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Mário de Andrade – o turista aprendiz, direção de Murilo Salles anuncia data de lançamento e trailer

Filme resgata identidade de Mário de Andrade ao recriar expedição pela Amazônia. Dirigido por Murilo Salles, “Mário de Andrade – o turista aprendiz”, ganha data de estreia e trailer
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Mário de Andrade – o turista aprendiz, é a livre adaptação das anotações feitas pelo escritor durante sua viagem pelo rio Amazonas em 1927, anteriores à publicação de sua obra mais consagrada, “Macunaíma”, de 1928.

Mário só “passa a limpo” essas anotações em 1943, 16 anos depois da sua aventura amazonense. A partir daí, Murilo Salles toma a liberdade de propor um filme que se passa na cabeça do escritor, já que tudo o que está sendo relatado são memórias e ficção. O filme é uma homenagem a um autor que passou a vida a pensar o seu país.
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“Mário de Andrade: O Turista Aprendiz“, dirigido por Murilo Salles, mistura a ficção relatada no Livro “O Turista Aprendiz” com fatos documentais sobre a vida do escritor, trazendo à tona um olhar novo e fascinante, em sua proposta narrativa, sobre a vida e obra de um dos maiores nomes da literatura e da cultura brasileira: Mário de Andrade.

Cena Mário de Andrade: e Iaras | Documentário “Mário de Andrade: O Turista Aprendiz”, dirigido por Murilo Salles (2024)

Acompanhamos Mário de Andrade (interpretado por Rodrigo Mercadante) durante sua viagem amazônica, quando já tinha escrito Macunaíma, mas ainda não publicado. Portanto podemos concluir que Mário viajou com ‘Macunaíma na cabeça’, em plena efervescência de suas investigações de quem seria o nosso herói sem caráter. A tensão entre suas inquietações e sua vivência aristocrática nos salões em São Paulo, regados à cultura francesa, ganham no filme complexidade e ousadia, propondo camadas narrativas que trazem à tela essas contradições, as do intelectual erudito, e as de mundaniedades existenciais do escritor. Tudo isso revelado numa proposta esteticamente inventiva, mas absolutamente pertinente à formação modernista de Mário de Andrade.
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Com sua corajosa proposta narrativa, o filme traz reflexões sobre a questão da identidade cultural brasileira e, ao mesmo tempo, resgata um certo tom chanchadeiro que Mário deixa escapar em alguns relatos do Turista, fruto do tempo e do avanço de suas reflexões sobre a brasilidade, já na década de 40, quando enfim, transformou suas notas em livro.

A direção de Murilo Salles destaca-se pela maneira como que mistura todas essas ‘influências’ para criar uma obra que transcende o biográfico e se torna, igualmente a Mário, numa inquietação sobre a criação artística.
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“Mário de Andrade: O Turista Aprendiz” é uma obra para além da adaptação cinematográfica de Turissta Aprendiz, que se propõe a reviver as complexidades e angústias de um escritor em seu papel fundamental na construção da identidade cultural brasileira.

Cena do documentário “Mário de Andrade: O Turista Aprendiz”, dirigido por Murilo Salles (2024)

A atuação de Rodrigo Mercadante como Mário de Andrade, nos oferece uma interpretação rica e multifacetada do escritor. Mário de Andrade é performado por um ator que vive intensamente esse personagem, interpretando-o durante anos, em espetáculos diversos. E agora trás à tela, com intensidade e sutileza, um Mário de Andrade com uma complexidade jamais exposta.
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Rodrigo Mercadante, é ator, diretor de teatro e músico. Formado pela Escola de Arte Dramática (EAD-ECA-USP) e pela Universidade Livre de Música (ULM). Trabalha há 30 anos com o movimento de teatro de grupo em SP. Trabalhou com Antunes Filho e Ilo Krugli. É um dos fundadores da Cia. Do Tijolo, coletivo de artistas, que há 18 anos, possuem um trabalho de criação em espetáculos musicais.

Em 2011 recebeu o prêmio FEMSA de melhor ator, por O Mistério do Fundo do Pote ou como Nasceu a Fome. Concorreu ao prêmio Shell de melhor direção (2014) com Cantata para um Bastidor de Utopias e ao prêmio Governador do Estado (2017) pelo espetáculo O Avesso do Claustro.
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Nos últimos 26 anos, Rodrigo vem dando corpo à figura de Mário de Andrade, desde “A Farsa da Amante Mal Amada” (1998). Foram ainda 8 trabalhos no teatro, na música, na performance, e no áudio visual com: “Mario 110/SP450” (2003); “Barafonda” (2011); e no show musical no aniversário de São Paulo em 2018.

