Uma breve antologia poética sobre música, incluindo excertos, aforismos, citações na literatura e filosofia sobre música.
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“Uma obra de arte não responde a perguntas, provoca-as; e seu significado essencial está na tensão entre as respostas contraditórias”
– Leonard Bernestein, mencionado no filme ‘Maestro’. Dir. Bradley Cooper (2023)
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“Sem música a vida seria um erro.”
– Nietzsche, cap. ‘Ditos e setas’, no livro “Crepúsculo dos ídolos…”.
[tradução Renato Zwick]. L&PM Pocket, 2009.
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Quase uma sonata
É música o rigor com que te moves
à fluida superfície do mistério,
os pés quase suspensos, a aérea
partitura do corpo, seus acordes.
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Espaço e tempo são teu solo. E colhem,
não tanto a luz que entornas, mas o pólen
com que ela cinge e arroja as coisas mortas
além da espessa morte que as enrola.
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E música o silêncio que te cobre
quando lampeja à noite tua nudez,
em franjas derramada sobre o leito
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das águas, onde as algas te incendeiam
porque semelhas, mais que o mar profundo,
o intemporal princípio e fim de tudo.
– Ivan Junqueira, em “Opus descontínuo – 1969-1975”, no livro “Poesia Reunida”. A Girafa, 2005.
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Tarde de Música
Só Schumann, meu Amor! Serenidade…
Não assustes os sonhos… Ah!, não varras
As quimeras… Amor, senão esbarras
Na minha vaga imaterialidade…
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Liszt, agora, o brilhante; o piano arde…
Beijos alados… ecos de fanfarras…
Pétalas dos teus dedos feito garras…
Como cai em pó de oiro o ar da tarde!
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Eu olhava para ti… “É lindo! Ideal!”
Gemeram nossas vozes confundidas.
– Havia rosas cor-de-rosa aos molhos –
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Falavas de Liszt e eu… da musical
Harmonia das pálpebras descidas,
Do ritmo dos teus cílios sobre os olhos…
– Florbela Espanca, in “Reliquiae”, [publicado como apêndice, nas 2ª e 3ª ed. “Charneca em flor”].
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A liberdade, sim, a liberdade!
A liberdade, sim, a liberdade!
A verdadeira liberdade!
Pensar sem desejos nem convicções.
Ser dono de si mesmo sem influência de romances!
Existir sem Freud nem aeroplanos,
Sem cabarets, nem na alma, sem velocidades, nem no cansaço!
A liberdade do vagar, do pensamento são, do amor às coisas naturais
A música, sim, a música…
Piano banal do outro andar…
A música em todo o caso, a música…
Aquilo que vem buscar o choro imanente
De toda criatura humana,
Aquilo que vem torturar a calma
Com o desejo duma calma melhor…
A música… Um piano lá em cima
Com alguém que o toca mal
Mas é música…
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Ah, quantas infâncias tive!
Quantas boas mágoas!
A música…
Quantas mais boas mágoas!
Sempre a música…
O pobre piano tocado por quem não sabe tocar.
Mas apesar de tudo é música.
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Ah, lá conseguiu uma música seguida —
Uma melodia racional —
Racional, meu Deus!
Como se alguma coisa fosse racional!
Que novas paisagens de um piano mal tocado?
A música!… A música…!
– Álvaro de Campos [Heterônimo de Fernando Pessoa], (escrito em 19.7.1934), In: Poesia, Assírio e Alvim, ed. Teresa Rita Lopes, 2002.
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Pobre velha música!
Pobre velha música!
Não sei porque agrado,
Enche-se de lágrimas
Meu olhar parado.
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Recordo outro ouvir-te.
Não sei se te ouvi
Nessa minha infância
Que me lembra em ti.
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Com que ânsia tão raiva
Quero aquele outrora!
E eu era feliz? Não sei:
Fui-o outrora agora.
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s. d.
– Fernando Pessoa, no livro ‘Poesias’. [nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor]. Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995). – 96 /1ª publ. in Athena, nº 3. Lisboa: Dez. 1924.
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A MÚSICA QUE OUVI CONTIGO
.. Music I heard with you was more than music…
……………………………….. Conrad Aiken
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A música que ouvi contigo
há-de ficar para sempre connosco.
