SOCIEDADE

O que aconteceria se trabalhássemos quatro dias e descansássemos três?

Esta pode ser uma ideia não só agradável para todos os trabalhadores, como pode, segundo um sociólogo britânico, ajudar a salvar o mundo

E se, em vez de trabalhar cinco dias por semana e parar dois, passasse a trabalhar quatro e descansar três? Os benefícios a nível pessoal são claros: mais tempo para estar com a família, com os amigos, relaxar e dedicar-se às atividades que gosta. Mas, segundo Alex Williams, um professor de sociologia da Universidade de Londres, esta mudança pode também trazer benefícios para o mundo em geral.

Num artigo que escreveu para a BBC, o sociólogo refere que esta é uma medida fácil e que poderia vir a melhorar a economia e o meio ambiente. Em primeiro lugar, argumenta, apoiando-se num estudo dos economistas David Rosnick e Mark Weisbrot, que a redução do número de horas de trabalho relaciona-se com uma redução significativa do consumo de energia.

Com a passagem de cinco para quatro dias de trabalho semanais, reduzir-se-ia a quantidade de combustível utilizado nas deslocações, bem como a energia necessária para pôr o local de trabalho em funcionamento. Desta forma, as emissões de dióxido de carbono também seriam diminuídas o que constituiu, para Alex Williams, “uma forma mais simples e elegante de tornar a nossa economia mais amiga do ambiente”.

Esta experiência de redução de tempo de trabalho já foi feita antes e o sociólogo dá dois exemplos. O primeiro, em Utah, nos EUA, 2007. Este estado americano definiu que 17 mil dos seus empregados públicos trabalhariam de segunda a quinta-feira e que a sexta-feira seria mais um dia de descanso. Como resultado, esta experiência conseguiu salvar 1,8 milhões de dólares em energia no local de trabalho e o estado estimou que a redução da emissão de CO2 seria de cerca de 12000 toneladas por ano. No entanto, devido às reclamações dos habitantes que diziam não ter acesso aos serviços públicos, esta experiência terminou em 2011.

A outra experiência mencionada por Alex Williams, foi feita na Suécia, em 2015, pela empresa Svartedalens, um lar de idosos que decidiu reduzir o número de horas dos seus trabalhadores para seis diárias, sem cortar nos salários. Esta diminuição resultou no aumento da produtividade dos trabalhadores e na redução do número de doenças.

Obviamente que uma das questões ou objeções mais óbvias a esta proposta será: teremos capacidade para suportar esta ideia? A esta pergunta, o sociólogo responde que existem razões econômicas e tecnológicas suficientes para os governos, partidos políticos e outras instituições começarem a pensar realmente nesta possibilidade. E diz ainda: “em vez de trabalharmos mais horas para pouco benefício produtivo, devemos acomodar-nos a uma semana mais curta e a ajudar a salvar tanto o planeta como o nosso próprio bem-estar”.

Esta perspetiva é descrita num livro escrito pelo sociólogo, em coautoria com Nick Srnicek, também da Universidade de Londres, intitulado Inventing the Future. Os dois autores argumentam que os equipamentos automáticos poderão, brevemente, dar-nos uma nova perspetiva do mundo do trabalho, tornando os processos de produção mais eficientes e utilizando menos energia e menos trabalho humano.

Fonte: Revista Visão

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