Cantora mineira lança nas plataformas digitais, versão completa do álbum duplo “Patrícia Ahmaral Canta Torquato Neto”, unificando no streaming os dois volumes já lançados separadamente. O novo formato perfila em bloco 19 faixas do cancioneiro do poeta, letrista e multiartista piauiense, gravadas por ela em tributo inédito. Patrícia inicia a divulgação em seu canal YouTube e redes sociais de um mini doc, onde conta sobre o histórico do trabalho, sonho antigo acalentado por ela e que ganhou a adesão de nomes como Jards Macalé, Paulinho Moska e Chico César, em participações especiais, além de Zeca Baleiro, na direção artística. Com as divulgações, Patrícia aponta para os 80 anos de nascimento de Torquato Neto (1944-1972), que serão celebrados em 2024.
STREAMING COM ALMA DE VINIL
Com a popularização do streaming e as transformações nos modos de divulgação da música, alguns projetos mais conceituais tendem a ficar com o conteúdo fragmentado nas plataformas digitais de áudio. Era o caso do álbum duplo, “Patrícia Ahmaral Canta Torquato Neto”, tributo ao poeta, letrista e multiartista piauiense, que a cantora lançou no streaming, por etapas, entre outubro de 2022 e agosto de 2023, através de singles e de dois volumes divulgados separadamente: “Um Poeta Desfolha A Bandeira – vol.1”, com nove faixas e “A Coisa Mais Linda Que Existe – vol.2”, com dez faixas.
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A intérprete lança finalmente versão completa e unificada, com as 19 faixas do projeto perfiladas, sob o título “Patrícia Ahmaral Canta Torquato Neto – Um Poeta Desfolha a Bandeira (1) & A Coisa Mais Linda Que Existe (2)”.
“Eu gostaria que as pessoas, mesmo no streaming, pudessem perceber o trabalho como um projeto, como um disco físico. Aquela sensação de abrir um LP, um vinil duplo, com um songbook do Torquato. ‘Fotografar´ as canções como um conjunto e perceber o percurso dos pensamentos dele, através do espectro do cancioneiro gravado no álbum, que revela também a diversidade de parceiros com que ele compôs”.
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Como letrista, Torquato Neto (1944-1972) compôs com nomes que vão de Gilberto Gil e Caetano Veloso a Edu Lobo e Jards Macalé, de Paulo Diniz e Geraldo Azevedo a Nonato Buzar e Carlos Pinto”. O álbum traz também parcerias póstumas criadas por por nomes como Zeca Baleiro e Chico César, revelando uma obra ainda em construção, mesmo 50 anos após a morte do artista.
TORQUATO X TORQUATO
Segundo Patrícia, a versão na íntegra agora lançada também permite confrontar mais amplamente o Torquato letrista, em obras como “Que Película” (parceria com Nonato Buzar) ou “Geléia Geral” (parceria com Gilberto Gil), criadas ainda em vida por ele, com o Torquato poeta, “transformado” em canções, em parcerias póstumas, como em “Go back”, em “Cogito” ou em “Quero Viver”, compostas respectivamente por Sérgio Britto (Titãs), Rogério Skylab e por Chico César, sobre versos do autor. Outro contraponto mais visível na nova versão do álbum, a do Torquato lírico-amoroso, abrigado no volume 2, em dez canções com suas letras de amor, com o Torquato do volume 1, das obras mais ligadas à Tropicália ou outras de outros períodos, de tons convocatórios, urgentes e confessionais, embora suas canções de amor sejam também atravessadas por esses afetos.
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Ainda sem oportunidade de produzir um disco físico, Patrícia acredita que o formato unificado no streaming contribua para que as pessoas entrem em contato com esses aspectos.
