Quem acha que lugar de idoso é fazendo tricô sentado em uma cadeira de balanço é porque ainda não conhece o “Lata 65“. O projeto realizado nas ruas de Lisboa, capital de Portugal, promove oficinas que ensinam a arte do grafite de rua a “jovens” com mais de 65 anos.
A arquiteta e idealizadora do “Lata 65”, Lara Seixo Rodrigues, revelou que o principal objetivo do projeto é conectar as gerações mais velhas e mais jovens através da arte para ajudar os idosos a se envolverem em novas formas de arte contemporânea de uma maneira leve e divertida.
“Costumo dizer que a lata de spray de tinta tem algo de mágico que não sei explicar. Todo mundo gosta de experimentar e o idoso não é exceção. Claramente o “Lata 65″ se apresenta como um projeto de inclusão e integração deste grupo etário na própria cidade e os desperta para a arte na sua generalidade”, disse Lara.
O projeto foi criado em 2012, quando Lara, que também é co-fundadora do WOOL (Festival de Arte Urbana da Covilhã, em Portugal), foi desafiada a fazer um workshop de arte urbana para a 3ª idade, visto que as pessoas que mais se mostravam curiosas e interessadas nesse tipo de arte em outros eventos eram os idosos. Nas oficinas que serão realizadas nos próximos meses, centenas de idosos já demonstraram interesse.
No workshop, os alunos aprendem a história do grafite e o que é a arte urbana. Em seguida, criam as próprias marcas, os stencils (tipo de folha de papel fino que serve para moldar os desenhos) e, por fim, vão às ruas para pintar as paredes da cidade, em uma experiência de total liberdade onde usam tudo o que aprenderam. As oficinas do “Lata 65” são realizadas em ambientes de trabalho totalmente descontraídos, ideais para a aprendizagem das mais variadas técnicas de intervenção nas ruas, em trabalho direto com alguns dos melhores artistas urbanos da atualidade.
Desde o primeiro workshop, Lara afirma que é possível e desejável despertar, motivar e entusiasmar os mais idosos através da arte urbana, apresentando a estas gerações, novas atividades, novas técnicas, ditas dos mais jovens, como forma de escape e quebra de rotinas, gerando qualidade, jovialidade e bem estar em suas vidas.
“O nosso desejo é que a 3º idade, à qual todos chegaremos, seja olhada de outra forma e exista investimento de qualidade. Há um dos depoimentos, que se repete sempre e é muito importante para mim, que é: ‘hoje percebo aquilo que vejo pelas ruas'”, concluiu Lara.
Fonte (texto): O Dia (reportagem Victor Duarte)
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