Novas apresentações de ‘Agamemnon – voltei do supermercado e dei uma surra no meu filho’. Consumo, descarte, abundância, miséria, descontrole climático e relações desumanizadas. Estas e outras questões estão presentes na montagem do texto do dramaturgo argentino Rodrigo García, dirigida por Soledad Yunge, que também assina a tradução.
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“Equilíbrio e perfeita distribuição de forças, no contexto de uma obra bem armada e resoluta, definem o que é que nos entrega Agamemnon – Voltei do supermercado e dei uma surra no meu filho. O ótimo elenco, bem posto diante de uma sequência de super-sólidas decisões acerca do material, ganha em performance e encontra uma autoral e nítida equalização sonora e gestual – É suficiente legenda, boa forma e nítido conteúdo para as camadas subjetivas e explícitas do bom texto de Rodrigo García (…)”. Trecho de crítica de Márcio Tito, do site DeusAteu.
Idealizada pela Cia. Arthur-Arnaldo, o espetáculo ‘AGAMEMNON Voltei do supermercado e dei uma surra no meu filho’ (2004), do dramaturgo argentino radicado na Espanha Rodrigo García, faz novas apresentações – e gratuitas – em novembro em dois locais, no Sesc Belenzinho e no Teatro Paulo Eiró (confira a programação abaixo).
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Na trama, um homem volta frustrado do supermercado, dá uma surra na sua família e resolve levá-la para jantar fora. No cardápio, asinhas de frango frito dividem espaço com doses de tragédia e esperança.
Ele precisa lidar com um problema que parece estranho a uma sociedade com tantas opções de serviços, produtos e marcas: essa abundância, na verdade, gera descarte, miséria, descontrole climático e relações desumanizadas.
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“Ele surta porque se vê aprisionado num sistema do qual não consegue sair”, afirma a diretora Soledad Yunge, que também assina a tradução do texto. Esse homem está imerso na permacrisis, termo utilizado para descrever um estado prolongado (ou permanente) de insegurança e instabilidade. Inclusive, esta foi escolhida a palavra do ano de 2022 pelo dicionário Collins. Em cena, o núcleo artístico do grupo: Carú Lima, Júlia Novaes e Tuna Serzedello.
Uma sociedade de excessos
Para a Cia. Arthur-Arnaldo, o excesso de resíduos é a melhor maneira de representar visualmente essa sociedade adoecida, centrada no consumo. Por isso, o cenário concebido por Julia Reis e Lucas Bueno (estúdio lava) é todo composto por material reciclável. Uma das inspirações é o coletivo espanhol Basurama, que se dedica à investigação, criação e produção cultural/ ambiental a partir de elementos descartáveis.
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Esse pensamento também estimulou as criações do figurinista Rogério Romualdo que propõe várias camadas de vestimentas, transmitindo para a plateia a ideia de acúmulo.
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“O texto fala sobre um sistema de consumo e acumulação, e quisemos focar na questão do descarte como resultado desse sistema. Até porque, é um ciclo que não tem fim: quanto mais se consome, mais se descarta, a ponto de vermos absurdos, como as montanhas de roupas jogadas no Deserto do Atacama, o oceano de plástico e as constantes tragédias ”, comenta Soledad Yunge.
Em termos de linguagem, a montagem de AGAMEMNON Voltei do supermercado e dei uma surra no meu filho da Cia. Arthur-Arnaldo opta por um trabalho a partir da linguagem do bufão e uma diversidade de procedimentos de movimento.
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“Rodrigo García é um artista que transita na linguagem da performance, mas esse não é o território de pesquisa da companhia. Para mim, este espetáculo está dividido em três partes: no começo, o elenco é quase como um mesmo corpo. Pesquisamos a linguagem do bufão somada a preparação corporal de Ana Paula Lopez. Em um segundo momento, o foco é a cumplicidade da relação dos intérpretes com a plateia. Por fim, a cena ganha outro tom, que joga com estereótipos de maneira mais precisa e coreografada”, detalha a diretora.
Um teatro jovem e combativo
Reconhecida por se dedicar ao teatro jovem, a Cia Arthur-Arnaldo decidiu enfrentar um desafio maior em AGAMEMNON Voltei do supermercado e dei uma surra no meu filho: continuar a pesquisa sobre o assunto pensando no que faz do teatro um tema de interesse para jovens.