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O disco, que contou com direção artística de Zeca Baleiro e diversas participações especiais, é o primeiro songbook dedicado à gravação do cancioneiro com parcerias de Torquato Neto, que além de poeta, foi jornalista, cineasta e ator, figura emblemática na história da cultura nacional, um dos principais ativistas dos movimentos das artes nacionais de vanguarda dos anos 1960 e início dos 70, reconhecido como letrista revolucionário na canção brasileira moderna e parceiro em canções seminais da Tropicália – movimento do qual ajudou a pensar as bases. Em 2024 serão celebrados 80 anos de nascimento de Torquato, após, em 2023, suas obras terem sido declaradas “Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil”.
PARTICIPAÇÕES DE PESO
O disco contou com adesões importantes no diálogo com o repertório reunido pela intérprete, trazendo participações especiais da Banda de Pau e Corda, em “Louvação” (Gilberto Gil e Torquato Neto), Chico César, em “Quero viver” (Chico César e Torquato Neto), Jards Macalé, em “Let´s play that” (Jards Macalé e Torquato Neto), Maurício Pereira e Tonho Penhasco, em “Mamãe Coragem” (Caetano Veloso e Torquato Neto), e Projeto Moda de Rock , em “Marginália II” (Gilberto Gil e Torquato Neto), faixas do volume 1, e, no volume 2, participações especiais de Ná Ozzetti, em “Que Película” (Nonato Buzar e Torquato Neto), Paulinho Moska, em “Jardim da Noite (Esses Dias)” (Zeca Baleiro e Torquato Neto) e de Zeca Baleiro, em “Go back” (Sérgio Britto e Torquato Neto), faixa que também ganhou produção musical do compositor maranhense, em colaboração com o músico e produtor Érico Theobaldo.
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“São nomes de referência pra mim e na música brasileira e que nos ajudaram a provocar a obra do Torquato, promovendo conexões, como ele mesmo fazia. Um Torquato não se pode fazer só!”, brinca Patrícia.
PRODUÇÃO MUSICAL
A produção musical do trabalho, gravado na maior parte remotamente, durante o período pandêmico, é assinada pela dupla Marion Lemonnier (Honfleur-FR) e Walter Costa (Petrópolis), criando em conjunto, e por Rogério Delayon (Belo Horizonte), multiinstrumentista que integrava, no final dos anos 90, a banda que esteve com Patrícia, em noite na “Primeira Bienal Internacional de Poesia de Belo Horizonte”, apresentando o show “TorquaTotal”, idealizado pelos poetas Marcelo Dolabela (1957-2020) e Ricardo Aleixo, embrião que de alguma forma se desdobra neste álbum duplo, 25 anos depois. No processo remoto, as vozes de Patrícia foram gravadas em São Paulo, pela engenheira de áudio e produtora Gigi Magno, que as enviava para serem unidas às bases por Walter Costa, também responsável pela mixagem do projeto. O álbum foi realizado através de recursos da Lei Aldir Blanc e de campanha de financiamento coletivo.
MINI DOC
Junto ao lançamento do novo formato do álbum, Patrícia inicia também a divulgação, em seu canal YouTube e redes sociais, de um mini doc em que ela conta sobre o histórico do tributo gravado por ela. O mini doc, que será divulgado em pequenas “pílulas”, traz depoimentos de Patrícia e de pessoas que colaboraram no trabalho. O audiovisual tem concepção e edição da artista visual e escritora paulistana Camilla Loreta, que também conduziu a entrevista com Patrícia. O mini doc tem cerca de 35 minutos e três partes distintas: Introdução e Volume 1, Volume 2 e Entrevista.
