quinta-feira, março 13, 2025

Monólogo ‘O Céu da Língua’, com Gregorio Duvivier chega ao Teatro Riachuelo Rio

Quem tem medo de poesia? Gregorio Duvivier não faz parte deste grupo e, como um apaixonado, faz de tudo para persuadir os outros das qualidades do seu objeto de encanto – até mesmo criar um espetáculo sobre o assunto. No monólogo “O Céu da Língua”, uma comédia poética, o artista usa o seu discurso sedutor para convencer o público de que tropeçamos diariamente na poesia e o assunto é prazeroso e divertido. O Teatro Riachuelo Rio recebe o espetáculo, em uma curta temporada .
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“Uma ode à língua portuguesa e ao poder da palavra”, disse a crítica Suzana Verde, no jornal O Observador. “É comédia da boa, apesar de por vezes ser difícil rir, estando tão assoberbados com tudo o que acontece em palco“.

No aniversário de 500 anos de Luis de Camões, foi a peça de um brasileiro que roubou a cena em Portugal. Gregorio Duvivier, que não estreava uma peça nova há cinco anos, fez essa peça para homenagear sua língua-mãe. Encontrou, ao fazer a peça, uma legião de pessoas que compartilham dessa paixão. “Gregorio Duvivier é um artista completo, no sentido mais renascentista do termo”, disse Miguel Esteves Cardoso, o maior cronista de Portugal, no jornal O Público.
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“A poesia é uma fonte de humor involuntário, motivo de chacota”, reconhece o ator, que cursou a faculdade de Letras na PUC do Rio de Janeiro e publicou três livros sobre o gênero literário. “Escrevi uma peça que pode ajudar alguém a enxergar melhor o que os poetas querem dizer e, para isso, a gente precisa trocar os óculos de leitura”.

A direção é da atriz Luciana Paes, parceira de Gregorio no espetáculo de improvisação Portátil – e nos vídeos do canal Porta dos Fundos. Se no seu solo anterior, Sísifo (2019), escrito junto com Vinicius Calderoni, Gregorio subia uma grande rampa dezenas de vezes, agora, o que se tem é uma encenação desprovida de qualquer cenário.

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Pedro Aune | Monólogo “O Céu da Língua”, com Gregorio Duvivier – foto: Joana Calejo Pires

No palco, totalmente limpo, o instrumentista Pedro Aune cria ambientação musical com o seu contrabaixo, e a designer Theodora Duvivier, irmã do comediante, manipula as projeções exibidas ao fundo da cena. O resto é só o comediante e sua devoção pelas palavras. “Acredito que o Gregorio tem ideias para jogar no mundo e, com essa crença, a coisa me move independentemente de qualquer rótulo”, diz Luciana, uma das fundadoras da celebrada Cia. Hiato, que estreia na função de diretora teatral.

“O Céu da Língua” não é um recital. Por outro lado, garante Luciana, a dramaturgia de Gregorio não deixa de ser poética. “O stand-up comedy aqui é uma pegadinha pra falar de literatura”, como ela bem define. “A peça fica na esquina do poema com a piada”, arremata o ator.
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“O Gregorio comediante está no palco ao lado do Gregorio intelectual com seu fluxo de pensamento ininterrupto e por isso a plateia embarca na proposta”, explica a diretora, que compartilha com o ator a paixão pelo nome das coisas. “Graças aos seus recursos de ator, Gregorio pega o público distraído. Ninguém resiste quando é surpreendido por alguém apaixonado.”

Gregório, desde a infância, carrega uma obsessão pela palavra, pela comunicação verbal, pela língua portuguesa. Assim o protagonista brinca com códigos, como aqueles que, em sua maioria, só são decifrados por pais e filhos ou casais enamorados.
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As reformas ortográficas que tiram letras de circulação e derrubam acentos capazes de alterar o sentido das palavras inspiram o artista em tiradas bem-humoradas. O mesmo acontece quando ele comenta a ressurreição de palavras esquecidas, como “irado”, “sinistro” e “brutal”, que voltaram ressignificadas ao vocabulário dos jovens. E aquelas que só de ouvi-las geram sensações estranhas, a exemplo de afta, íngua, seborreia, ou outras, inventadas, repetidas à exaustão, como “atravessamento”, “disruptivo” ou “briefings”? Até destas Gregorio extrai humor.

