Na data em que completa 60 anos, Necka Ayala lança “Paradeiro” em todas as plataformas digitais. O EP autoral é o primeiro de um trabalho que registra os 60 anos da cantora e compositora gaúcha e será lançado em três partes.
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Todas as canções foram gravadas em estúdio, ao vivo, com voz e violão de Necka Ayala e todas as composições são da gaúcha, exceto “Meia-Taça”, parceria com Anaadi, cantora e compositora radicada em Paris que participa da gravação. “Meia-Taça” também é a única que tem o acompanhamento de Max Garcia (violão), Tuti Rodrigues (percussão), Felipe Câmara (guitarra) e Rômulo Gomes (baixo).

O EP traz cinco composições inéditas e uma única regravação, “Todos os Dias”, lançada por Necka em “Cavalo-Marinho” (2001), seu primeiro álbum.
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Necka Ayala compõe desde os 6 anos de idade, é parceira de Zé Caradípia, Alexandre Lemos, Mário Falcão, Sávio Andrade, Gisele de Santi, Gabriel Von Brixen e Ricco Nunes, entre outros, e já teve canções gravadas por nomes como Zizi Possi.

Necka Ayala – foto: Silvia Zamboni

PARADEIRO, por Nelson Coelho de Castro
Ao clicar no link do novo EP (Extended Play) “Paradeiro”, de Necka Ayala, logo escuto/vejo um amálgama doido de bom. Nas canções – além da prosa/poesia das letras, as melodias em si – uma outra melodia advém: a voz da Necka. Esse plasma síntese nos acompanha nas seis faixas da audição e nos remete, sem transição, ao encantamento.
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É o grão da sua voz – uma tessitura veludosa, madura e pungente – que vai edulcorando, uma a uma, as lindas canções que se revelam. Assim, Necka Ayala não transita pelas músicas apenas como intérprete de si mesma (cantautora). É como se o matiz do seu canto fosse uma “segunda melodia” que paira sobre a melodia principal da canção. Dessa forma, a sua voz imprime uma aura translúcida e cálida a cada fonema cantado.
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Nas canções encontramos o pretérito que abarca o presente, o desejo e a ausência – como o “the end” dum filme que não se quer ao fim. Esses elementos são cúmplices e transbordam o “eu lírico” da compositora quando escutamos os versos “Ao ver secar raiz e solo, flor e fruta, nas minhas mãos esteve tudo que foi teu”, de “7 Mil Dias Infindos”, ou “Se quer chegar deve ir, um passo de cada vez, acelerando e sentir, um pouco a terra a tremer”, nos versos do samba dolente “Meia Taça”, com parceria de Ana Lonardi, especialmente presente nessa faixa.

As gravações, captadas em estúdio, parecem mais como se fosse um disco “ao vivo”. Assim, nessa quentura, ficamos diante de Necka a poucos palmos de nós e se torna impossível não deixar a emoção plena se fundar.
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Para rematar, lembrei, mesmo nesses tempos acolá de modernos, daqueles toca-discos e de quando o braço voltava automaticamente e depositava sua agulha ao primeiro sulco do vinil depois de findar um lado. Foi o que aconteceu com “Paradeiro”, que ficou girando no meu “prato digital” eternamente durante horas e tudo se tornou tangível.
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Obrigado Necka Ayala por esse presente.
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Ouçam e sintam.

Capa do EP ‘Paradeiro’ • Necka Ayala • Selo Saravá Discos • 2024

EP ‘PARADEIRO’ • Necka Ayala • Selo Saravá Discos • 2024
Canções / compositores
1. 7 mil dias infindos (Necka Ayala)
2. Depois do amor (Necka Ayala)
3. Todos os dias (Necka Ayala)
4. Quarto minguante (Necka Ayala)
5. Arqui-Teto (Necka Ayala)
6. Meia-taça (Necka Ayala e Ana Lonardi Anaadi)
– ficha técnica
Necka Ayala (voz – fx. 1-6; violão – fx. 1-5) | Anaadi (voz – fx. 6) | Max Garcia (violão – fx. 6) | Tuti Rodrigues (percussão – fx. 6) | Felipe Câmara (guitarra – fx. 6) | Rômulo Gomes (baixo – fx. 6) | Gravado no Space Blues por Alexandre Fontanetti e no LabCMRD por Felipe Câmara | Mixagem e masterização: Felipe Câmara no estúdio LabCMRD | Produção: Necka Ayala | Fotos: Silvia Zamboni / Luz Claudia de Bem | Assessoria de imprensa: Adriana Bueno | Selo: Saravá Discos | Distribuição: ONErpm | Formato: EP digital | Ano: 2024 | Lançamento: 26 de agosto | ♪Ouça o EP: clique aqui.

PARADEIRO | Faixa a faixa, por Necka Ayala
1. 7 Mil Dias Infindos – Composta por volta de 2008, fala sobre a espera de um amor que não veio, a despeito de toda preparação feita a fim de recebê-lo.
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2. Depois do Amor – Recente, discursa sobre o que resta fazer depois de um fim – a contemplação.
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3. Todos os Dias – Regravação – a original consta no cd “Cavalo-Marinho” (2001), meu primeiro álbum, em versão voz e violão. Constatação de que, embora o objeto do desejo possa ir embora, o desejo causado por ele não cessa.

4. Quarto Minguante – Composta em São Paulo, onde estou morando, em 2023. Numa madrugada, indo fumar 1 cigarro na janela da área de serviço – única janela que permitia ver um pedaço pequeno do céu, a lua estava mínima e enfeitava o vidro. A reflexão sobre tudo que estava naquele momento pela metade, deu vazão à música.
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5. Arquiteto – Diante do estado físico de um amigo que partia, diante da visão nítida do corpo físico como sendo a morada de todos nós, diante da finitude, a conversa com a morte representada pelo vento. E a constatação de que é apenas 1 segundo o que define a hora da partida, quanto é apenas 1 segundo só, solitário, só seu.
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6. Meia-Taça – A letra foi escrita em meados de 2013 por mim e enviada a Anaadi, para que ela fizesse a melodia. Sentindo-se ainda imatura, não-pronta, Anaadi só foi compor a melodia em 2017, quando ambas estavam morando em Porto Alegre, terra natal das duas e dos músicos Max Garcia e Tuti Rodrigues. Samba dividido por elas nas vozes e com concepção de arranjo de Necka Ayala, porém com cada músico criando a forma para o seu instrumento, de modo livre.
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>> Siga:  @neckaayala
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Série: Discografia da Música Brasileira / MPB /  Canção / Álbum.
* Publicado por ©Elfi Kürten Fenske

Revista Prosa Verso e Arte

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