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“Eu achei importante contar a história do álbum, porque é um projeto que se mistura um pouco com minha própria trajetória como artista, um sonho muito antigo. Também por conta das muitas colaborações envolvidas. Queria reverenciar e narrar sobre tudo isso. Um trabalho sincero da minha parte, ancorado no amadurecimento da ideia em torno do projeto ao longo do tempo e numa espécie de “não desistir”, na paixão por Torquato e no prazer de dialogar com esse repertório e com essa figura sensacional. Também não imaginava, lá atrás, que seria responsável por gravar um primeiro songbook dedicado ao Torquato. Quis criar um campo de memória em torno disso, onde a gente se cruza com ele nessa empreitada”
UM PROJETO DE 25 ANOS
O embrião desta homenagem de Patrícia a Torquato remonta ao final dos anos 1990. Ainda em início de carreira e ao lado dos músicos que a acompanhavam à época (Celso Pennini, Luís Patrício, Rogério Delayon e Thiago Corrêa) Patrícia Ahmaral apresentou, em noite especial na “1ª Bienal Internacional de Poesia de Belo Horizonte” (1998), o show “TorquaTotal”, espetáculo idealizado pelos poetas Ricardo Aleixo e Marcelo Dolabela (1957/2020) e roteirizado e dirigido pelo produtor Pedrinho Alves Madeira. À época, Dolabela comentou: “Patrícia recebeu e cumpriu a missão de pegar o ‘escorpião’ vivo, eletrificá-lo e destilar seus venenos em mais veneno.” De certa forma, o álbum de agora é um desdobramento daquele momento, mais de 20 anos depois, porém com o repertório modificado e ampliado, novas colaborações e pesquisas.
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“Anos atrás, conversando com o poeta e jornalista Paulo José Cunha, como eu também primo de Torquato Neto, lamentamos o fato das canções do letrista da Tropicália não terem sido revisitadas como num bloco de concreto: todas, as mais importantes do ponto de vista criativo e dos sentidos suscitados nos tempos de seus lançamentos. O mesmo sentimento de ausência obtive conversando com o maestro Geraldo Brito, piauiense, músico de alta voltagem, também parceiro de Torquato. Ele dizia: cara, está faltando… poque ninguém pensou nisso antes? Uma grande intérprete para grandes canções, verdadeiramente recriadas no verniz do tempo. Sabe aquelas coisas do destino? Pois aparece no meu radar uma certa cantora mineira, revelando uma enorme sensibilidade para a poética de Torquato Neto. Patrícia foi chegando pedindo autorização para cantar num espetáculo e numa coisa, em outra coisa…. e foi levando. Quando vi já estava encantado com seu canto personalíssimo e a aguçada sensibilidade. Não fiquei amigo da pessoa – que certamente não conheço a não ser pelos contatos ocasionais. Fiquei amigo da musicalidade da Patrícia, dos parceiros que ela atraiu e dos resultados que apresenta. Já me sinto íntimo. Senhora, Dona Cantora, manda logo tudo pra ouvir de vez, em bloco, como um torpedo com a potência criativa do pássaro de fogo. Você seguiu a regra: chegou pelas brechas, fazendo e cantando. Siga.”
– George Mendes (Curador do Acervo Artístico Torquato Neto – Teresina/PI)
“Torquato Neto é pedra fundamental da poesia da canção brasileira moderna (e não só). Sua obra musical, ainda que constantemente revisitada em coletâneas e tributos, vive dispersa por aí, atual e influente sempre, mas espalhada no vento tropical do Brasil, confundida com seu mito de gênio trágico. Nunca dantes havia sido contemplada da forma apaixonada e exclusiva com que Patrícia Ahmaral agora o faz neste álbum duplo. Patrícia dividiu o repertório do poeta em um volume mais, digamos, existencial, e outro mais lírico/amoroso, embora em Torquato tudo se misture e se confunda. Na poesia de Torquato tudo é caos. Por isso também é explosão de beleza. Como belo é este tributo feito com fervor devoto, delicado e furioso artesanato, brasileiro até o osso. Senhoras e senhores, desfrutem com prazer deste Torquato total!”
– Zeca Baleiro
TORQUATO NETO – do TROPICALISMO ao TORQUATISMO*
– por Marcelo Dolabela (1957-2020) – Poeta, crítico e pesquisador musical
Gilberto Gil, na época do festival Phono 73, cunhou uma frase-aforismo que pode ser usada como resumo das propostas tropicalistas: Há várias formas de fazer música brasileira.
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Eu prefiro todas. Já li que esta frase é de Caetano Veloso, mas não muda nada. A ideia de síntese é que interessa. Assim, mutatis mutandis, vendo, hoje, a Tropicália, no passar dos anos, podemos parafrasear: Há várias formas de Tropicália. Os tropicalistas foram todas.
