A música “O tempo não para”, que ficou famosa na voz de Cazuza, foi primeiro gravada pela banda Hanói-Hanói na década de 1980. O grupo de pop rock era composto pelo cantor e compositor Arnaldo Brandão, além de ter o pianista e letrista cearense Ricardo Bacelar. “Nós e o Barão tínhamos – e temos até hoje – laços de amizade, porque tínhamos o mesmo empresário, que era o baiano Mário Almeida. Depois que o Cazuza saiu do Barão Vermelho, ele foi empresário do Cazuza também”, recorda Ricardo Bacelar.
Apesar da pouca proximidade entre os dois, o artista lembra: “O Cazuza era uma pessoa adorável e um grande artista. Ele era um roqueiro legítimo, com muito ‘feeling’. Quando subia no palco, sempre fazia sua performance com muita energia e era genial. A gente ficou com essa marca e esse vazio deixado pelo Cazuza”.
Para Ricardo, o cantor carioca foi um dos nomes da música brasileira que se tornou um mito. “As pessoas têm uma tendência a achar que os artistas são pessoas talvez especiais. E até são especiais mesmo. Mas são pessoas normais. Todos nós, os artistas, temos um talento para fazer música. E tem pessoas que viram mitos. O Cazuza realmente virou um mito, porque ele foi um personagem que teve uma trajetória, um comportamento, uma postura, uma bandeira que ele levantou contra o preconceito. Ele era a favor da liberdade e tinha letras muito bonitas”, opina.
– da matéria “O Tempo Não Para: as histórias do último show de Cazuza”. por Clara Menezes, In: O Povo, 23.4.2022.
O tempo não para
Disparo contra o sol
Sou forte, sou por acaso
Minha metralhadora cheia de mágoas
Eu sou um cara
Cansado de correr
Na direção contrária
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada
Eu sou mais um cara
Mas se você achar
Que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados
Porque o tempo, o tempo não para
Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta
A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas ideias não correspondem aos fatos
O tempo não para
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para
Não para não, não para
Eu não tenho data pra comemorar
Às vezes os meus dias são de par em par
Procurando agulha num palheiro
Nas noites de frio é melhor nem nascer
Nas de calor, se escolhe, é matar ou morrer
E assim nos tornamos brasileiros
Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro
Transformam um país inteiro num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro
A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas ideias não correspondem aos fatos
O tempo não para
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para
Não para não, não para
Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta
A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas ideias não correspondem aos fatos
Não, o tempo não para
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para
Não para não, não, não, não, não para
Compositores: Cazuza (Agenor de Miranda Araújo Neto) e Arnaldo Pires Brandão
Vídeo original do show
Nasceu no Rio de Janeiro no dia 4 de abril de 1958, foi batizado com o nome de Agenor Miranda de Araújo Neto, mas ficou nacionalmente conhecido por Cazuza. Teve uma certa dificuldade para descobrir que seu caminho era a música. Antes de fazer sucesso, foi funcionário da Som Livre, fez cursos de fotografia e trabalhou em peças teatrais. E, foi exatamente em um espetáculo teatral, “Pára-quedas do coração” que se viu fazendo o que queria: cantar. Em 1981 encontrou-se com as pessoas que viriam a ser companheiros de estrada. Conheceu Roberto Frejat, Dé Palmeira, Maurício Barros e Guto Goffi (guitarra, baixo, teclados e bateria, respectivamente) que estavam procurando um vocalista para a banda Barão Vermelho que, nesta época, ainda não tinham um trabalho próprio. Surgia aí a grande banda Barão Vermelho. | Saiba mais no site dedicado ao cazuza.
Com direção de Sandra Werneck e Walter Carvalho, longa-metragem foi baseado no livro “Cazuza: Só As Mães São Felizes”, escrito por Lucinha Araújo e pela jornalista Regina Echeverria. O enredo mostra a trajetória profissional e pessoal de Cazuza, desde o início de seus trabalhos como ator em uma peça de teatro até o fim de sua carreira solo. História foca também no período em que ele passou com a banda Barão Vermelho. O elenco tem Daniel de Oliveira, Marieta Severo, Débora Falabella, Reginaldo Faria e outros.
Onde: HBO Max; para alugar no Google Play, na Apple TV e no Amazon Prime Video
Documentário revela a trajetória do HIV e da Aids em território brasileiro. A partir de entrevistas com médicos, ativistas e pacientes, além de material de arquivo, filme mostra desde o início da década de 1980 até os dias atuais. Destaca, por exemplo, as primeiras campanhas de conscientização e a maneira como a sociedade compreendia o começo da epidemia. Dirigido por André Canto, longa-metragem ainda revela os impactos de Cazuza, que teve papel importante para as mudanças de perspectivas sobre o vírus.
Onde: na Netflix
:: Site Cazuza
:: Instagram@cazuza.oficial
:: Youtube Cazuza Oficial
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