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O sério Brahms e o elegíaco Schubert,
algumas canções, a quarta balada de Chopin,
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alguns quartetos cujo som
nos dilacera o coração (Beethoven, os adágios)
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e a tristeza do Shostakovich, que
não queria morrer.
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Os grandes coros nas paixões do Bach –
como se alguém nos chamasse
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e pretendesse de nós a alegria,
pura e desinteressada,
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alegria, em que a fé
é algo evidente.
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Certos fragmentos do Lutoslawski
fugazes como os nossos pensamentos.
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A voz duma negra cantando blues
trespassava-nos como aço cintilante –
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embora chegasse a nós algures na rua,
duma poeirenta e feia cidade.
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As infindáveis marchas do Mahler,
a corneta que abre a quinta sinfonia
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e a primeira parte da nona
(tu às vezes chamas-lhe “malheur”!).
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O desespero do Mozart no Requiem,
os seus serenos concertos para piano,
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que cantarolavas melhor do que eu –
mas disso estamos bem cientes.
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A música que ouvi contigo
há-de calar-se connosco.
– Adam Zagajewski, no livro ‘Sombras de Sombras’. [seleção e tradução Marco Bruno; revisão Jorge Sousa Braga; prefácio Adam Kirsch]. antologia bilingue. Tinta da China, 2017.
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O VIOLONCELO
Aqueles que não gostam dele dizem: não é senão
um violino, que sofreu uma mutação
e foi afastado do coro.
Não é verdade.
O violoncelo tem muitos segredos,
mas nunca chora,
limita-se a cantar com voz grave.
Nem tudo nele, contudo, se transforma
em canto. Às vezes pode-se ouvir
uma espécie de bulício ou um sussurro:
estou só,
não consigo adormecer.
– Adam Zagajewski, no livro ‘Sombras de Sombras’. [seleção e tradução Marco Bruno; revisão Jorge Sousa Braga; prefácio Adam Kirsch]. antologia bilingue. Tinta da China, 2017.
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Da Música
A musica derrama-se
no corpo terroso
da palavra. Inclina-se
no mundo em mutação
do poema.
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A música traz na bagagem
a memória do sangue; o caminho
do sol: Lume e cume
de palavras polidas.
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A música rompe um rio de lava
por si mesmo criado. Lágrima
endurecida
onde cabem o mar
e a morte.
– Casimiro de Brito, no livro ‘Canto Adolescente’ 1961.
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Réquiem de Mozart
I
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Ouço-te, ó música, subir aguda
à convergente solidão gelada.
Ouço-te, ó música, chegar desnuda
ao vácuo centro, aonde, sustentada
e da esférica treva rodeada,
tu resplandeces e cintilas muda
como o silente gesto, a mão espalmada
por sobre a solidão que amante exsuda
e lacrimosa escorre pelo espaço
além de que só luz grita o pavor.
Ouço-te lá pousada, equidistante
desse clarão cuja doçura é de aço
como do frágil mas potente amor
que em teu ouvir-te queda esvoaçante.
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II
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Ó música da morte, ó vozes tantas
e tão agudas, que o estertor se cala.
Ó música da carne amargurada
de tanto ter perdido que ora esquece.
Ó música da morte, ah quantas, quantas
mortes gritaram no que em ti não fala.
Ó música da mente espedaçada
de tanto ter sonhado o que entretece,
sem cor e sem sentido, no fervor
de sublimar-se nesse além que és tu.
Ó vida feita uma detida morte.
Ó morte feita um inocente amor.
Amor que as asas sobre o corpo nu
fecha tranquilas no possuir da sorte.
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III
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Além do falso ou verdadeiro, além
do abstracto e do concreto, além da forma
e do conceito, além do que transforma
contrários pares noutros par´s também,
além do que recorre ou nunca vem
ao que se pensa ou sente, além da norma
em que o não-ser se humilha e se conforma,
além do possuir-se, e para além
dessa certeza que outro ritmo dá
àquele de que as palavras têm sentido:
lá onde ouvir e não-ouvir se igualam
na mesma imagem virtual do na-
da – é que tu vais, ó musica, partido
o nó dos tempos que por ti se calam.
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IV
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Tudo se cala em ti como na vida
Tudo palpita e flui como no leito
em que se morre ou se ama, já desfeito
o abraço do momento em que, sustida
a sensação da posse conseguida,
a carne pára a ejacular-se atenta.