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A força, cada vez mais reconhecida da Tropicália, não está na unicidade de proposta e de ação, mas na multiplicidade. Cada tropicalista foi, a seu modo e feitio, uma Tropicália. A dialética nos permite afirmar e negar ao mesmo tempo. Ou a Tropicália é Caetano Veloso ou é Tom Zé. Ou é Tom Zé e Caetano Veloso. Ou não é Caetano Veloso e nem é Tom Zé. Ou é e e/ou nem. Porém, o mais classificável e inclassificável dos tropicalistas, sem dúvida, foi, é e será o poeta e agitador cultural Torquato Neto. Torquato tem o escorpião tropicalista encravado em sua própria carne e, ao mesmo tempo, foi, na ressaca pós-exílio de Caetano Veloso e de Gilberto Gil, um anti-, ou melhor, um pós-tropicalista, que buscou e realizou, com a própria vida, um dia seguinte, para continuar seguindo. Existem vários Torquato. O da pré-Tropicália, de: Nenhuma dor, parceria com Caetano Veloso; Pra dizer adeus, Lua nova e Veleiro, com Edu Lobo; A rua, Louvação, Minha Senhora e Zabelê, com Gilberto Gil; Rancho Da Rosa Encarnada, com Geraldo Vandré; O tropicalista, de: Ai de mim, Copacabana, Deus vos salve essa casa santa e Mamãe, coragem, parceria com Caetano Veloso; A coisa mais linda que existe; Domingou, Geléia Geral e Marginália II, com Gilberto Gil. O pós-tropicalista, de: Todo dia é dia D e Três da madrugada, com Carlos Pinto; e Let’s play that, com Jards Macalé. Ainda há o Torquato da margem da margem, em parcerias variadas, de Nonato Buzar a Geraldo Azevedo. E, mesmo, o Torquato pós-Torquato, em parcerias póstumas. A mais conhecida e, hoje, o seu maior sucesso é Go back, poema musicado por Sérgio Britto e lançado pelos Titãs. Mexer com este Escorpião requer tato e talento, cuidado e carinho. Pois, como cantou Gregório de Matos, é difícil relacionar o todo com a parte, sem que a parte vire o todo e o todo engula a parte. Canta Gregório: O todo sem a parte não é todo, / A parte sem o todo não é parte, / Mas se a parte o faz todo, sendo parte, / Não se diga, que é parte, sendo todo. A cantora Patrícia Ahmaral, em 1998, em espetáculo na e para a Primeira Bienal Internacional de Poesia de Belo Horizonte, topou e deu conta da proposta. Pegar o Escorpião vivo, eletrificá-lo e destilar seus venenos em mais veneno. A história de álbuns-tributos, discos-homenagens, coletâneas e antologias de um determinado compositor já possui uma longa trajetória. Começou com os antológicos álbuns de Aracy de Almeida, ainda na fase do 78rpm, em 1951, que reuniram grandes sucessos de Noel Rosa, que, na época, estava totalmente esquecido, passa pelo período áureo da Bossa Nova e chega aos dias atuais.
Aracy de Almeida fez o primeiro e, talvez, o ainda melhor modelo. Pois não realizou um ajuntamento de canções, mas um song book, na melhor tradição do jazz norte-americano.