Cena Mário de Andrade discursa em tupi no Palácio Rio Negro | Documentário “Mário de Andrade: O Turista Aprendiz”, dirigido por Murilo Salles (2024)

ELENCO PRINCIPAL
Dora Freind, 25 anos, é atriz, performer e dramaturga do Rio de Janeiro. Formada em artes cênicas pela UNIRIO, Dora trabalha desde os 15 anos. Iniciou sua carreira no filme “Mate-me por favor” (2015) de Anita Rocha da Silveira que estreou no festival de Veneza. No festival, Dora foi premiada como atriz. Repetiu a parceria com Anita no filme “Medusa” (2021). No filme “As Polacas” de João Jardim, teve sua estreia no Festival do Rio de 2023. Dora foi premiada como atriz coadjuvante no festival de Punta Del Este. Na televisão, trabalhou como atriz em novelas como Amor de Mãe (2020) de Zé Villamarim e no streaming fez sua estreia na Netflix com a série “De volta aos 15” (2023).
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No filme “Mário de Andrade, o turista aprendiz” (2024) de Murilo Salles, Dora encarou o desafio de viver Dolur/Dulce, a filha de Tarsila do Amaral. “Estudar cada gesto dela e descobrir a personagem não só pelo corpo, mas também pela arte, pela tinta, pelas texturas, pela cor, foi uma experiência intraduzível. O Turista Aprendiz é um filme que permitiu que cada ator fosse também artista criador. Num processo singular em que o roteiro apontava caminhos, mas não dava respostas, havia espaço para a atriz exercitar ideias, instintos e sua criatividade.

Murilo Salles não parecia se preocupar em tirar de nós acertos, de trilhar um caminho em linha reta. Ele nos provocava com pistas e imagens, incentivando sempre o risco cênico. Para mim, diz Dora, “Mário de Andrade, o turista aprendiz” é um filme sensorial, tanto em processo quanto em resultado. É um mergulho num rio escuro sem bússola nem direção. O que fica é uma sensação selvagem e muito sabor.”
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Dora de Assis é atriz, dramaturga, autora e artista visual. Seus dois livros, “Poesia Rouca” (2020) e “Lagartixa Sem Rabo” (2024) foram publicados pela Editora Philos. Trabalha como atriz há onze anos, com sua estreia no cinema também no filme “Mate-me Por Favor” (2015) de Anitta Rocha da Silveira. Seus últimos trabalhos no cinema foram como Sandra Pêra em “Homem com H” de Esmir Filho e como Daniela em “Adeus, Verão!” de Diego de Jesus. Na televisão, foi uma das protagonistas de “Malhação: Toda Forma de amar” (2019-2020). É formada em Artes Visuais pela UERJ (2021) e estudante de Licenciatura em Artes Cênicas pelo Célia Helena. Nos palcos, assina a coautoria do espetáculo “FELICIDADE À VENDA” (2024) dirigido por Natasha Corbelino, no qual está em cena como atriz, junto de seus pais, Lucília de Assis e Alexandre Dacosta. Autora e atriz da peça “ponto ZER0” (2023-2024) dirigida por Débora Lamm. Esse ano estreia como Margarida Guedes Penteado, a Mag, uma das protagonistas no longa “Mário de Andrade, O Turista Aprendiz” de Murilo Salles.

Lorena da Silva – Lorena é atriz, diretora, professora e autora. Mestra em Artes Visuais pela PPGAV/UFRJ e Paris VIII. Tem uma carreira entre o Brasil e a França. Atuou em mais de 50 peças de teatro entre autores clássicos e contemporâneos. Na França, por seus trabalhos como protagonista das peças de Nelson Rodrigues com direção de Alain Olivier recebeu indicações de prêmios pela sua atuação em “Anjo Negro” e “Toda nudez será castigada ” No cinema atuou em curtas e longas como Sonhos Roubados de Sandra Werneck, Romance de Geração de David França Mendes, Baixo Gávea de Haroldo Marinho Barbosa entre outros.
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É Co-fundadora da L’acte, produziu alguns de seus espetáculos e eventos entre europeus e brasileiros. No filme Lorena é Dona Olivia Guedes Penteado.