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No começo do processo, o coletivo se reuniu com jovens. “No encontro, disseram que uma peça jovem tem crítica social, sede de mover uma estrutura para transformar o mundo, fala do presente para refletir sobre o futuro, não trabalha com estereótipos da juventude e trata de questões ambientais. E ainda arremataram: as gerações mais velhas nos deixaram um mundo destruído para viver”, conta Tuna Serzedello.
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Para o grupo, o texto de Rodrigo García reúne todos esses elementos. De acordo com Soledad, o autor provoca e mobiliza nossa mente e sentidos vertiginosamente, para nos acordar de um estado “corpo-máquina”.
A estreia dessa montagem é uma das ações previstas no projeto “Cia. Arthur-Arnaldo em obras – Jovens Inspirando”, contemplado pela 39ª edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo. Eu não sou só isso de Tuna Serzedello foi o segundo espetáculo deste projeto que encerrou sua temporada no mês de outubro/23.
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‘(…) Por iniciativa da Cia. Arthur-Arnaldo uma nova versão da peça é encenada em São Paulo com tradução e direção de Soledad Yunge. Por se tratar de um grupo que se dedica ao teatro jovem, Soledad optou por uma encenação bastante palatável e até didática, mas jamais tediosa ou esquecendo do alto poder de denúncia do texto ao consumismo desenfreado e às marcas que um capitalismo selvagem deixam no ser humano. Usando recursos clownescos, interpretações propositalmente exageradas, cenário coberto de material reciclável (de Julia Reis e Lucas Bueno), um originalíssimo uso das vestimentas (figurinos de Rogério Romualdo) e a bela iluminação de Junior Docini, Soledad cria um espetáculo colorido, vivo e provocativo deixando claras as intenções sócio-política (…)’. Trecho de crítica de José Cetra/ Palco Paulistano.
SINOPSE
Um homem volta frustrado do supermercado e, após espancar sua família, a leva para jantar fora. No cardápio: asinhas de frango frito, tragédia e esperança. Uma saída cotidiana que revela a tragédia da existência contemporânea no seu modo de produção capitalista e a imensa acumulação de lixo.
FICHA TÉCNICA
Direção do espetáculo: Soledad Yunge | Preparação corporal: Ana Paula Lopez | Elenco: Carú Lima, Júlia Novaes e Tuna Serzedello | Texto: Rodrigo García | Tradução: Soledad Yunge | Iluminação: Junior Docini | Músicas originais: Muepetmo | Cenário: Julia Reis e Lucas Bueno (estúdio lava) | Figurinos: Rogério Romualdo | Programação visual: Tuna Serzedello | Direção de produção: Soledad Yunge | Assistente de produção: Carú Lima | Fotos: Ana Helena Lima e Ana Matie | Realização: Cia. Arthur- Arnaldo da Cooperativa Paulista de Teatro | Assessoria de imprensa: Canal Aberto Comunicação / Márcia Marques
SERVIÇO
AGAMEMNON Voltei do supermercado e dei uma surra no meu filho
Duração: 60 minutos | Classificação: 14 anos
Ingressos gratuitos
Sesc Belenzinho
Dia 8/11, quarta, às 20h e dia 9/11, quinta, às 14h30
Endereço: Rua Padre Adelino, 1000, Belenzinho – São Paulo/ SP
Distribuição de ingressos: Retirada de ingressos com 1h de antecedência no local
Telefone: (11) 2076-9700 | sescsp.org.br/Belenzinho
Estacionamento
De terça a sábado, das 9h às 21h. Domingos e feriados, das 9h às 18h.
Valores: Credenciados plenos do Sesc: R$ 5,50 a primeira hora e R$ 2,00 por hora adicional. Não credenciados no Sesc: R$ 12,00 a primeira hora e R$ 3,00 por hora adicional.
Transporte Público
Metrô Belém (550m) | Estação Tatuapé (1400m)
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Teatro Paulo Eiró
Dia 10 /11, sexta, às 14h e às 21h, dia 11/11, sábado, às 21h e dia 12/11, domingo, às 19h.
Endereço: Av. Adolfo Pinheiro, 765, Santo Amaro – São Paulo/ SP
Telefone: (11) 5546-0449
Distribuição de ingressos: retirar na bilheteria com 1h de antecedência
Transporte Público
Metrô Adolfo Pinheiro (900m)
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