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Isto é, selecionou e mostrou o quanto ainda era moderno o repertório do Poeta da Vila. A obra de Torquato Neto já foi compilada em três coletâneas. Porém, o caráter ainda era de reunião, não de atualização ou de leitura. Assim, este CD-duplo de Patrícia Ahmaral, é o primeiro song book do artista multimídia Torquato Neto. Pois não faz um simples censo de sua obra, mas quer mostrar sua unidade temática entre suas três principais fases – a pré-tropicalista, a tropicalista e a pós-tropicalista, ou melhor, a da marginália. Mostrando, assim, sua multiplicidade temática, ideológica e existencial, numa estética do choque e do confronto de obras, ou de lâminas, como bem disse o poeta-crítico Ezra Pound, pondo frente a frente canções como Louvação, da primeira fase, com Let’s play that, da marginalia. Torquato Neto é um dos poucos que se insere no seletíssimo grupo de artistas que, após a morte, tiveram mais obras lançadas do que quando atuava. Está ao lado de Carlos Drummond de Andrade, Paulo Leminski e Vinícius de Morais. O ano de 2022 trouxe as efemérides dos 55 anos de Tropicália – levando em conta que Alegria, Alegria, de Caetano Veloso, e Domingo no Parque, de Gilberto Gil, foram lançadas em um festival da canção em 1967; e os 50 anos de morte de Torquato Neto. O momento é preciso e ainda continua divino, maravilhoso, mas perigoso. Os tropicalistas sobreviventes estão aí, desafiando e desafinando – a seus modos – os coros. Nara Leão, Rogério Duprat e Torquato Neto já se foram. Mas o pulso ainda continua pulsando.
E Torquato Neto, mais do que todos os outros, precisa sair da passiva e cômoda posição na qual a crítica e a historiografia pretendem localizá-lo e aprisioná-lo: na camisa-de-força de mero poeta-suicida.
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A Tropicália quis ser e foi o grande exercício de arte total na cultura brasileira. Onde os limites foram quebrados: não mais simplesmente: intérpretes, músicos, compositores, arranjadores, letristas, artistas visuais, mas tudo ao mesmo tempo sempre. A obra de Torquato Neto é esta pluralidade: poeta e ator; jornalista e visionário; pirado e agitador; tropicalista e torquatista. E, quanto mais sua obra é vista e revista, mais a geléia geral vira osso e medula.
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*Texto produzido para apresentação do álbum tributo em editais culturais. Foram feitas atualizações temporais, sem interferências no conteúdo.
NOVA CAPA
Para o lançamento do novo formato, o projeto ganhou capa digital, criada pelo designer gráfico Chico Amaral, premiado artista visual, irmão da artista, trazendo a imagem de Patrícia, criança, em foto de 1972, e foto de Torquato, adulto, de 1971, marcando a diferença entre as gerações e sugerindo a perspectiva de temporalidade e reverência na relação da mineira com a obra do piauiense. As duas fotos foram colorizadas por inteligência artificial.
DISCO ‘PATRÍCIA AHMARAL CANTA TORQUATO NETO’ • Patrícia Ahmaral • Selo Independente / Tratore • 2023
— Este Torquato em canções é dedicado a Marcelo Dolabela (na memória) —
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VOL. I – ‘UM POETA DESFOLHA A BANDEIRA’
1. Marginália II (Gilberto Gil e Torquato Neto) | Participação especial Moda de Rock
