Dois estudos publicados no ‘The New England Journal of Medicine’ no final de novembro(2017) trazem dados promissores da 1ª classe de drogas desenvolvida especificamente para prevenção de enxaqueca.
Uma nova classe de drogas contra enxaqueca mostrou resultados promissores em dois estudos publicados no ‘The New England Journal of Medicine”. Desenvolvidas na forma de injeção, elas são o primeiro tratamento produzido especificamente para a prevenção da condição que, quando crônica, pode ocorrer 15 vezes ao mês, com duração de horas a dias em alguns pacientes.
Hoje, médicos usam medicamentos “emprestados” de outras condições, como o uso de anticonvulsionantes (topiramato e divalproato). Antidepressivos (amitriptilina) e medicamentos contra a hipertensão (propanolol) também pode são usados em alguns casos.
“É uma classe específica de prevenção da enxaqueca que traz uma outra perspectiva para o tratamento. Hoje, há medicamentos específicos, a classe dos triptanos, mas eles são usados para interromper a crise quando ela já ocorreu. Não são preventivos”, diz Mário Peres, neurologista e professor do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP e da Faculdade de Ciências da Saúde do Hospital Albert Einstein.
Mário Peres, que acompanha os estudos com a molécula, estima que uma das injeções (erenumabe) seja aprovada no primeiro semestre de 2018 no FDA (Food And Drug Administration, órgão que regula medicamentos nos Estados Unidos) e no segundo semestre pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Peres destaca que a principal vantagem das novas drogas é a tolerabilidade e a quase ausência de efeitos colaterais. Ele explica que medicamentos usados hoje para a prevenção podem causar perda de peso, problemas de memória (topiramato) ou ganho de peso (amitriptilina), dentre outros efeitos.
As injeções foram produzidas tendo em vista um achado da ciência: pesquisas anteriores demonstraram que pacientes com enxaqueca produziam maior quantidade de uma molécula: a CGRP (sigla para ‘Calcitonin gene-related peptide’).
Essa molécula é formada por 37 aminoácidos e foi descoberta há 30 anos. Localizada no cromossomo 11, ela tem sua produção mediada por um gene homônimo – por isso, o nome faz alusão ao gene (algo como ‘peptídeo relacionado ao gene da calcitocina’).
“Todas pessoas têm essa molécula, mas ela está presente em maior quantidade em indivíduos com enxaqueca”, explica Peres.
Estudo de revisão do “Physiological Review” publicado em 2014 menciona a função vasodilatadora da molécula. Ela aumenta o diâmetro de vasos sanguíneos, mecanismo que também está associado à enxaqueca. Esse alargamento do vaso, junto com outras substâncias químicas, deflagra o circuito de dor. A molécula também é conhecida por mediar outros processos de dor.
O neurologista Mário Peres cita que, hoje, há quatro laboratórios com drogas em teste visando o bloqueio da CGRP.
As injeções são anticorpos monoclonais. Essa classe de medicamentos já é usada para o tratamento do câncer e tem um comportamento curioso. Pesquisadores ‘clonam’ um anticorpo humano, que depois é treinado para reconhecer qualquer estrutura de interesse e eliminá-la — assim como fazem os anticorpos humanos. A estratégia ganhou o prêmio Nobel de 1984.
Cientistas, então, treinaram anticorpos para reconhecer CGRP e, então, bloquear a ação da molécula, diminuindo a dor. No “New England Journal of Medicine”, os estudos testaram duas injeções: o Erenumabe e o Fremanezumabe.
Na pesquisa com o erenumabe, foram recrutadas 955 pessoas: 317 receberam uma injeção subcutânea de 70mg; 319 receberam 140mg do medicamento; e 319 receberam placebo (substância sem a droga).
Pacientes que receberam 140mg do medicamento relataram uma redução de 50% ou mais no número médio de dias de crises de enxaqueca por mês. Já o grupo de 70 mg relatou redução de 43,3%, e o grupo placebo relatou redução de 26,6%.
Também pacientes relataram melhora na capacidade de realizar as atividades diárias, redução da intensidade da crise e diminuição no número de medicamentos utilizados para interromper a dor.
De modo geral, pacientes toleraram o medicamento e relataram dor no local da aplicação da injeção.
Já com o fremanezumabe, cientistas recrutaram 1130 pacientes: 376 receberam o fremanezumabe trimestralmente, 379 receberam o medicamento mensalmente e 375 receberam um medicamento placebo.
Pacientes que tomaram a injeção trimestralmente relataram diminuição de 50% no número médio de crises de enxaqueca por mês. No grupo que tomou uma vez por mês, a redução foi de 41%, e no grupo placebo a redução foi de 18%.
Além de dor no local da injeção, foram observadas anormalidades de função hepática em 5 pacientes em cada grupo que recebeu o medicamento e de 3 pacientes no grupo placebo.
* Este texto foi publicado originalmente no site do G1/Globo.
A doença é causada pela constrição e dilatação das artérias da cabeça, causando dor intensa no meio do crânio e, em alguns casos, pode também causar náuseas e vômitos.
A dor, sem causa aparente, pode acontecer em episódios isolados ou em condição crônica, em que os indivíduos relatam dores várias vezes ao mês com duração de horas ou mesmo dias.
A enxaqueca se difere da dor de cabeça comum por produzir dor latejante e geralmente em um só lado da cabeça. Além disso, o paciente apresenta sensibilidade à luz e barulhos durante o quadro.
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