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Nani Medeiros lança single duplo ‘Tantos Poetas’, com canções de Cristovão Bastos e Roberto Didio

“Tantos Poetas” é o título do novo trabalho da cantora brasileira Nani Medeiros, radicada em Lisboa desde 2019. O compacto reúne duas músicas inéditas do consagrado compositor, pianista e arranjador Cristovão Bastos em parceria com o poeta e compositor Roberto Didio, apontado já como um dos principais letristas da música brasileira na atualidade.
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Cristovão fez participação especial nas duas canções, arranjos e piano. E também participaram os talentosos violonistas Miguel Rabello (em “Tantos Poetas”) e João Pita (em “Amores Artistas”). As gravações aconteceram no auditório da Casa do Choro, no Rio de Janeiro.

A composição “Tantos Poetas” é uma ode ao ofício de letrar canções, citando mais de dez autores que influenciaram gerações, em diferentes gêneros e estilos, levando o fazer poético ao encontro do rico universo melódico que alicerçou a canção popular.
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“Amores Artistas” celebra os encontros de amor como obra de arte, simbolizados na multiplicidade de segmentos artísticos e seus respectivos criadores: cinema, arquitetura, música clássica, pintura, dança, arte circense e vinificação até.
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Nani Medeiros combina sutileza e força, tradição e contemporaneidade, divisão e segurança, emoção e precisão. Cantora de fado, canção, samba, bossa, choro, valsa. Parece tudo caber na beleza timbrada da voz dessa cantora que todos deveriam conhecer.

Nani Medeiros – foto de Melina Knolow

TEXTO DE HUGO SUKMAN
É Lisboa, sem dúvida uma de nossas cidades – nossa da língua portuguesa cantada, da música brasileira, por conseguinte – ou o Rio, tanto me faz, basta que tenha umas calçadas de pedra, a brisa atlântica a soprar, o azul do céu no Tejo ou no mar, e uma mulher a cantar (como “Vinicius também semeou”, já diz um dos versos que a moça está a cantar). Tanto faz mesmo, se no Rio ou em Lisboa, não importa, qualquer das duas cidades irmãs – se a de onde veio a língua macia e boa de cantar ou se a do berço da linda canção – é a ideal para se responder, cantando: “Quem depois de fazer chorar, faz sorrir?/É Aldir”. Ou celebrar “Quantos Brasis no papel/Paulinho Pinheiro criou”.
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A mulher a cantar é Nani Medeiros, brasileira que vive e canta em Lisboa (“uma cidade a cantar”, como certa vez Vinicius disse do Rio). Mas que gravou no Rio – ou melhor, na Rua da Carioca, no magnífico palco-estúdio da Casa do Choro – “Tantos poetas”, um samba canção moderno de Cristovão Bastos e Roberto Didio, dos versos citados acima, definições mais precisas como eu nunca vi de Aldir Blanc e Paulo César Pinheiro. Mas “Tantos poetas” é ainda mais que isso: uma ode aos poetas da canção, os letristas, os que se dedicam a colocar a língua portuguesa das formas mais belas e inventivas sobre as melodias dos compositores.
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“Tantos poetas” é, como se dizia antigamente, o Lado A do compacto simples (aka “single”, como se diz no português corrente de hoje) que Nani Medeiros lança agora no início de novembro nas plataformas digitais. O Lado B é outra canção de Cristovão e Didio, “Amores artistas”, que trata mais explicitamente da ponte sobre o Atlântico entre Brasil e Europa, o amor vivido como a uma obra de arte, tanto faz se quadro, circo, filme, arquitetura: “Encontrar você foi ganhar dos céus o sublime dom dos artistas/Abraçar você foi soltar as mãos/Num mortal de dois trapezistas/Contemplar você foi rever Truffaut/Repetir Buñuel no cinema/Foi erguer aqui construções ideais, geniais/Como fez Gaudí…”.