Tudo é prazer em ti. Quanto alimenta
esta glória de existir, trazida
a cada instante só do instante ser-se,
reflui em ti, liberto, puro, afiante,
certeza e segurança de conter-se
na criação virtual o renascer-se
agora e sempre pelo tempo adiante,
mesmo esquecido. Em ti, o conhecer-se
deste possível é a paz do amante.
– Jorge de Sena, de ‘Arte de música’ (1968), no livro ‘Trinta anos de poesia’. Colecção Coroa da Terra. Editorial Inova, 1972.
§§
Ouvindo o quarteto op. 131, de Beethoven
A música é, diz-se, o indizível
por ser de inexprimível sentimento
da consciência, ou um estado de alma,
ou uma amargura tão extrema e lúcida
que passa das palavras para ser
apenas o ritmo e os sons e os timbres
só pelos músicos cientes de harmonia
e de composição imaginados. Mas,
se assim fosse, eles só dos homens
saberiam mover-se nos espaços
que a humanidade abandonada encontra
nos desertos de si. Começariam
onde a expressão verbal não se articula
por impossível. Viveriam sempre
na fímbria estreita à beira da maldade
e do absurdo, como que suspensos
na solidão da morte sem palavras.
Não é, portanto, a música o limite
ilimitado dos limites da linguagem,
para dizer-se o que não é dizível.
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Mas, se não é, que dizem lancinates,
neste discreto passeio pelo tempo,
os quatro instrumentos semelhantes
no seu modo de criarem som?
Tão terrível. Sufocante. Doce
ou agridoce desconcerto harmónico.
Que diz? Que diz? Neste contínuo
de temas e andamentos, de tonalidades,
o que se justifica? Que discutem eles?
A sua mesma natureza de instrumentos
e as combinações até ao infinito
de um mecanismo abstracto do imaginar?
Como pode uma coisa que sentimos tão medonha,
tão visionariamente séria e pensativa,
ser irresponsável?
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Será que nos diz do aquém, do abaixo,
do infra, do primário, do barbárico,
do animal sem alma e sem razão?
Será que todo este rigor tão belo
é como que a estrutura prévia
de que existimos ao pensar as coisas?
E não a quintessência depurada
de uma estrutura que se consentiu
todo o significar a que as palavras vieram
da analogia nominal e mágica
até à consciência dos universais?
Não há tristeza alguma nesta
vida transformada em puro som,
em homogénea outra realidade?
Não é de angústia este rasgar melódico
da consciência antes de criar-se humana?
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De que, portanto, vem este triunfo
que se precipita, contraditório, nas arcadas
dos instrumentos conversando essências?
É simples convenção? É artifício?
Silêncio irresponsável?
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Se há mistério na grandeza ignota,
e se há grandeza em se criar mistério,
esta música existe para perguntá-lo.
E porque se interroga e não a nós,
ela se justifica e justifica
o próprio interrogar com que se afirma
não quintessência ela, mas raiz profunda
daquilo que será provável ou possível
como consciência, quando houver palavras
ou quando puramente inúteis forem.
– Jorge de Sena, de ‘Arte de música’ (1968), no livro ‘Trinta anos de poesia’. Colecção Coroa da Terra. Editorial Inova, 1972.
§§
Bach: Variações Goldberg
A música é só música, eu sei. Não há
outros termos em que falar dela a não ser que
ela mesma seja menos que si mesma. Mas
o caso é que falar de música em tais termos
é como descrever um quadro em cores e formas e volumes, sem
mostrá-lo ou sem sequer havê-lo visto uma única vez.
Vejamo-lo, bem si, calados, vendo. E se a música
for música, ouçamo-la e mais nada. No entanto,
nenhum silêncio recolhido nos persiste além
de alguns minutos. E não dura na memória com
silêncio. Ou se dura, esse silêncio cala
a própria música que adora. Porque a música
não é silêncio mas silêncio que
anuncia ou prenuncia o som e o ritmo.
