– por Camila Gonzatto*
Dirigido por Eduardo Nunes, o filme é uma livre adaptação dos “Unicórnio” e “Matamouros”, da escritora brasileira Hilda Hilst.
Em uma paisagem montanhosa idílica, num tempo incerto, vivem sozinhas a mãe e a filha, que está entrando na adolescência. Elas vivem no campo e passam os dias numa rotina circular, que sempre envolve buscar água no poço e cozinhar no fogão à lenha. Perto da casa, há uma mata, onde a menina vê um unicórnio e colhe frutos venenosos de sua árvore favorita. Em um outro tempo-espaço, a mesma menina tem conversas filosóficas com o pai, que parece estar internado em um hospital psiquiátrico. Esse é o universo fabular em que o filme Unicórnio, dirigido por Eduardo Nunes, se desenvolve. O filme é uma livre adaptação dos contos Unicórnio e Matamouros, da escritora brasileira Hilda Hilst.
O equilíbrio frágil da vida de mãe e filha no campo é quebrado pela chegada de um pastor de cabras, que desperta desejo em ambas. Para a filha, é o despertar de sua sexualidade, que se mistura com dor, raiva e ciúmes da mãe. Para a mãe, é a redescoberta do seu próprio desejo e punção sexual, que pareciam estar adormecidos.
O clima fabular da história é reforçado pela direção de arte e pela fotografia, que trabalham, seja nos cenários ou figurinos, em tons terrosos e ocres. A natureza é mostrada em uma fotografia que puxa para os tons amarelos e cianos, quebrando o ar natural da paisagem e a colocando como parte uma narrativa ficcional, quase como uma pintura. A interpretação das atrizes Patrícia Pillar (mãe) e Bárbara Luz (filha) é comedida e delicada. O filme tem poucos diálogos, mas muitas trocas de olhares e sentimentos expressos através do corpo das personagens.
O resultado é um longa-metragem belo e sutil, no qual o tempo é dilatado e questões intrínsecas ao ser humano são colocadas em discussão, como a lucidez da loucura, a infância e o amor. Em vários momentos, contudo, o filme parece exagerar na tentativa de ser poético, criando, com seu fluxo narrativo, um certo distanciamento do espectador.
Autora/texto: * Camila Gonzatto é roteirista e diretora de cinema e televisão. Fonte: Goethe-Institut Brasilien.
Unicórnio, foi exibido no Festival de Berlim (2018) – mostra Geração.
Filme: ‘Unicórnio’
Sinopse: Maria, uma menina de 13 anos, está sentada num banco ao lado de seu pai. A conversa que eles tem ali conduz a narrativa do filme: acompanhamos a história na rústica casa de campo, onde ela mora com a mãe, e aguardam a volta deste mesmo pai. O cotidiano é cuidar da casa e da plantação. Mas ali perto mora um homem rude e bonito; um homem que cria cabras. A relação entre Maria, sua mãe e o homem cresce e torna-se trágica, a partir do momento em que eles permitem-se aos seus desejos.
Ficha técnica
Direção e roteiro: Eduardo Nunes – Produção: Fernanda Reznik & Izabella Faya – Fotografia: Mauro Pinheiro Jr, ABC – Arte: André Weller – Figurino: Luciana Buarque – Som: Roberto de Oliveira – Montagem: Flávio Zettel
Produtora: 3 Tabela Films.
Espetáculo solo do ator Roberto Camargo, dirigido por Luís Artur Nunes, põe em cena textos…
O single “Isabella”, canção de Leo Russo e Moacyr Luz chegou nas plataformas digitais. A…
O espetáculo “Eu conto essa história" apresenta três narrativas de famílias que cruzaram continentes e oceanos em…
A Companhia de Teatro Heliópolis apresenta o espetáculo Quando o Discurso Autoriza a Barbárie na Casa de Teatro Mariajosé de…
A Cia. Los Puercos inicia temporada do espetáculo Verme, no Teatro Paulo Eiró, localizado na Zona Sul de…
Memórias Póstumas de Brás Cubas, dirigido e adaptado por Regina Galdino, faz apresentações gratuitas em…