produzindo, ainda é raro ver nossos nomes com destaque nesse papel — especialmente nos circuitos por onde transito. Eu mesma quase não conheço outras”, afirma Lucatelli.
O desejo de compor em português surgiu após anos elaborando vivências em outras línguas. A ideia tomou forma em um sonho — que levou Lucatelli a buscar Romulo Fróes, parceiro em três faixas do disco. Em “Chimpanzés”, os dois dividem os vocais numa crítica surreal e mordaz à alienação urbana. Já “À Brasileira” traz ironia afiada sobre identidade e poder, enquanto “Janeiro Junto é Bom” mergulha no universo do funk mandelão com sintetizadores e atmosfera bruxuleante.
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A faixa inaugura também uma trilogia audiovisual escrita e dirigida por Marcela, que continua com os clipes de “Anticivilizador” e “Coisa Má”. Gravado com fotografia de Mariana Maria, iluminação de Charly Ho e beleza de Alma Negrot, o vídeo traz a artista preparando uma poção que será ingerida nas sequências. O projeto visual acompanha os temas do álbum: ciclos afetivos, vertigem, transmutação e o desejo como motor poético e político.
Mais do que um disco, Coisa Má propõe outra forma de estar na música brasileira — uma que escapa da dicotomia entre mercado e vanguarda, entre alternativo e comercial, entre forma e instinto.
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O álbum foi mixado por Gustavo Lenza, masterizado por Felipe Tichauer e lançado de forma independente, com apoio simbólico do selo escandinavo Abstract Tits.
Disco ‘Coisa Má’ • Marcela Lucatelli • Selo Abstract Tits • 2025
Canções / compositores
1. Chimpanzés (Romulo Fróes e Marcela Lucatelli)
2. Anticivilizador (Marcela Lucatelli)
3. Coisa má (Marcela Lucatelli)
4. À brasileira (Romulo Fróes e Marcela Lucatelli)
5. Janeiro junto é bom (Marcela Lucatelli)
6. Tarde à toa (Marcela Lucatelli)
7. Enchente (Marcela Lucatelli)
8. Terra à vista (Romulo Fróes e Marcela Lucatelli)
9. Quebradeira (Marcela Lucatelli)
10. Convites espalhados (Marcela Lucatelli)
11. Nada nunca só nós (Marcela Lucatelli)
– ficha técnica
Marcela Lucatelli – voz, samples, synth, programação | Romulo Fróes – voz (fx. 1) | Kiko Dinucci – violão, samples (fx.3, 6) | Rodrigo Campos – violão, cavaquinho (fx. 1, 4, 6, 8) | Lello Bezerra – guitarra, samples, programação (fx. 1, 4, 6, 8, 9) | Marcelo Cabral – baixo elétrico (fx. 1, 4, 6, 8) | Alana Ananias – bateria (fx. 1, 4, 6, 8) | Anders Vestergaard – bateria (fx. 2, 3, 5, 9) | Ícaro Sá – percussão (fx. 3, 4, 6, 10) | Lorenzo Colombo – percussão (fx. 7) | Cadu Tenório – samples, synth, bateria eletrônica (fx. 7) | Victor Vieira-Branco – vibrafone (fx. 8) | Michael Hope – synth (fx. 8) | Jonas Engel – saxofone, eletrônicos (fx. 10) | Maria Jagd – violino, efeitos (fx. 11) | Ida Duelund – baixo acústico, efeitos (fx. 11) | Produção musical: Marcela Lucatelli | Consultoria composicional: Romulo Fróes | Engenheiros de gravação: Bruno Buarque, Frederico Pacheco, Peter Barnow, John Cleworth, Beau Gordon | Engenheiro de mixagem: Gustavo Lenza | Engenheiro de masterização: Felipe Tichauer | Masterizado no estúdio Red Traxx Mastering | Um lançamento da: Abstract Tits Records | Projeto gráfico: Luísa Guarnieri | Foto capa: Ana Alexandrino | Assessoria de mídias: Mariana Maria | Assessoria de imprensa: Yasmin Bianco e Junior Costa | Fotos divulgação: Ana Alexandrino | Produção geral: Marcela Lucatelli | Selo: Abstract Tits Records | Formato: CD digital | Ano: 2025 | Lançamento: 4 de abril | ♪Ouça o álbum: clique aqui | ♩Assista o clipe ‘Janeiro junto é bom’: clique aqui.
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>> Siga: @marcelalucatelli
FAIXA A FAIXA, por Marcela Lucatelli
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CHIMPANZÉS
“Chimpanzés” mergulha em um universo surreal, onde a vida cotidiana se mistura ao absurdo e à crítica social. A canção explora a alienação humana e a luta contra a conformidade, com metáforas intensas e imagens vívidas — como chimpanzés em situações urbanas e uma misteriosa senhora curandeira — evocando humor e inquietação.
