Transeuntis Mundi: projeto artístico propõe grande exibição imersiva com participação do público. Exposição no Museu de Arte Contemporânea, em Niterói, mostra que novas ferramentas oferecem experiências inclusivas também para pessoas com deficiência.
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Um dos grandes desafios dos artistas e criadores de artes é transportar o público, através de suas exposições, para diferentes lugares e épocas, instigando um mergulho na reflexão sobre um tema através da arte e cultura. Com o avanço da tecnologia, no entanto, grandes espaços de arte e cultura, bem como exposições, estão se tornando ainda mais inclusivos, proporcionando experiências enriquecedoras para todo tipo de público. Através de soluções inovadoras, como dispositivos de realidade virtual e aplicativos móveis, a inclusão e a acessibilidade estão sendo redefinidas e ampliadas, permitindo que mais pessoas desfrutem desses ambientes culturalmente ricos. Grande exemplo disso é o Projeto Transeuntis Mundi que está exposto no Museu de Arte Contemporânea de Niterói, no Salão Principal e online até o dia 3 de setembro. Os artistas criadores da exposição são a brasileira Cândida Borges e o colombiano Gabriel Mario Vélez, ambos artistas, acadêmicos e doutores em artes, com extensa carreira internacional.
A exposição acontece no MAC e no metaverso – a obra Deriva 01 contém obras de realidade virtual, realidade aumentada, fotografia, instalação sonora, projeções, poesia, performance e mais. A instalação é imersiva e interativa, de forma que o participante decide sua viagem, a duração e em qual história se focar. O visitante pode visitar também a instalação de forma online, através do site do projeto – e conhecer a Web Derive 01. Duas obras que dialogam e se completam. Recomenda-se o uso de fones de ouvido para uma imersão total em casa também.
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Nosso processo de criação artística quer aproximar o público da obra através da tecnologia. Ao mesmo tempo, buscamos uma experiência artística cotidiana, simples, que dá ao participante o direito de escolher sua experiência, e dessa forma dar a oportunidade que as pessoal, no museu e online, acessem a obra.
A nossa obra é também multilingue – há elementos nos idiomas locais de cada cena, e a experiência da transculturalidade também se dá pelo contato com o idioma estrangeiro – um código outro e novo, que me permite acessar ou não uma outra realidade por uma via outra, que não apenas a da compreensão verbal”, explica a co-criadora da exposição, a artista Cândida Borges.
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A obra é uma criação multisensorial que contém elementos visuais e sonoros, contemplando todos os participantes. Deficientes visuais podem emergir na escuta profunda da obra através do mecanismo ambisônico que permite a espacialização do som com o movimento da cabeça. Deficientes auditivos podem vivenciar a imersão visual nas cenas da realidade virtual, assim como acompanhar as legendas e gráficos presentes nas obras.
Parceria a favor da acessibilidade
Desde 2019, Transeuntis Mundi (TM) possui uma parceria com a empresa americana Music Not Impossible (MNI), que desenvolveu aparelhos multisensoriais, especialmente para o público deficiente auditivo. Em 2020, o projeto TM desenvolveu uma obra para os aparelhos MNI: a “vibrational walkscapes” – que deu uma nova camada sensorial à obra de realidade virtual. Além da cabeça, a obra é também “vestida”, e o participante experimenta as cenas para além dos sentidos visuais e auditivos. Uma ferramenta desenvolvida para o público deficiente auditivo, e que o TM utilizou como uma metodologia de criação “trans-humana” para todos os seus participantes, que queriam aprofundar a experiência da imersão na obra. A obra estreou no Museu da Imagem em movimento em Nova York em março de 2020.
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Ainda na parceria com MNI, toda a obra TM passou por uma consultoria especializada para uma adaptação de acessibilidade. A obra passou a ser acompanhada de um novo elemento: gráficos de onda sonora, que dão uma impressão visual sobre o som, especialmente pensada aos participantes audio-deficientes.