2. Ai de mim, Copacabana (Caetano Veloso e Torquato Neto)
3. Let´s play that (Jards Macalé e Torquato Neto) | Participação especial Jards Macalé (voz e violão)
4. Três da madrugada (Carlos Pinto e Torquato Neto)
5. Louvação (Gilberto Gil e Torquato Neto) | Participação especial Banda de Pau e Corda
6. Geléia geral (Gilberto Gil e Torquato Neto)
7. Mamãe, coragem (Caetano Veloso e Torquato Neto) | Participação especial Maurício Pereira e Tonho Penhasco
— Incidental: Deus vos salve essa casa santa (Caetano Veloso e Torquato Neto)
8. Quero viver (Chico César e Torquato Neto) | Participação especial Chico César
— Incidental: Soy Loco Por Ti América (Gilberto Gil e Capinam)
9. Cogito (Rogério Skylab e Torquato Neto)
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VOL. II – ‘A COISA MAIS LINDA QUE EXISTE’
Canções / compositores
1. Um dia desses eu me caso com você (Paulo Diniz e Torquato Neto)
2. Eh morena (Zé Roraima e Torquato Neto)
3. Jardim da noite “Esses dias” (Zeca Baleiro e Torquato Neto) | Participação especial: Paulinho Moska
4. A coisa mais linda que existe (Gilberto Gil e Torquato Neto)
5. Go back (Sérgio Britto e Torquato Neto) | Participação especial: Zeca Baleiro
6. Minha Senhora (Gilberto Gil e Torquato Neto)
7. O nome do mistério (Geraldo Azevedo e Torquato Neto)
8. Que película (Nonato Buzar e Torquato Neto) | Participação especial: Ná Ozzetti
9. Zabelê (Gilberto Gil e Torquato Neto)
10. Pra dizer adeus (Edu Lobo e Torquato Neto)
– ficha técnica –
VOLUME 1 – Patrícia Ahmaral (voz – fx. 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9; vocais – fx. 1, 2, 4, 5, 6, 7, 8) | Ricardo Vignini (violão, arranjo – fx. 1) | Zé Hélder (viola, arranjo – fx. 1) | Bruno Santos (percussão – fx. 2, 6; arranjo – fx. 2) | Celso Pennini (guitarras, arranjo – fx. 2, 6) | Luís Patrício (bateria – fx. 2, 6; arranjo – fx. 2) | Rogério Delayon (guitarras – fx. 2, 4, 6; vocais – fx. 2; arranjo – fx. 2; violão nylon – fx. 4; e-bow – fx. 4; percussão – fx. 6; guitarra efeitos – fx. 7; guitarra, guitarra baiana, banjo cavaco, bandolim – fx. 8; violões, palhetas, charango – fx. 9) | Thiago Corrêa (baixo, arranjo – fx. 2; contrabaixo- fx. 6) | Jards Macalé (voz, violão, arranjo – fx. 3) | Chico César (voz, vocais – fx. 8) | Marion Lemonnier (piano – fx. 4, 8; synths – fx. 4, 6; loops – fx. 4, 8; efeitos – fx. 4; teclados – fx. 6, 8) | Sérgio Andrade (voz, vocais – fx. 5) | Alexandre Baros (percussão, vocais – fx. 5) | Júlio Rangel (viola, vocais – fx. 5) | Sérgio Eduardo (contrabaixo – fx. 5) | Yko Brasil (flauta – fx. 5) | Zé Freire (violão, vocais, arranjo – fx. 5) | Maurício Pereira (voz, vocais, arranjo base – fx. 7) | Tonho Penhasco (guitarra, arranjo base – fx. 7) | Fernando Nunes (contrabaixo – fx. 8) | Loco Sosa (bateria, congas – fx. 8) | Richard Fermino (trompas – fx. 9) || Produção musical: Walter Costa e Gigi Magno (fx. 1); Rogério Delayon (fx. 2, 6, 9); Walter Costa (fx. 3); Marion Lemonnier e Walter Costa (fx. 4, 8); Alexandre Baros (fx. 5); Chico Bernardes, Gigi Magno, Rogério Delayon (fx. 7) ||| VOLUME 2 – Patrícia Ahmaral (voz e vocais – fx. 1-9; voz e coro – fx. 10) | Paulinho Moska (voz e vocais – fx. 3) | Zeca Baleiro (vocais – fx. 4; voz, vocais e beatbox – fx. 5) | Ná Ozzetti (voz, vocais – fx. 8) | Marion