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Pedro Aune | Monólogo “O Céu da Língua”, com Gregorio Duvivier – foto: Joana Calejo Pires

Para o artista, a língua é algo que nos une, nos move, mas raramente damos atenção a ela. É só pensar nas metáforas usadas no cotidiano – “batata da perna”, “céu da boca”, “pisando em ovos”. Nesta hora, usamos a poesia e nem percebemos. Para provar que a poesia é popular, Gregorio chama atenção para os grandes letristas da música brasileira, como Orestes Barbosa e Caetano Veloso, citados em “O Céu da Língua” através das canções “Chão de Estrelas” (1937) e “Livros” (1997). A massa ainda há de comer o biscoito fino que fabrico”, disse Oswald de Andrade. Infelizmente a literatura no Brasil nunca encheu estádios. Mas a palavra cantada, essa sim, ganhou multidões. “Foi a nossa música popular quem conseguiu realizar o sonho oswaldiano de levar poesia para as massas”, festeja o ator.
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Nesta cumplicidade com a plateia, Gregorio mostra gradativamente que a poesia não tem nada de hermética e que a nossa língua não deve nada a nenhuma outra. Muito pelo contrário. Temos um manancial de poesia desperdiçada em cada conversa jogada fora. “Minha pátria é a língua portuguesa”, diz Fernando Pessoa. Caetano continua: “e eu não tenho pátria, eu tenho mátria e quero frátria”. Gregorio constrói o espetáculo em torno dessa fraternidade, e nos lembra que, apesar de todas as nossas diferenças, temos uma língua em comum que nos irmana. E também pode nos fazer gargalhar.

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Pedro Aune | Monólogo “O Céu da Língua”, com Gregorio Duvivier – foto: Joana Calejo Pires

FICHA TÉCNICA
Texto: Gregorio Duvivier e Luciana Paes | Interpretação: Gregorio Duvivier | Direção: Luciana Paes | Assistente de direção: Theodora Duvivier | Direção musical e execução da trilha: Pedro Aune | Criação visual e projeções: Theodora Duvivier | Iluminação: Ana Luzia de Simoni | Cenografia: Dina Salem Levy | Assistente de cenografia: Alice Cruz | Figurino: Elisa Faulhaber e Brunella Provvidente | Costureira: Riso Monteiro | Fotos: Demian Jacob | Foto de capa: Joana Calejo Pires | Arte livreto: Maria Cau | Designer gráfico: Laercio Lopo | Visagismo: Vanessa Andrea | Administração: Andréia Porto | Produção executiva: Lucas Lentini | Produção: Pad Rok Produções Culturais, Clarissa Rockenbach e Fernando Padilha | Na rede: @gduvivier / @ceudalingua / @lucianapaesviva

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Pedro Aune | Monólogo “O Céu da Língua”, com Gregorio Duvivier – foto: Joana Calejo Pires

SERVIÇO
Espetáculo: O Céu da Língua
Temporada: De 20 a 23 de março 2025
Dias/horários: Sexta e sábado às 20h e domingo às 18h
Onde: Teatro Riachuelo Rio
Endereço: R. do Passeio, 38/40 – Centro, Rio de Janeiro/RJ
Duração: 90 minutos
Classificação: 14 anos
Vendas online: clique aqui.
Valores:
– Balcão R$40
– Balcão Nobre R$ 80
– Plateia R$100
– Plateia Vip R$120
Mais informações: @teatroriachuelorio
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Assessoria de imprensa do teatro: MNiemeyer Assessoria de Comunicação / Juliana Rosa e Rafaela Barbosa

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Pedro Aune | Monólogo “O Céu da Língua”, com Gregorio Duvivier – foto: Joana Calejo Pires

Teatro Riachuelo Rio
O prédio, tombado como patrimônio histórico-cultural, é imponente e se destaca na Rua do Passeio, número 40, reunindo passado, presente e futuro em um só lugar. O ícone da belle époque brasileira ficou com as portas fechadas por dois anos até 2016, quando foi devolvido à população como Teatro Riachuelo Rio, sempre com uma programação plural e acessível. Desde então, foram realizadas diversas peças, musicais, concertos e shows.
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Com uma área de aproximadamente 3.500 m², o teatro oferece uma estrutura completa para seus frequentadores, incluindo foyer, salas de ensaio, escritórios, camarins, área externa e uma grande sala com plateia para 999 pessoas. Mais do que um espaço físico, o teatro representa um compromisso com a promoção da cultura e da arte em suas diversas formas. O espaço conta ainda como o Bettina, Café & Arte, que além de abrir como bomboniere para atender ao público do teatro, funciona também para café da manhã e almoço. Saber mais acesse o site.

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Pedro Aune | Monólogo “O Céu da Língua”, com Gregorio Duvivier – foto: Joana Calejo Pires

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