“A cultura, no sentido tradicionalmente dado a esse vocábulo, está prestes a desaparecer em nossos dias. E talvez já tenha desaparecido, discretamente esvaziada de conteúdo.”
– Mario Vargas Llosa, “A civilização do espetáculo – Uma radiografia do nosso tempo e da nossa cultura”. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
Mario Vargas Llosa, escritor peruano, aborda o conceito de “cultura” nesta conferência homônima à sua mais recente obra, “A civilização do espetáculo”. Para o Nobel de Literatura, o conceito de cultura se estendeu tanto, que passou a abranger tudo. E, se a cultura é tudo, também já não é mais nada. Llosa aponta uma grande inversão: a cultura deveria ensinar o homem a se posicionar contra a conversão dos seres humanos em objetos. Deveria enriquecer nosso espírito crítico e sensibilidade, atribuindo profundidade às manifestações da vida, sejam elas políticas ou íntimas. Porém, argumenta, a cultura atual é uma grande diversão e isso tem um alto preço: um distanciamento que enxerga a cultura não enquanto aquilo que integra homem e vida, mas, pelo contrário, um local separado para escapar das servidões da vida.
Conferencista do Fronteiras do Pensamento 2010 e 2013. Fronteiras do Pensamento | Produção Telos Cultural | Conferência Mario Vargas Llosa | Edição Sonia Montaño | Finalização Marcelo Allgayer | Tradução Marina Waquil
Fonte: Fronteiras do Pensamento
Livro
:: A civilização do espetáculo – Uma radiografia do nosso tempo e da nossa cultura. de Mario Vargas Llosa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
Sinopse
“A banalização das artes e da literatura, o triunfo do jornalismo sensacionalista e a frivolidade da política são sintomas de um mal maior que afeta a sociedade contemporânea: a ideia temerária de converter em bem supremo a nossa natural propensão para nos divertirmos. No passado, a cultura foi uma espécie de consciência que impedia o virar as costas à realidade. Agora, atua como mecanismo de distração e entretenimento. A figura do intelectual, que estruturou todo o século XX, desapareceu do debate público. Ainda que alguns assinem manifestos e participem em polémicas, o certo é que a sua repercussão na sociedade é mínima. Conscientes desta situação, muitos optaram pelo silêncio. Uma duríssima radiografia do nosso tempo e da nossa cultura, pelo olhar inconformista de Mario Vargas Llosa.”
– Quetzal, 2012.
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