Lemonnier (synths e loops – fx 1: synths, teclados e loops – fx. 2; teclados – fx. 5; vocais e synths – fx. 7; teclados e loops – fx. 8; piano e synths – fx. 9) | Rogério Delayon (violão nylon – fx. 1; cavaquinho, guitarra, violão nylon – fx. 2; bandolim e guitarras – fx. 3; banjos, calota de fusca, taco de madeira e vocais – fx. 4; ukulele – fx. 5; baixo, guitarra, programações, teclado e violão nylon – fx. 6; guitarras, violão aço e violão nylon – fx. 7; cavaquinho – fx. 8; violão nylon – fx. 9) | Lui Coimbra (rabecas – fx. 1) | Tatá Sympa (acordeon, teclados – fx. 3) | Érico Theobaldo (baixo, bateria, teclados e programações – fx. 5) | Marcelo Lobato (bateria sampleada – fx. 1, 2) | Kuki Stolarski (bateria – fx. 3) | Mafran do Maracanã (percussão sampleada – fx. 7) | Jam da Silva (percussão sampleada – fx. 8) | Bruno Santos (percussão – fx. 1, 8) | Thiago Corrêa (baixo – fx. 3) | Dunga (baixo – fx. 1, 9) | Swami Jr. (violão 7 cordas – fx. 10) | Richard Fermino (clarinete, trombone, trompete e tuba – fx. 4) | Sintia Piccin (clarinete – fx. 4) || Direção artística: Zeca Baleiro | Produção musical: Marion Lemonnier e Walter Costa (fx. 1, 2, 7, 8, 9) / Rogério Delayon (fx. 3, 4, 6) / Érico Theobaldo e Zeca Baleiro (fx. 5) / Zeca Baleiro (fx. 10) | Arranjos: Marion Lemonnier (fx. 1, 2, 8, 9) / Rogério Delayon (fx. 3, 4, 6) / Zeca Baleiro (fx. 5) || Arranjo vocal: Márcio Santana e Zeca Baleiro (fx. 10) || DO VOL. I / VOL. II – Produção executiva e pesquisa: Patrícia Ahmaral | Direção artística: Zeca Baleiro | Produzido por: Marion Lemonnier, Rogério Delayon e Walter Costa / coproduções indicado em cada volume na ficha técnica | Gravado entre abril de 2021 e abril de 2023, em home studios de produtores e músicos participantes, em Belo Horizonte, Petrópolis, Rio de Janeiro, São João Del Rey, São Paulo e Honfleur (FR) e nos estúdios, Ímã (São Paulo), Kuaré (Rio de Janeiro), Pink Zebra (São Paulo), Quase 9 (Rio de Janeiro), Toca Do Leão (Belo Horizonte) | Engenheiros de áudio: André Cabelo, Beto Mendonça, Chico Bernardes, Diego Do Valle, Henrique Matheus, Marcílio Moura, Marion Lemonnier, Rogério Delayon e Walter Costa | Edições adicionais e gravação de vozes Patrícia: Estúdio Eletrola, por Gigi Magno | Gravação voz Paulinho Moska: Estúdio Fábrica de Chocolate, por Nilo Romero | Gravação vozes Ná Ozzetti e Patrícia Ahmaral, faixa 8: Estúdio 185 Apodi, por Beto Mendonça | Mixagem: Walter Costa – Estúdio Focal Point, Petrópolis/RJ | Masterização: Maurício Gargel – Estúdio Maurício Gargel Audio Mastering, São Paulo/SP | Projeto gráfico de capa e “encarte” digital: Chico Amaral | Fotos: Kika Antunes | Assistente de fotografia: Ester Antunes | Fotos de Torquato Neto: Acervo Artístico Torquato Neto | Figurino: Ronaldo Fraga | Calçado: Virgínia Barros | Visagismo: Cláudio Patrício | Produção executiva em ‘Let´s play that’: Daniele Ramalho | Produção Jards Macalé: Rejane Zilles | Produção executiva em ‘Louvação’: Rafael Moura | Assessoria de imprensa: Tambores Comunicações e Ana Paula Romeiro | Promoção digital: Palco Digital | Agradecimento especial: ao Acervo Torquato Neto, Júlio Moura e Ricardo Aleixo | Selo: Independente | Distribuição: Tratore | Formato: CD Duplo / Digital | Ano: 2023 | Lançamento: 29 de dezembro | ♪Ouça o álbum: clique aqui
