Canção

Marcela Lucatelli lança ‘Coisa Má’: disco pop ritualístico, com colaborações de Kiko Dinucci e Romulo Fróes

Álbum ‘Coisa Má’ marca nova fase da artista Marcela Lucatelli, que assina a produção e estreia trilogia audiovisual com o clipe de “Janeiro Junto é Bom”
.
Após duas décadas na cena da música contemporânea de vanguarda na Europa — com prêmios e passagens por festivais e instituições de prestígio — a compositora e performer Marcela Lucatelli apresenta Coisa Má, seu primeiro álbum inteiramente em português. A obra marca uma guinada estética: visceral, dançante e guiada pelo encontro entre o pop, o ritual e a experimentação. O álbum é construído a partir de batidas densas, texturas eletrônicas e vocais multifacetados, com colaborações de nomes centrais da música de invenção brasileira como Kiko Dinucci (samples e violão), Romulo Fróes (autor das melodias de três faixas e voz em uma delas), Cadu Tenório (arranjo) e Lello Bezerra (arranjo), além de músicos brasileiros e europeus que ajudam a expandir os limites entre corpo, linguagem e som.
.
Produzido pela própria artista, o disco marca também uma afirmação de autonomia.
.
“Assinar a produção foi uma decisão muito importante pra mim. Mesmo sabendo que existem várias mulheres incríveis produzindo, ainda é raro ver nossos nomes com destaque nesse papel — especialmente nos circuitos por onde transito. Eu mesma quase não conheço outras”, afirma Lucatelli.

O desejo de compor em português surgiu após anos elaborando vivências em outras línguas. A ideia tomou forma em um sonho — que levou Lucatelli a buscar Romulo Fróes, parceiro em três faixas do disco. Em “Chimpanzés”, os dois dividem os vocais numa crítica surreal e mordaz à alienação urbana. Já “À Brasileira” traz ironia afiada sobre identidade e poder, enquanto “Janeiro Junto é Bom” mergulha no universo do funk mandelão com sintetizadores e atmosfera bruxuleante.
.
A faixa inaugura também uma trilogia audiovisual escrita e dirigida por Marcela, que continua com os clipes de “Anticivilizador” e “Coisa Má”. Gravado com fotografia de Mariana Maria, iluminação de Charly Ho e beleza de Alma Negrot, o vídeo traz a artista preparando uma poção que será ingerida nas sequências. O projeto visual acompanha os temas do álbum: ciclos afetivos, vertigem, transmutação e o desejo como motor poético e político.

Mais do que um disco, Coisa Má propõe outra forma de estar na música brasileira — uma que escapa da dicotomia entre mercado e vanguarda, entre alternativo e comercial, entre forma e instinto.
.
O álbum foi mixado por Gustavo Lenza, masterizado por Felipe Tichauer e lançado de forma independente, com apoio simbólico do selo escandinavo Abstract Tits.