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“A tecnologia precisa estar à serviço da arte, e não o contrário. Nós nos valemos das tecnologias das realidades expandidas par dar vida às nossas obras num sentido expandido de experiência sensorial. Almejamos dividir a criação da obra com o público, que chamamos de participante porque cria junto com a gente todo o tempo. A ideia é permitir que todos do público tenham a possibilidade de experienciar a obra e se emocionar com ela.” afirma Gabriel Mario Vélez.
Sobre o Projeto
Transeuntis Mundi foi lançado na Feira Internacional do Livro e da Cultura, na Colômbia, em 2019, e já passou por festivais, museus e galerias em vários países como Inglaterra, EUA, Portugal e China. Foi nomeado ao Prêmio Lumen em 2022 (um dos prêmios mais importantes de arte e tecnologia), ano em que também recebeu o prêmio de Inovação do jornal americano Tribuna de Los Angeles. Recentemente, foi nomeado a outro prêmio inglês, o Prêmio “Sound of the Year” (som do ano) para melhor composição de sonoridades cotidianas. Depois de Niterói, a exposição segue para Nova York, em setembro, depois Colômbia e Londres, em outubro.
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Essa exposição no MAC é realizada pela Criarte Casa de Arte e Cultura e Rapsódia Empreendimentos Culturais, com o apoio da Lei municipal de Cultura na cidade de Niterói. O projeto conta com o apoio à pesquisa e arte da Universidade de Antioquia (Colômbia), do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), que faz parte da Dasa, maior rede de saúde integrada do Brasil, do projeto Music Not Impossible, e da empresa Zoom US. Agradecimentos especiais ao MAC, à Prefeitura de Niterói e Fundação de Arte de Niterói.
Sobre Cândida Borges
Musicista, compositora e artista transmídia. Realiza projetos artísticos com tecnologias emergentes, explorando os temas da transculturalidade e migração. Doutora em Artes pela Universidade de Plymouth (UK, 2022), Bacharel e Mestre em Música/Piano pela UFRJ (RJ/2005), especializada em Produção de Música Eletrônica pelo SAE Institute (NY/US), Cândida desenvolve carreira como artista e educadora e é co-fundadora do Projeto Transeuntis Mundi.
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Sobre Gabriel Mario Vélez
Artista visual e transmídia colombiano, Decano e Professor de Artes da Universidade de Antioquia (CO), Pós-Doutor em Artes pela Universidade Nacional de Córdoba (ARG) e Doutor em Artes pela Universidade Complutense de Madrid (ESP). Gabriel é também co-fundador do Projeto Transeuntis Mundi.
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SERVIÇO
Exposição: Transeuntis Mundi “Deriva 01”
Instalação Imersiva sonora e audiovisual, com realidade virtual, aumentada e projeções. Obras de arte e tecnologia sobre a migração humana milenar – transculturalismo, transumância e transmidialidade.
Museu de Arte Contemporânea – MAC
Endereço: Mirante da Boa Viagem, s/nº – Boa Viagem, Niterói
Data: até 3 de setembro de 2023
Terça a domingo, 10h às 18h.
Sobre gratuidades e meia entradas MAC, acesse AQUI.
*Não é permitida a entrada no museu com mochilas ou grandes volumes.
Sobre o Complexo Hospitalar de Niterói
Inaugurado em 1991, o Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), que faz parte da Dasa, maior rede de saúde integrada do Brasil, é, atualmente, o maior conglomerado de saúde do estado do Rio de Janeiro. O hospital está focado em alta complexidade, com especialidades centrais nas áreas de cardiologia, oncologia, neurologia, cuidado materno-infantil e de transplantes em várias modalidades. Além da exposição Transeuntis Mundi, o CNH apoiou vários projetos de fomento à Cultura de Niterói como a Orquestra da Grota e o Prêmio Sou de Niterói.