Se os sons, porém, não são de devaneio,
e sim a inteligência que no abstracto busca
ad infinitum combinações possíveis bem que ilimitadas;
se tudo se organiza como a variada imagem
de uma ideia despojada de sentido;
se tudo soa como a própria liberdade dos acasos lógicos
que os grupos, e os grandes números, e as proporções
conhecem necessários; se tudo repercute como
em cânones cada vez mais complexos que não desenvol-
vem um raciocínio mas o transformam de um si mesmo em si;
se tudo se acumula menos como som que como pedras
esculpidas em volutas brancas e douradas cujos
recantos de sombra são um trompe-l’œil
para que elas mais sejam em paredes curvas;
se uma alegria é força de viver e de inventar e de
bater nas teclas em cascatas de ordem;
e se tudo existiu na música para que tal triunfo
e dele descende tudo o que de arquitectura
possa existir em notas sem sentido – COMO
não proclamar que essa grandeza imensa
não se comove com íntimos segredos (mesmo implica
que não haja segredo em nada que se faça
a não ser o espanto de fazer-se aquilo),
é como que uma cúpula de som dentro da qual
possamos ter consciência de que o homem é, por vezes,
maior do que si mesmo. E que nada no mundo,
ainda que volte ao tema inicial, repete
o que foi proposto como tema para
se transformar no tempo que contém. Quando, no fim,
aquele tema torna não é para encerrar
num círculo fechado uma odisseia em teclas,
mas para colocar-nos ante a lucidez
de que não há regresso após tanta invenção.
Nem a música, nem nós, somos os mesmos já.
Não porque o tempo passe ou porque a cúpula se erga,
para sempre, entre nós e nós próprios. Não. Mas sim porque
o virtual de um pensamento, se tornou ali
uma evidência: se tornou concreto.
Um concreto de coisas exteriores – e o espanto é esse –
igual ao que de abstracto têm as interiores que o sejam.
Será que alguma vez, senão aqui,
aconteceu tamanha suspensão da realidade a ponto
de real e virtual serem idênticos, e de nós
não sermos mais o quem ouve, mas quem é? A ponto de
nós termos sido música somente.
– Jorge de Sena, de ‘Arte de música’ (1968), no livro ‘Trinta anos de poesia’. Colecção Coroa da Terra. Editorial Inova, 1972.
§§
Fuga
O músico procura
Fixar em cada verso
O cântico disperso
Na luz, na água e no vento.
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Porém, luz, vento e água
Variam riso e mágoa,
De momento a momento.
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E em vão a área dos dedos
Se eleva! Não traduz
Os súbitos segredos
Escondidos no vento,
Nas águas e na luz…
– Pedro Homem de Mello, no livro “Segredo”. Lello & Irmão, 1953.
§§
Violoncelo
Chorai arcadas
Do violoncelo!
Convulsionadas,
Pontes aladas
De pesadelo…
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De que esvoaçam,
Brancos, os arcos…
Por baixo passam,
Se despedaçam,
No rio, os barcos.
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Fundas, soluçam
Caudais de choro…
Que ruínas, (ouçam)!
Se se debruçam,
Que sorvedouro!…
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Trémulos astros…
Soidões lacustres…
—: Lemos e mastros…
E os alabastros
Dos balaústres!
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Urnas quebradas!
Blocos de gelo…
— Chorai arcadas,
Despedaçadas,
Do violoncelo.
– Camilo Pessanha, no livro “Clepsidra”. [organização, apresentação e notas Paulo Franchetti]. Ateliê Editorial, 2009.
§§
Um simples pensamento
É a música, este romper do escuro.
Vem de longe, certamente doutros dias,
doutros lugares. Talvez tenha sido
a semente de um choupo, o riso
de uma criança, o pulo de um pardal.
Qualquer coisa em que ninguém
sequer reparou, que deixou de ser
para se tornar melodia. Trazida
por um vento pequeno, um sopro,
ou pouco mais, para tua alegria.
E agora demora-se, este sol materno,
fica comigo o resto dos dias.
Como o lume, ao chegar o inverno.
– Eugénio de Andrade, no livro “Os sulcos da sede”. Assírio & Alvim 2001.
§§
A música
Álamos —
música
de matutina cal.
Doces vogais
de sombra e água
num verão de fulvos
lentos animais.
Calhandra matinal
no ar
feliz de junho.
Acidulada
música de cardos.
Música do fogo
em redor dos lábios.
Desatada
à roda da cintura.
Entre as pernas,
junta.
Música
das primeiras chuvas
sobre o feno.
Só aroma.
Abelha de água.
Regaço
onde o lume breve
de uma romã brilha.
Música, levai-me:
Onde estão as barcas?
Onde são as ilhas?
