Orquestra toca com regente norte-americano e solista escocês entre quinta-feira (8/jun) e sábado (10/jun); no domingo (11/jun), Osborne estrela mais uma FIP Clássica; performance de sexta (9/jun) será transmitida ao vivo no YouTube da Osesp.
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Dando continuidade à Temporada 2023 – Sem Fronteiras, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp estará novamente com o maestro norte-americano David Robertson na Sala São Paulo, entre quinta-feira (08/jun) e sábado (10/jun) – estes concertos terão também o pianista escocês Steven Osborne. Depois do programa da última semana, com obras que remetiam à natureza, o repertório destas apresentações joga luz sobre o século XX, com composições de Michael Tippet, Rachmaninov e John Adams. Depois, no domingo (11/jun), Osborne estará sozinho em nosso palco para mais um recital da Festa Internacional do Piano – FIP Clássica – ele interpreta a monumental Vinte Olhares sobre o Menino Jesus (Vingt Regards sur l’Enfant-Jésus), de Olivier Messiaen. Vale lembrar que a performance de sexta (09/jun), às 20h30, será transmitida ao vivo no canal da Osesp no YouTube.
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Michael Tippett (1905-1998) concluiu a escrita de seu Concerto para Piano em 1955, embora a obra tenha sido concebida quase uma década antes. Nesse ínterim, preocupou-se principalmente com a ópera The Midsummer Marriage (As Bodas de Verão), assim, a música da ópera permeia o concerto — as expansivas linhas orquestrais, a decoração abundante que faz pulsar a escrita musical e, sobretudo, o uso de uma celesta para inspirar mistério e mágica. Esses atributos afetam tanto sua escrita orquestral quanto a pianística. A obra é calma, reconfortante. Clímaces aparentemente iminentes são contornados; parágrafos espaçosos se abrem sobre panoramas amplos e visões minúsculas. Notável a respeito do concerto é ele ter sido escrito num momento em que a música europeia parecia rumar para um serialismo ansioso e fragmentado — de onde se deduzia ser de uma irrelevância pitoresca a redefinição de Tippett do estilo pastoral inglês. Temos aqui, contudo, um exemplo de um antídoto oferecido por Tippett ao clima de ameaças e dura austeridade do início dos anos 1950.
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A visão de um quadro do pintor suíço Arnold Böcklin (1827-1901), executada entre 1880 e 1886, numa mostra em Paris, levou o russo Sergei Rachmaninov (1873-1943) a compor o poema sinfônico A Ilha dos Mortos em 1908. O compositor escreveu a obra como um sugestivo roteiro da última viagem, aberto pelo compassar das resolutas remadas do barqueiro, traduzidas sobretudo nas cordas graves. Esse movimento francamente imitativo expande-se pelos demais instrumentos e se torna referência de fundo, ora incisiva, ora sutil, por vezes dando lugar a cromatismos com tonalidades sentimentais, que vão do patético ao lírico, da gravidade dos súbitos acordes ao devaneio de fugazes linhas melódicas. A estrutura significativa da peça está nesse diálogo dramático entre a regularidade obstinada das “remadas” e a renitente poesia da vida, o “infinito anelo” dos românticos, que aqui parece insistir numa última e lancinante busca de afirmação. A pintura ganha, assim, com a música, mais que timbres e alturas: ganha o andamento cadenciado ou os livres devaneios de uma narrativa musical. Ao final desse poema sinfônico, retorna o movimento dos remos implacáveis, que se vai distanciando até silenciar. O silêncio, aqui, tem foro especial: surge como materialização mesma do fim da última viagem. Convém ouvi-lo, antes de aplaudir.
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A Doctor Atomic Symphony, do norte-americano John Adams (1947-), é moldada como um único e prolongado movimento de 25 minutos, não muito diferente da Sétima Sinfonia de Sibelius, obra que teve profundo efeito sobre o pensamento composicional de Adams. A abertura, com seu tímpano pujante e abrasivas fanfarras ao estilo de [Edgard] Varèse nos metais, conjura uma paisagem devastada por uma explosão nuclear. A frenética “música de pânico” que se segue é proveniente de um dos quadros febris do “Segundo Ato” [da ópera homônima] que evocam a virulenta tempestade elétrica que fustigara o campo de teste horas antes da detonação da bomba. A música subsequente deriva dos momentos que descrevem a intensa atividade que antecede o teste. Ouve-se o general do exército estadunidense Leslie Groves, representado por uma música grosseira no trombone, repreender tanto os cientistas quanto seus subordinados militares; a música dá lugar à ritualística “dança do milho” dos indígenas Tewa daquele local. A sinfonia se encerra com o tratamento instrumental de um dos momentos mais memoráveis da ópera, um arranjo (originalmente para barítono, mas aqui executado pelo trompete solo) de Batter My Heart, Three Person’d God (Meu Coração, Deus Trino, Surrai), um dos Holy Sonnets (Sonetos Sacros) de John Donne.
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A Festa Internacional do Piano – FIP Jazz e Clássica tem o patrocínio do Bradesco, copatrocínio da igc e apoio do Mattos Filho, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Realização: Fundação Osesp, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Ministério da Cultura e Governo Federal – União e Reconstrução.
Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp
Fundada em 1954, desde 2005 é administrada pela Fundação Osesp. Thierry Fischer tornou-se Diretor Musical e Regente Titular em 2020, tendo sido precedido, de 2012 a 2019, por Marin Alsop, que agora é Regente de Honra. Seus antecessores foram Yan Pascal Tortelier, John Neschling, Eleazar de Carvalho, Bruno Roccella e Souza Lima. Em 2016, a Orquestra esteve nos principais festivais da Europa e, em 2019, realizou turnê na China. Em 2018, a gravação das Sinfonias de Villa-Lobos, regidas por Isaac Karabtchevsky, recebeu o Grande Prêmio da Revista Concerto e o Prêmio da Música Brasileira. Em outubro de 2022, a Osesp estreou no Carnegie Hall, em Nova York, realizando dois programas – o primeiro como convidada da série oficial de assinaturas da casa, o segundo com o elogiado projeto Floresta Villa-Lobos.
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David Robertson
O norte-americano foi Regente Principal e Diretor Artístico da Orquestra Sinfônica de Sidney, e atuou como Diretor Musical da Orquestra Sinfônica de Saint Louis por 13 anos, mas antes colaborou com a Orquestra Nacional de Lyon, na Ensemble InterContemporain – como um protegido de Pierre Boulez –, e foi Principal Regente Convidado da BBC Symphony Orchestra. Robertson é Diretor de Estudos de Regência e Professor Visitante na Juilliard School. Criou um laço com o Metropolitan Opera quando esteve à frente das produções Porgy and Bess (2019) e Così Fan Tutte (2018). Ganhou dois Grammys, um por Melhor Gravação de Ópera, em 2021, junto ao Metropolitan Opera; e outro junto à Orquestra Sinfônica de Saint Louis, com a gravação de composições de John Adams – incluindo o Concerto para Saxofone (uma encomenda da Osesp).
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Steven Osborne
Vencedor do prêmio de Instrumentista do Ano da Royal Philharmonic Society, em 2013, o pianista Steven Osborne é um dos músicos mais admirados da Grã-Bretanha. Foi músico residente na Wigmore Hall, em Londres, no Festival Internacional de Música de Bath, na Orquestra Sinfônica de Birmingham e na Orquestra Nacional Real Escocesa. Outros destaques orquestrais desta nova temporada incluem mais Beethoven e Mozart com a Orquestra Sinfônica da Rádio Finlandesa e com a Orquestra Nacional da BBC do País de Gales, assim como Ravel com a Filarmônica da BBC e Brahms com a Orquestra Sinfônica de Antuérpia. Como artista do selo Hyperion desde 1998, suas gravações acumularam numerosos prêmios no Reino Unido, França, Alemanha e Estados Unidos, incluindo dois Gramophone. Em seu quarto concerto na Série Internacional de Piano no Royal Festival Hall, Osborne tocará Vingt Regards Sur l’Enfant-Jésus de Messiaen, obra que gravou em 2002 e que também apresentará na Osesp.
PROGRAMAS
TEMPORADA OSESP: DAVID ROBERTSON E STEVEN OSBORNE
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ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO
DAVID ROBERTSON regente
STEVEN OSBORNE piano
Michael TIPPETT | Concerto para Piano
Sergei RACHMANINOV | A Ilha dos Mortos, Op. 29
John ADAMS | Doctor Atomic Symphony
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FESTA INTERNACIONAL DO PIANO – FIP CLÁSSICA: STEVEN OSBORNE
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STEVEN OSBORNE piano
Olivier MESSIAEN | Vingt Regards sur l’Enfant-Jésus
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SERVIÇO
8 de junho, quinta, às 20h30
9 de junho, sexta, às 20h30 – Concerto Digital
10 de junho, sábado, às 16h30
11 de junho, domingo, às 18h00 [FIP Clássica]
Endereço: Sala São Paulo | Praça Júlio Prestes, 16, Campos Elíseos
Taxa de ocupação limite: 1.484 lugares
Recomendação etária: 07 anos
Ingressos: Entre R$ 39,60 e R$ 258,00 [Osesp] e entre R$ 39,60 e R$ 143,00 [FIP Clássica] (preços inteiros)
Bilheteria (INTI): Neste link
(11) 3777-9721, de segunda a sexta, das 12h às 18h.
Cartões de crédito: Visa, Mastercard, American Express e Diners.
Estacionamento: R$ 28,00 (noturno e sábado à tarde) e R$ 16,00 (sábado e domingo de manhã) | 600 vagas; 20 para portadores de necessidades especiais; 33 para idosos.
*Estudantes, pessoas acima dos 60 anos, jovens pertencentes a famílias de baixa renda com idade de 15 a 29 anos, pessoas com deficiências e um acompanhante e servidores da educação (servidores do quadro de apoio – funcionários da secretaria e operacionais – e especialistas da Educação – coordenadores pedagógicos, diretores e supervisores – da rede pública, estadual e municipal) têm desconto de 50% nos ingressos para os concertos da Temporada Osesp na Sala São Paulo, mediante comprovação.
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A Sala São Paulo é um equipamento do Governo do Estado de São Paulo, por intermédio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, gerenciada pela Fundação Osesp, Organização Social da Cultura.
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> Imagem (capa da matéria) Fotomontagem: David Robertson – foto: Chris Lee / Steven Osborne – foto: Benjamin Ealovega / Osesp – foto: Gabriel Hirga
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