Capa do disco ‘Coisa Má’ • Marcela Lucatelli • Selo Abstract Tits • 2025

DiscoCoisa Má’ • Marcela Lucatelli • Selo Abstract Tits • 2025
Canções / compositores
1. Chimpanzés (Romulo Fróes e Marcela Lucatelli)
2. Anticivilizador (Marcela Lucatelli)
3. Coisa má (Marcela Lucatelli)
4. À brasileira (Romulo Fróes e Marcela Lucatelli)
5. Janeiro junto é bom (Marcela Lucatelli)
6. Tarde à toa (Marcela Lucatelli)
7. Enchente (Marcela Lucatelli)
8. Terra à vista (Romulo Fróes e Marcela Lucatelli)
9. Quebradeira (Marcela Lucatelli)
10. Convites espalhados (Marcela Lucatelli)
11. Nada nunca só nós (Marcela Lucatelli)
– ficha técnica
Marcela Lucatelli – voz, samples, synth, programação | Romulo Fróes – voz (fx. 1) | Kiko Dinucci – violão, samples (fx.3, 6) | Rodrigo Campos – violão, cavaquinho (fx. 1, 4, 6, 8) | Lello Bezerra – guitarra, samples, programação (fx. 1, 4, 6, 8, 9) | Marcelo Cabral – baixo elétrico (fx. 1, 4, 6, 8) | Alana Ananias – bateria (fx. 1, 4, 6, 8) | Anders Vestergaard – bateria (fx. 2, 3, 5, 9) | Ícaro Sá – percussão (fx. 3, 4, 6, 10) | Lorenzo Colombo – percussão (fx. 7) | Cadu Tenório – samples, synth, bateria eletrônica (fx. 7) | Victor Vieira-Branco – vibrafone (fx. 8) | Michael Hope – synth (fx. 8) | Jonas Engel – saxofone, eletrônicos (fx. 10) | Maria Jagd – violino, efeitos (fx. 11) | Ida Duelund – baixo acústico, efeitos (fx. 11) | Produção musical: Marcela Lucatelli | Consultoria composicional: Romulo Fróes | Engenheiros de gravação: Bruno Buarque, Frederico Pacheco, Peter Barnow, John Cleworth, Beau Gordon | Engenheiro de mixagem: Gustavo Lenza | Engenheiro de masterização: Felipe Tichauer | Masterizado no estúdio Red Traxx Mastering | Um lançamento da: Abstract Tits Records | Projeto gráfico: Luísa Guarnieri | Foto capa: Ana Alexandrino | Assessoria de mídias: Mariana Maria | Assessoria de imprensa: Yasmin Bianco  e Junior Costa | Fotos divulgação: Ana Alexandrino | Produção geral: Marcela Lucatelli | Selo: Abstract Tits Records | Formato: CD digital | Ano: 2025 | Lançamento: 4 de abril | ♪Ouça o álbum: clique aqui | ♩Assista o clipe ‘Janeiro junto é bom’: clique aqui.
.
>> Siga: @marcelalucatelli

Marcela Lucatelli – foto: Ana Alexandrino

FAIXA A FAIXA, por Marcela Lucatelli
.
CHIMPANZÉS
“Chimpanzés” mergulha em um universo surreal, onde a vida cotidiana se mistura ao absurdo e à crítica social. A canção explora a alienação humana e a luta contra a conformidade, com metáforas intensas e imagens vívidas — como chimpanzés em situações urbanas e uma misteriosa senhora curandeira — evocando humor e inquietação.
.
ANTICIVILIZADOR
Com tom provocativo e instigante, “Anticivilizador” questiona as normas sociais e o valor do amor e da civilização. A faixa brinca com a ideia de desobediência e desilusão, explorando o contraste entre o idealizado e o real. A música desafia o ouvinte a refletir sobre as ilusões de nossas estruturas sociais e a resistência a se submeter a um sistema que não oferece respostas claras.
.
COISA MÁ
“Coisa Má” é uma provocação sobre os desejos e as contradições da vida moderna. A faixa expõe o vazio que muitas vezes se esconde por trás de nossas ações cotidianas, enquanto a voz da letra aponta para a superficialidade de uma busca insaciável por satisfação. A música é uma crítica ácida e, ao mesmo tempo, uma introspecção sobre as armadilhas emocionais que nos aprisionam.

À BRASILEIRA
“À Brasileira” é uma canção que mistura ironia, humor e uma crítica social disfarçada de leveza. Com uma sonoridade que remete à identidade brasileira, a música brinca com temas como o controle, a obsessão por poder e a busca pelo pertencimento. A letra é cheia de trocadilhos, contrastes e uma reflexão sobre as expectativas e ilusões que cercam a vida cotidiana.
.
JANEIRO JUNTO É BOM
“Janeiro Junto é Bom” explora as diferentes fases do amor e do tempo. Com referências a estações e sentimentos, a faixa reflete sobre os altos e baixos emocionais que surgem ao longo do ano, utilizando a metáfora dos meses para descrever transições na vida e nos relacionamentos. A música captura a imprevisibilidade dos sentimentos humanos e brinca com o impacto do tempo nas relações pessoais.
.
TARDE À TOA

“Tarde à Toa” apresenta uma visão poética e observadora da rotina, onde a calma da tarde e a imensidão do mar se entrelaçam. A letra sugere uma jornada de autoconhecimento e busca, movendo-se por um espaço entre a consciência e a abstração. A canção provoca uma sensação de tranquilidade misturada com potência de vida, convidando o ouvinte a se perder em suas próprias percepções.