Cena A Revolta de Zahy Guajajara | Documentário “Mário de Andrade: O Turista Aprendiz”, dirigido por Murilo Salles (2024)

Zahy Guajajara – performance – Zahy Guajajara é uma mulher indígena, multiartista, nascida na aldeia Colônia, na reserva indígena Cana Brava, no Maranhão. Filha da pajé Elzira, e de Seu Quinca, mestiço. Do povo Tenetehara-Guajajara, tem o Ze’eng eté, dialeto do tronco tupi-guarani, como sua primeira língua. Em 2010, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde tornou-se atriz e ativista. Na cidade, ela foi uma das líderes da aldeia Maracanã, ocupada de 2006 a 2013 por indígenas que reivindicavam a revitalização e o reconhecimento histórico do prédio onde havia sido o Museu do Índio.
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Na televisão, trabalhou na minissérie “Dois Irmãos”, da TV Globo; no cinema, participou do filme “Não devore meu coração” e, no teatro, atuou em “Macunaíma – Uma rapsódia musical”. Seu trabalho mais recente como atriz foi em “Guerra em Iperoig” (2020), da Companhia de Teatro Mundana. Hoje, está em processo como co-diretora em uma adaptação de “Macunaíma” para o cinema.
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– Texto de Camila Macedo, curadora do Festival Olhar de Cinema –

Título: Mário de Andrade, o turista aprendiz
Documentário | Longa-metragem | 92 min. | Brasil | 2024
Sinopse: Em 1976, são lançadas, postumamente sob o título de “O Turista Aprendiz”, as anotações feitas por Mário de Andrade durante viagem realizada pelo Rio Amazonas, numa travessia que antecedeu a publicação de sua obra mais consagrada, o livro “Macunaíma”, de 1928. Com uma experimentação visual arrojada e em constante reinvenção, Murilo Salles recompõe essa jornada, navegando pelas memórias, particularidades, originalidades e contradições de um dos mais influentes escritores brasileiros do século XX, com um olhar que se propõe a encarar as complexidades do personagem e de seu tempo.
– ficha técnica –
Direção, roteiro, fotografia: Murilo Salles | Produção executiva: Mitzzi Carvalho | Elenco: Luiz Antonio Rocha, Rodrigo Mercadante, Dora Friend, Dora de Assis, Lorena da Silva | Contagem: Pedro Rossi | Cenografia: Mina Quental | Figurinos: Bia Salgado | Direção de arte: Jair de Souza | Direção musical: Ricardo Góes | Vídeo cenário: Júlio Parente | Caracterização: Pamella Franco | Som: João Paulo Lacerda | Assessoria de imprensa: ProCultura / Flavia Miranda e Maria Clara Moura | Distribuição: Cinema Brasil Digital | Classificação indicativa: 16 anos | @murilo_salles_cinema | Assista o trailer.

Murilo Salles – foto: Fernanda Calabria

Sobre o diretor
Murilo Salles é cineasta. Carioca desde 1950. Graduado em Teoria da Informação pela Escola de Comunicação da UFRJ – ECO. Estreou na direção com o documentário Essas são as Armas, em 1978, Pomba de Prata do Festival de Leipzig na Alemanha. Com Nunca Fomos Tão Felizes, a primeira ficção, ganhou o Leopardo de Bronze no Festival de Locarno na Suíça, foi selecionado para a Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes, e venceu como Melhor Filme o Festival de Brasília em 1984. Em 1989, dirigiu Faca de Dois Gumes, prêmio de Melhor Diretor do Festival de Gramado. Em 1994, dirigiu Todos os Corações do Mundo, documentário Oficial da FIFA sobre a copa de Mundo. Em 1996, Como Nascem os Anjos, Melhor Direção do Festival de Gramado e Prêmio Colón do Oro de Melhor Filme do Festival de Huelva, na Espanha, e exibido no Fórum Berlinale, em 97. Seja o que Deus Quiser! foi vencedor do Festival do Rio de 2002. Em 2003, realizou o documentário ensaístico És Tu, Brasil. O seu quinto longa de ficção, Nome Próprio, de 2008, ganhou o prêmio de Melhor Filme do Festival de Gramado.
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Em 2015 lançou 3 longas-metragens, o documentário Aprendi a jogar com você , prêmio de Melhor Montagem do Festival de Paulínia de 2014, a ficção O Fim e os Meios, vencedor do Prêmio de Melhor Roteiro no Festival do Rio 2015 e o documentário Passarinho Lá de Nova Iorque, que estreou na Mostra Autores do Festival de Tiradentes de 2014.
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Em 2018 lançou Alegorias do Brasil, uma série ensaística, em 13 capítulos, exibida no Canal Curta! Em 2021, seu DOC ensaístico Uma Baía, estreou no DOC Leipzig na Alemanha, foi premiado com a Melhor Direção e Montagem no Festival do Rio, e Seleção Oficial do Festival de Cartagena.
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Em 2025 está lançando sua nova ficção ensaística, Mário de Andrade, o turista aprendiz, sobre o escritor modernista brasileiro. A primeira exibição da obra foi no Festival Olha de Cinema de Curitiba, e teve outras duas na Mostra de Cinema de SP.

Mário de Andrade
Revista Prosa Verso e Arte

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