segunda-feira, novembro 4, 2024

Morre Antonio Cândido aos 98 anos

O crítico literário e sociólogo Antonio Cândido, dono de uma das obras mais fundamentais da intelectualidade brasileira, morreu aos 98 anos.

Ele estava internado no Hospital Alberto Einstein, em São Paulo, com problemas no intestino, de acordo com Edla Van Steen.

O filósofo Adauto Novaes, amigo de Candido, disse que ele mantinha a lucidez e conversava sobre atualidades. “Estava muito lúcido, era incrível. A gente conversava sempre. De repente isso aconteceu. A gente perdeu mais do que um amigo, mas o espírito de um tempo. Ele atravessou vários momentos da história, mesmo os sombrios, sem perder nenhum sentido dos valores, de todo o julgamento das coisas. Era de uma sutileza incrível. A dificuldade das coisas que ele escrevia estava nessa simplicidade. Discutia tudo o que estava acontecendo no País. Nunca perdia o fio da história. Ele seguiu o curso do tempo, em todos os momentos do pensamento.”

Autor de livros fundamentais como Introdução ao Método Crítico de Silvio Romero (1944), Formação da Literatura Brasileira (1959), Literatura e Sociedade (1965), entre muitos outros, Candido formou uma maneira de pensar a literatura brasileira que influenciou toda a crítica literária do País desde então.

Ouça o mestre Antonio Cândido

“a literatura tem sido um instrumento poderoso de instrução e educação, entrando nos currículos, sendo proposta a cada um como equipamento intelectual e afetivo. Os valores que a sociedade preconiza, ou os que considera prejudicais, estão presentes nas diversas manifestações da ficção, da poesia e da ação dramática. A literatura confirma e nega, propõe e denuncia, apoia e combate, fornecendo a possibilidade de vivermos dialeticamente os problemas.”
– Antonio Candido, do ensaio “O direito à literatura”.

Antonio Cândido de Mello e Souza, escritor, ensaísta e professor da FFLCH-USP. É o mais importante crítico literário brasileiro. Em 1937 inicia os cursos de direito e de ciências sociais na Universidade de São Paulo (USP). Forma-se em ciências sociais em 1941. Torna-se livre-docente de literatura brasileira em 1945 e doutor em ciências em 1954. Em 1974, passa a professor titular de teoria literária e literatura comparada da USP, cargo em que se aposenta em 1978. De suas obras de crítica literária, a mais importante é Formação da Literatura Brasileira (Momentos Decisivos), de 1959. Como ensaio sociológico, é considerado clássico seu estudo sobre o caipira paulista e sua transformação, Os Parceiros do Rio Bonito (1964). É professor-emérito da USP e da UNESP, e doutor honoris causa da Unicamp. É professor honorário do IEA. (fonte: IEA/USP)

Veja mais:
Antonio Candido – o direito à literatura

Fonte: Estadão | IEA/USP


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