Marcela Lucatelli – foto: Ana Alexandrino

ENCHENTE
“Enchente” fala sobre a fragilidade da linguagem e da comunicação, ao mesmo tempo em que invoca a água como elemento purificador e transformador. A música também é uma reflexão sobre a perda de identidade e a incapacidade de se conectar de forma genuína em um mundo cada vez mais dilacerado pela falta de sentido. O tema da enchente, com sua força destrutiva e renovadora, simboliza tanto a resignação quanto a esperança de renascimento.
.
TERRA À VISTA
“Terra à Vista” trata da busca incessante por um propósito e da reflexão sobre o destino e a existência. Com uma forte sensação de transição e separação, a canção explora o conflito entre a busca por significado e a inevitabilidade da perda e do distanciamento. A música transmite uma sensação de movimento e transformação, representando a luta interna entre a necessidade de sentido e o reconhecimento da impermanência.
.
QUEBRADEIRA
“Quebradeira” é uma música que celebra a irreverência e a energia da dança e da festa, com um toque de magia e mistério. A canção brinca com imagens de rituais e personagens místicos, como a cobra feiticeira e Exu-Caveira, enquanto convoca a ideia de quebrar barreiras e se entregar à experiência sensorial. É uma explosão de ritmo e cultura popular, com forte mensagem de resistência e celebração da liberdade — uma experiência transformadora através da quebradeira, da diversão e do sincretismo.

CONVITES ESPALHADOS
“Convites Espalhados” explora o conceito de transformação e espiritualidade, com uma linguagem ritualística e profunda. A música fala sobre a relação entre o humano e o sobrenatural, onde elementos do cotidiano e da natureza se misturam para criar um espaço de reverência e transcendência. A canção cria uma atmosfera de misticismo, convidando o ouvinte a repensar a conexão entre o físico e o espiritual, a busca por algo sagrado e o desmoronamento das construções internas e externas.
.
NADA NUNCA SÓ NÓS
“Nada Nunca Só Nós” é uma faixa que joga com a dúvida e a incerteza dos relacionamentos e da existência. A música fala sobre o desejo de explorar, perguntar e questionar a vida, o amor e o tempo, destacando a dualidade entre o instinto e a razão. Com melancolia introspectiva e uma melodia envolvente, reflete sobre a complexidade das relações humanas e a busca por respostas em um mundo cheio de contradições — enquanto afirma que, no fim, nada é verdadeiramente só nosso.

.
.
Série: Discografia da Música Brasileira / Canção / Álbum.
Publicado por ©Elfi Kürten Fenske

Revista Prosa Verso e Arte

Música - Literatura - Artes - Agenda cultural - Livros - Colunistas - Sociedade - Educação - Entrevistas

Recent Posts

Casa do Choro | Carol Panesi Trio

Carol Panesi, compositora, arranjadora, multi-instrumentista, há anos se aprofunda na pesquisa e na difusão do…

25 minutos ago

Eugenia Cecchini lança single ‘Relampeia’

Xote de Sampa “Relampeia” de Eugenia Cecchini, anuncia o EP “ay, amor!”, que a cantora…

1 hora ago

Em cartaz | Espetáculo ‘A Última Sessão de Freud’ no Teatro Sabesp Frei Caneca

Vista por mais de 130 mil pessoas, em 300 apresentações, o maior sucesso do teatro…

15 horas ago

Premiada peça ‘Em Nome da Mãe’ volta ao Teatro Adolpho Bloch

Depois do sucesso em 2024, espetáculo retorna ao Rio para uma curta temporada. A peça…

16 horas ago

Casa do Choro | Augusto Martins e Cláudio Jorge celebram Luiz Carlos da Vila no palco

Luiz Carlos da Vila é celebrado no palco com voz, violão e percussões por Augusto…

17 horas ago

Mostra Segundas de Solo | ºAndar recebe em abril a peça 21 Passos para MdEa, de Marcelo Lazzaratto

ºAndar recebe em abril a peça 21 Passos para MdEa, de Marcelo Lazzaratto, na Mostra…

17 horas ago