sexta-feira, dezembro 20, 2024

Meus secretos amigos

NotaO texto/’poema’ é erroneamente atribuído nas redes sociais e sites ao poeta Vinicius de Moraes, com o título “Amigos”. Não é de Vinicius. O autor é Paulo Sant’Ana e é uma crônica publicada originalmente no ZH, ela foi republicada no mesmo Jornal Zero Hora, em 24 de setembro de 2012, sob o título Meus secretos amigos’. Consta também no livro do autor “O Gênio Idiota, o melhor de Paulo Sant’ana”. {Coletânea de crônicas publicadas no jornal Zero Hora, POA/RS}. Porto Alegre: Mercado Aberto,1992. 

Ajude a combater falsas autorias na rede, respeite o autor. Boa Leitura!

Meus secretos amigos

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos! Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles… Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências…

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.

Essa mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles!

Eles não iriam acreditar! Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação dos meus amigos, mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não o declare e não os procure.

Às vezes, quando os procuro, noto que eles não têm noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles e me envergonho porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem-estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamento sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer… Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos e, principalmente, os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus verdadeiros amigos!!!

A gente não faz amigos, reconhece-os!

– Paulo Sant’Ana, no livro “O Gênio Idiota, o melhor de Paulo Sant’ana”. {Coletânea de crônicas publicadas no jornal Zero Hora, POA/RS}. Porto Alegre: Mercado Aberto,1992. 

* Cuidado com os textos Apócrifos na Internet


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