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ANTICIVILIZADOR
Com tom provocativo e instigante, “Anticivilizador” questiona as normas sociais e o valor do amor e da civilização. A faixa brinca com a ideia de desobediência e desilusão, explorando o contraste entre o idealizado e o real. A música desafia o ouvinte a refletir sobre as ilusões de nossas estruturas sociais e a resistência a se submeter a um sistema que não oferece respostas claras.
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COISA MÁ
“Coisa Má” é uma provocação sobre os desejos e as contradições da vida moderna. A faixa expõe o vazio que muitas vezes se esconde por trás de nossas ações cotidianas, enquanto a voz da letra aponta para a superficialidade de uma busca insaciável por satisfação. A música é uma crítica ácida e, ao mesmo tempo, uma introspecção sobre as armadilhas emocionais que nos aprisionam.
À BRASILEIRA
“À Brasileira” é uma canção que mistura ironia, humor e uma crítica social disfarçada de leveza. Com uma sonoridade que remete à identidade brasileira, a música brinca com temas como o controle, a obsessão por poder e a busca pelo pertencimento. A letra é cheia de trocadilhos, contrastes e uma reflexão sobre as expectativas e ilusões que cercam a vida cotidiana.
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JANEIRO JUNTO É BOM
“Janeiro Junto é Bom” explora as diferentes fases do amor e do tempo. Com referências a estações e sentimentos, a faixa reflete sobre os altos e baixos emocionais que surgem ao longo do ano, utilizando a metáfora dos meses para descrever transições na vida e nos relacionamentos. A música captura a imprevisibilidade dos sentimentos humanos e brinca com o impacto do tempo nas relações pessoais.
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TARDE À TOA
“Tarde à Toa” apresenta uma visão poética e observadora da rotina, onde a calma da tarde e a imensidão do mar se entrelaçam. A letra sugere uma jornada de autoconhecimento e busca, movendo-se por um espaço entre a consciência e a abstração. A canção provoca uma sensação de tranquilidade misturada com potência de vida, convidando o ouvinte a se perder em suas próprias percepções.
ENCHENTE
“Enchente” fala sobre a fragilidade da linguagem e da comunicação, ao mesmo tempo em que invoca a água como elemento purificador e transformador. A música também é uma reflexão sobre a perda de identidade e a incapacidade de se conectar de forma genuína em um mundo cada vez mais dilacerado pela falta de sentido. O tema da enchente, com sua força destrutiva e renovadora, simboliza tanto a resignação quanto a esperança de renascimento.
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TERRA À VISTA
“Terra à Vista” trata da busca incessante por um propósito e da reflexão sobre o destino e a existência. Com uma forte sensação de transição e separação, a canção explora o conflito entre a busca por significado e a inevitabilidade da perda e do distanciamento. A música transmite uma sensação de movimento e transformação, representando a luta interna entre a necessidade de sentido e o reconhecimento da impermanência.
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QUEBRADEIRA
“Quebradeira” é uma música que celebra a irreverência e a energia da dança e da festa, com um toque de magia e mistério. A canção brinca com imagens de rituais e personagens místicos, como a cobra feiticeira e Exu-Caveira, enquanto convoca a ideia de quebrar barreiras e se entregar à experiência sensorial. É uma explosão de ritmo e cultura popular, com forte mensagem de resistência e celebração da liberdade — uma experiência transformadora através da quebradeira, da diversão e do sincretismo.
CONVITES ESPALHADOS
“Convites Espalhados” explora o conceito de transformação e espiritualidade, com uma linguagem ritualística e profunda. A música fala sobre a relação entre o humano e o sobrenatural, onde elementos do cotidiano e da natureza se misturam para criar um espaço de reverência e transcendência. A canção cria uma atmosfera de misticismo, convidando o ouvinte a repensar a conexão entre o físico e o espiritual, a busca por algo sagrado e o desmoronamento das construções internas e externas.
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NADA NUNCA SÓ NÓS
“Nada Nunca Só Nós” é uma faixa que joga com a dúvida e a incerteza dos relacionamentos e da existência. A música fala sobre o desejo de explorar, perguntar e questionar a vida, o amor e o tempo, destacando a dualidade entre o instinto e a razão. Com melancolia introspectiva e uma melodia envolvente, reflete sobre a complexidade das relações humanas e a busca por respostas em um mundo cheio de contradições — enquanto afirma que, no fim, nada é verdadeiramente só nosso.
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Série: Discografia da Música Brasileira / Canção / Álbum.
Publicado por ©Elfi Kürten Fenske
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