Depois de três anos, os brasileiros poderão acompanhar o eclipse total da Lua na noite desta sexta-feira (27) em algumas regiões do país. Desta vez, o evento será especial: o eclipse avermelhado conhecido como “Lua de Sangue” será o mais longo eclipse do século 21!
O eclipse total estará visível por 1 hora e 43 minutos no leste da África e no sudeste da Ásia. No Brasil, dependendo da localidade, estará visível por cerca de uma hora.
“Quando a Lua aparecer no horizonte leste brasileiro no final da tarde, ela já estará eclipsada”, explica o astrônomo Gustavo Rojas, pesquisador da Universidade Federal de São Carlos e membro da Sociedade Astronômica Brasileira. “Somente a metade final do eclipse poderá ser observada do Brasil.”
Isso porque o início do eclipse total será às 16h30 (horário de Brasília), mas nesse horário a Lua ainda não é visível no Brasil. “Os recifenses serão os primeiros a avistar o eclipse.” Devido à inclinação da Terra, a Lua está um pouco ao sul do Equador. “Ela nasce em Recife um minuto antes de nascer em João Pessoa”, explica Thiago Signorini Gonçalves, professor de astronomia na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e membro da Sociedade Astronômica Brasileira.
Por lá, o astro vai apontar no céu às 17h15. E outras cidades nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul poderão acompanhar a fase total do fenômeno, previsto para terminar às 18h13.
Para saber o que será possível ver na sua região, consulte o gráfico abaixo e leve em conta duas informações: que horas a Lua nasce em sua cidade e qual a fase do eclipse estará vigente nesse instante.
Dessa maneira, por exemplo, dá para antever que em São Paulo será possível observar a fase total do eclipse por 34 minutos apenas – das 17h39, quando a Lua nasce, até as 18h13, quando acaba essa etapa do eclipse nessa faixa.
Fases do eclipse
Em algumas cidades brasileiras, a Lua nasce apenas depois das 18h13. Nesses casos será possível observar a fase parcial do eclipse, quando a Lua já tiver saído da região mais escura da sombra terrestre, conhecida como umbra.
A fase parcial termina às 19h19. “Após esse horário ainda será possível acompanhar a fase penumbral, que ocorre até as 20h28. Essa fase, entretanto, é muito sutil e quase imperceptível a olho nu”, explica o astrônomo. “Para observar o eclipse, procure um local com o horizonte leste desimpedido.” Utilizar binóculos e lunetas pode ser uma boa ideia.
Thiago Signorini Gonçalves explica que as cidades que avistam uma fase do eclipse conseguem ver as fases seguintes na sequência.
Ou seja, quem assistiu à fase umbral passa a ver a fase parcial a partir das 19h19 e a penumbral, “quase imperceptível”, a partir das 20h28.
Rojas explica que os eclipses lunares passam por três fases principais. A fase penumbral ocorre primeiro, e é quase imperceptível a olho nu. Nessa fase, a Lua atravessa a região mais externa do cone de sombra da Terra, a penumbra, onde a escuridão não é total.
“Quando a Lua começa a penetrar na região mais central da sombra terrestre, chamada umbra, inicia-se a fase parcial. Durante essa fase, é possível acompanhar a sombra terrestre lentamente preenchendo o disco lunar. Quando a Lua finalmente se encontra inteira na umbra, inicia-se a fase total.”
Ao final dessa fase, a lua atravessa novamente a porção parcial e finalmente a penumbral. “A duração completa deste eclipse, incluindo todas as fases, será de 6 horas e 13 minutos.”
Como acontece um eclipse?
Eclipses Lunares ocorrem quando o satélite natural da Terra atravessa a região de sombra que nosso planeta projeta no espaço. São eventos que ocorrem pelo menos duas vezes por ano em algum lugar do planeta. “O último eclipse lunar total visível do Brasil ocorreu em 27 de setembro de 2015 e o próximo será em 21 de janeiro de 2019.”
Mas por que “Lua de Sangue”? Durante o eclipse total, a Lua adquire uma coloração avermelhada em razão do desvio sofrido pela luz solar na atmosfera terrestre. “A atmosfera funciona como uma lente que desvia as luzes vermelha e laranja do sol, conferindo a cor avermelhada desse eclipse”, explica o professor de física Daniel Rutkowski, da Eseg (Escola Superior de Engenharia e Gestão).” Se a Terra não tivesse atmosfera, o eclipse ficaria totalmente escuro.”
Nos últimos anos, o termo “Lua de Sangue” entrou na moda, embora não seja comum entre os astrônomos. “É um termo popular. As faculdades acabam usando para chamar a atenção e conseguir ensinar alguma coisa sobre o assunto”, diz Rutkowski.
Quer fotografar a “lua de sangue”? Veja dicas.
A primeira dica para fotografar a “lua de sangue” é utilizar a maior lente ou o maior zoom possível de sua câmera ou telefone celular. Os profissionais utilizam lentes de 300 mm e 400 mm e ainda podem contar com a ajuda de um duplicador, que diminui ainda mais o ângulo de visão, causando a impressão de maior aproximação.
Você também precisará de um tripé. Lentes longas ou zoom ativado normalmente exigem que a câmera ou o aparelho não sofram nenhum tipo de trepidação ou movimento, por mínimo que seja. Quando isso acontece, a imagem sai borrada e a Lua parece como uma mancha branca na foto. O tripé também ajuda a dar nitidez à fotografia: um pequeno movimento do braço ou um passo para frente ou para trás pode tirar o foco da imagem.
Também é importante medir a luz da maneira mais precisa possível. No enquadramento para fotografar a Lua, temos uma grande parte escura no quadro, e isso, quase sempre, indica às câmeras a necessidade de mais luz. Mas, na verdade, elas não precisam porque a Lua é mais clara que o fundo. Podemos fotografar diversas vezes e perceber em que momento os detalhes da Lua se tornam visíveis.
Uma boa ideia é tentar uma composição com diversos elementos, como edifícios, árvores, estátuas. Eles destacam a proporção e orienta o olhar para a Lua. Mirar o astro entre prédios ou “apoiá-lo” sobre a mão de uma estátua é uma alternativa divertida.
Fonte: Uol.
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