– Eugénio de Andrade, no livro “Obscuro Domínio”. Assírio & Alvim, 2013.
***
“Toda vez que a gente quer alguma coisa, e não sabe o quê, então é porque a gente está é com sede dum bom copo d’água, ou carecendo de ouvir música tocada…”
– João Guimarães Rosa, da novela ‘Buriti’, no livro “Noites do Sertão”. Global Editora, 2021
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§§
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“Antes de tudo, a Música … Música ainda, e eternamente!”
– Paul Verlaine, do poema “Arte Poética”. tradução Augusto de Campos. In: O Anticrítico. A. de Campos. Cia das Letras, 1986
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“A música, como uma espécie de esperanto melódico, poderia ajudar os homens e as nações a se entenderem melhor e viverem em paz.”
– Erico Verissimo, na introdução “A música e eu”. In: Elementos da linguagem musical. Bruno Kiefer. INL/MEC, 1973.
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“A música desperta o tempo; desperta a nós, para tirarmos do tempo um gozo mais refinado”
– Thomas Mann, do livro “A Montanha Mágica”. tradução Herbert Caro. Nova Fronteira, 2006.
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“A música produz silêncio. Toda palavra é profanação. Faz-se silêncio porque a beleza é uma epifania do divino. Ouvir música é oração.”
– Rubem Alves, da crônica ‘A alegria da música’, no livro “Na morada das palavras”. Papirus, 2008.
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“A música vai de uma alma à outra, os pássaros conversam pela música. Eles têm coração. Tudo que se sente na vida se sente no coração. O coração é o metrônomo da vida. E há muita gente na humanidade que se esquece disso. Justamente o que mais precisa a humanidade é de um metrônomo. Se houvesse alguém no mundo que pudesse colocar um metrônomo no cio da Terra, talvez estivéssemos mais próximos da paz.”
– Villa-Lobos, excertos da ‘Conferência’ proferida no Teatro Santa Roza, em João Pessoa (PB), 1951.
§§
“A música é libertadora: liberta-o da solidão e da clausura, liberta-o da poeira das bibliotecas e abre-lhe portas no corpo por onde a alma pode sair e confraternizar.”
– Milan Kundera, no livro “A insustentável leveza do ser”. tradução Teresa Bulhões Carvalho da Fonseca. Companhia das Letras, 2008.
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“A música tem virtudes médicas. Cura.”
– Rubem Alves, da crônica ‘A alegria da música’,
no livro “Na morada das palavras”. Papirus, 2008.
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“onde há música não pode haver coisa má.”
– Miguel de Cervantes, no livro “Dom Quixote”. vol. 1 e 2.
[tradução de Almir de Andrade e Milton Amado]. Nova Fronteira, 2017
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“Deveríamos – dizia ele – diariamente ouvir ao menos uma pequena canção, ler um bom poema, admirar um quadro magnífico, e, se possível, pronunciar algumas palavras sensatas.”
– Johann Wolfgang von Goethe, citando ‘Serlo’, em “Os anos de aprendizado de Wilhelm Meister”. Livro V, Capitulo I. tradução Nicolino Simone Neto. Editora 34, 2006
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“A música tudo pode empreender, tudo ousar e tudo descrever, contanto que ela encante e permaneça, enfim e sempre, a música.”
– Maurice Ravel [tradução Danieli Benedetti]. no livro “Maurice Ravel – Lettres, ecrits, entretiens”, de Arbie Orenstein Paris: Flammarion, 1989.
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§§
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“Música das esferas e música dos mestres
estamos sempre prontos a ouvir com devoção,
a evocar para festas de pureza maior”
– Hermann Hesse do poema “O jogo das miçangas”, no livro “Andares: antologia poética”. tradução Geir Campos. Nova Fronteira, 1976.
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“Música pura. Silêncio que nos acolhe”
– Dora Ferreira da Silva, do poema ‘Depois”,
no livro “Poesia Reunida”.Topbooks, 1999.
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“A música não exprime nunca o fenômeno, mas unicamente a essência íntima de todo o fenômeno, numa palavra a própria vontade. Portanto não exprime uma alegria especial ou definida, certas tristezas, certa dor, certo medo, certo transporte, certo prazer, certa serenidade de espírito, mas a própria alegria, a tristeza, a dor, o medo, os transportes, o prazer, a serenidade do espírito; exprime-lhes a essência abstrata e geral, fora de qualquer motivo ou circunstância.”