As canções de Cristovão Bastos e Roberto Didio são um acontecimento: é como se Cristovão, o consagrado compositor, pianista e arranjador, parceiro de Aldir Blanc, Chico Buarque e Paulo César Pinheiro – e tantos outros letristas espertamente citados na letra de “Tantos poetas” – chamasse a atenção para o mais jovem Didio, parceiro de tantos jovens compositores como Breno Ruiz, Miguel Rabello, Marcelo Menezes, Guilherme Neves, Renato Martins e já de mestres como Dori Caymmi, e o consagrasse. No auge da precisão criativa, Cristovão criou duas lindas melodias para o seu parceiro Roberto Didio brilhar. O resultado são duas músicas históricas, como as grandes canções de Cristovão. E um compacto perfeito, as duas composições conversando entre si, como nos antigos discos.
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E se tanto faz que isso acontecesse em Lisboa ou no Rio, a cantora só podia ser mesmo Nani Medeiros, não importa se lá ou cá. Da linhagem inaugurada por uma Elizeth e que vem vindo em Elis, Zizi, Leila, Monica e por aí – a de cantoras que combinam técnica perfeita com expressividade, contemporaneidade com tradição, timbre característico e divisões criativas – tinha que ser ela a ter a primazia de lançar tão belas e importantes canções. É como se a dupla de compositores, como já havia feito Cristovão a Didio, quisesse sublinhar a excelência da cantora, ainda pouco conhecida no Brasil por estar radicada há tempos em Portugal. Com um álbum, um EP e alguns singles lançados, Nani canta principalmente música brasileira em Portugal, mas também, e com muita propriedade, fados. Intérprete de outras canções do letrista, lançou no ano passado, neste sentido, “Mil Pessoas”, uma fado-choro de Mauricio Carrilho e Roberto Didio que, a partir dos heterônimos de Fernando Pessoa e dos gêneros musicais lisboeta e carioca, passeia pelas duas cidades.
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Agora, essa parceria e esse passear pelas melodias e pela língua portuguesa nas duas cidades, ganha um contorno mais definido. Com arranjos e piano de Cristovão, e os violões de Miguel Rabello em “Tantos poetas” e do parceiro de música e vida de cantora, João Pita, em “Amores artistas”, Nani Medeiros coloca sua voz a passear na rua principal da música brasileira, como um passeio no Bairro Alto se em Lisboa, se numa Carioca, Lapa e arredores revitalizados no Rio, a oportunidade de continuar a fazer canção brasileira de forma contemporânea. Afinal, como ela canta neste compacto, “Outros poetas virão/Mas não sem passar por Noel”. Ou seja, a coisa continua, com Cristovão, Didio, Nani…
— Hugo Sukman, Rio de Janeiro, outubro de 2024 —

Capa do Single duplo ‘Tantos Poetas’ • Nani Medeiros / part. especial Cristovão Bastos • Selo Loop Discos • 2024

SINGLE DUPLO ‘TANTOS POETAS’ • Nani Medeiros / part. especial Cristovão Bastos • Selo Loop Discos • 2024
Canções / compositores
1. Tantos poetas (Cristovão Bastos e Roberto Didio)
2. Amores artistas (Cristovão Bastos e Roberto Didio)
– ficha técnica –
Nani Medeiros (voz – fx. 1, 2) | Cristovão Bastos (piano, arranjo – fx. 1, 2) | Miguel Rabello (violão – fx. 1) | João Pita (violão – fx. 2) | Texto: Hugo Sukman | Capa: Abdu Zid | Gravado no palco-estúdio da Casa do Choro – Rio de Janeiro/RJ | Gravação, mixagem e masterização: Alexandre Hang | Selo: Loop Discos | Distribuição digital: ONErpm | Formato: Single duplo | Ano: 2024 | Lançamento: 1 de novembro | Ouça o single: clique aqui.

Cristovão Bastos, Nani Medeiros e Roberto Didio no palco-estúdio Casa do Choro – Rio de Janeiro

[eis, as letras]
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TANTOS POETAS
(melodia Cristovão Bastos / letra Roberto Didio)
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Letra de sangue na flor
Na voz de Dolores Duran
Versos, ponteios de amor
Torquato e José Capinan
Natureza faz emocionar
Serenar, aplaudir
Quem depois de fazer chorar
Faz sorrir
É Aldir
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Chico, Cacaso e Abel
Vinicius também semeou
Quantos brasis no papel
Paulinho Pinheiro criou
Outros poetas virão
Mas não sem passar por Noel
Tantos poetas, nem sei
Tantos que não conheci
Tantos que não mencionei
Aqui

***

AMORES ARTISTAS
(melodia Cristovão Bastos /letra Roberto Didio)
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Encontrar você
Foi ganhar dos céus
O sublime dom dos artistas
Abraçar você
Foi soltar as mãos
Num mortal de dois trapezistas
Contemplar você
Foi rever Truffaut
Repetir Buñuel no cinema
Foi erguer aqui
Construções, ideais
Geniais
Como fez Gaudí
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Desejar você
Foi beber a luz:
Um Château Petrus soberano
E beijar você
Foi ouvir Chopin
Sem tocar sequer no piano
Namorar você
Foi dançar Gardel
Num vagão de metrô nas estrelas
Foi pintar aqui
Um amor sideral
Surreal
Como fez Dalí

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>> Siga: @nanimedeiros | @di_di_o | @cristovaobastos | @loopdiscos
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Série: Discografia da Música Brasileira / MPB / Canção /  Single duplo.
* Publicado por ©Elfi Kürten Fenske

 

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