– Arthur Schopenhauer, do livro “‘Dores do Mundo‘ – capítulo ‘Arte‘”. tradução Albino Forjaz de Sampaio. Edições de Ouro, 1985.
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§§
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“A invenção da melodia, a descoberta de todos os segredos mais íntimos da vontade e da sensibilidade humana, é a obra do gênio. A sua ação é aí mais visível que em qualquer outro assunto, mais irrefletida, mais livre de toda a intenção consciente, é uma verdadeira inspiração.”
– Arthur Schopenhauer, do livro “‘Dores do Mundo‘ – capítulo ‘Arte‘”. tradução Albino Forjaz de Sampaio. Edições de Ouro, 1985.
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§§
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“Quando ouço música, a minha imaginação compraz-se muitas vezes com o pensamento de que a vida de todos os homens e a minha própria vida não são mais do que sonhos de um espírito eterno, bons e maus sonhos, de que cada morte é o despertar.”
– Arthur Schopenhauer, do livro “‘Dores do Mundo‘ – capítulo ‘Arte‘”. tradução Albino Forjaz de Sampaio. Edições de Ouro, 1985.
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“O RESTO É SILÊNCIO
Da outra sensação à intuição da beleza, do prazer e da dor ao amor e ao êxtase místico e à morte – todas as coisas que são fundamentais, todas as coisas que, para o espírito humano, têm o mais profundo significado, podem ser apenas experimentadas, e não exprimidas. O resto é sempre, em qualquer lugar, silêncio. Depois do silêncio, aquilo que mais se aproxima de exprimir o inexprimível é a música.”
– Aldous Huxley, no livro “Música da noite & outros ensaios”. [tradução Rodrigo Breunig]. L&PM, 2014.
§§
“… a música não seria o exemplo único do que poderia ter sido — caso não tivesse havido a invenção da linguagem, a formação de palavras, análise das ideias a comunicação das almas.”
– Marcel Proust, no livro ‘Em busca do tempo perdido’. vol. 1, 2, 3. [tradução Fernando Py]. Nova Fronteira, 2016.
§§
“Música contempla-se a si mesma, mirando sua própria essência. Esse modo do qual os sons, consoladores e entristecidos, oferecem-se reciprocamente as mãos, esse entrelaçamento, essa fusão de todas as coisas mutáveis e afins — eis a Música”
– Thomas Mann, no livro Doutor Fausto’. [tradução Herbert Caro]. Nova Fronteira, 1984.
§§
“Música e fala — insistia — deveriam andar unidas, eram, no fundo, uma e a mesma coisa, a fala era música, a música um modo de falar; e, quando separadas, uma sempre evocava a outra, imitava a outra, servia-se dos recursos da outra, queria ser entendida como substituta da outra. Que a música pudesse ser verbo, antes de mais nada…”
– Thomas Mann, no livro Doutor Fausto’. [tradução Herbert Caro]. Nova Fronteira, 1984.
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“A relação entre música e vida não é somente a de um tipo de linguagem com outro tipo de linguagem, é também a relação do mundo completo dos sons com o conjunto do mundo visual.”
– Friedrich Nietzsche, no livro ‘Wagner em Bayreuth: quarta consideração extemporânea’. [introdução, tradução e notas Anna Hartmann Cavalcanti]. Editora Zahar, 2009
§§
“Nesse mundo das formas e do desconhecimento mútuo surgem as almas envolvidas pela música – para que fim? Elas se movimentam em ritmo amplo, livre, em nobre sinceridade, em uma paixão que é suprapessoal; elas ardem com o fogo poderosamente calmo da música que brota nelas de profundidades inesgotáveis”
– Friedrich Nietzsche, no livro ‘Wagner em Bayreuth: quarta consideração extemporânea’. [introdução, tradução e notas Anna Hartmann Cavalcanti]. Editora Zahar, 2009
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§§
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“A música é o vínculo que une a vida do espírito à vida dos sentidos. A melodia é a vida sensível da poesia.”
– atribuída a Ludwig van Beethoven, In: Bettina von Arnim em carta a Goethe (28 maio 1810)
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“Não morre aquele que deixou na terra a melodia de seu cântico na música de seus versos.”
– Cora Coralina, na ‘contracapa’ LP Cora Coralina – poesia. Comep/Paulinas, 1989.
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