**Gravado com recursos da Lei Aldir Blanc (Editais – MG/2020) e através de campanha crowdfunding.
VIDEOCLIPES DO PROJETO
– Patrícia Ahmaral e Zeca Baleiro | “Go back” (Sérgio Britto e Torquato Neto), feat Zeca Baleiro – faixa do volume 2 – Videoclipe
– Patrícia Ahmaral e Paulinho Moska | “Jardim da Noite (Esses Dias)” (Zeca Baleiro e Torquato Neto), feat Paulinho Moska – faixa do volume 2 – Videoclipe
– Patrícia Ahmaral | “Eh Morena” (Zé Roraima e Torquato Neto) – faixa do volume 2 – Videoclipe
– Patrícia Ahmaral e Jards Macalé | “Let´s play that” (Jards Macalé e Torquato Neto), feat Jards Macalé – faixa do volume 1 – Videoclipe
“- para mostrar: um coração de ponta a retaguarda de detrás do fogo a faca o ferro deste amor – a louca revolução o beijo preso, famoso, na garganta. sento-me para aplicar os dedos à memória, e escutar as conversas repetidas no brejo das almas. aprender que tudo vale a pena porque a vida vale a pena e vai passando. um homem e sua mesma vida. eu gostaria de ser, sempre, como quando estou ausente e não me importo porque a minha mesma vida é com os outros – é, quanto mais, eu vivo e ausente me deixo ver melhor. é aí que sou inteiramente ativo, é fundamente despedir-me. paris, 25 de julho de 1969. um coração de ponta e não de pedra ou posição de cais. eu sempre quis fazer um filme e um poema, um livro, uma escultura: a própria (pura) fé/bricação, febre, tesão. não devo interromper. devo sentar-me agora? para mostrar a retaguarda de detrás do fogo por onde passo aqui no ano atrasado daqui a um mês na nicarágua. a faca que não uso o ferro deste amor. que fosse um filme e o resto num só tempo que eu celebraria intensamente para a minha glória e o meu prazer. me impressiona muito o que me lembro me intenciona muito e me confirma. ou então não vivo e subtraio-me. hoje paris está passando com seus tabac e suas cantigas. a cantiga do automóvel passando e dos diversos passos que escuto agora enquanto bato a máquina e me desperta o seu ruído. está faltando rothmans em paris estão faltando cartas do brasil cheiro de são paulo filmes de ipanema, a louca revolução e beijo. preso. a peça é condoreira quando chora e realista quando canta. não tenho mais vontade estou absolutamente branco e o que me importa a linha do horizonte se foi preciso aprendê-la? faz poucos dias que minha loucura levou-me à lua onde pisei. agora me divirto em conservá-la e acostumar-me a vê-la como coisa minha. estou aqui para compreender o assunto com meus sentidos. não é mais difícil nunca foi mais difícil, nunca.
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– sento-me para escrever. estou apenas ligeiramente tonto, ainda – e em paris são apenas quase duas horas da manhã e ana está na cama deste quarto de hotel, lendo uma revista e sofrendo grandes sentimentos sobre mim. (…)
– (…) mas no brasil, que é um país sentimental. que é um país sentimental porque é um país musical e não tem para onde correr. (…)
——–
paris, esta cidade – torquato neto – frança vendredi, assim. [Textos escritos por Torquato, durante seu auto exílio na Europa].
>> Sobre Torquato Neto – acesse aqui e aqui.
SOBRE PATRÍCIA AHMARAL
Patrícia Ahmaral iniciou carreira nos anos 90. Seu CD de estreia, Ah! (1999), foi produzido por Zeca Baleiro. Depois vieram Vitrola Alquimista (2004) e Superpoder (2011), produzidos respectivamente por Renato Villaça e Fernando Nunes. Após um hiato na carreira, em 2022 concretizou um sonho acalentado há anos e lançou, nas plataformas, o primeiro volume de um álbum tributo ao poeta piauiense Torquato Neto. Em seus discos anteriores, ela reverencia com paixão obras de autores como Walter Franco, Sérgio Sampaio e Alceu Valença, além de expoentes de sua geração, como Chico César, Zeca Baleiro e nomes da cena independente, como Edvaldo Santana e Suely Mesquita. E faz leituras de clássicos, como A Volta Do Boêmio (Adelino Moreira) e Não Creio Em Mais Nada (Totó). É formada em canto lírico pela UFMG. Em seu trabalho de maior visibilidade, gravou na primeira exibição da novela Xica Da Silva (Rede Manchete) os temas de abertura e do personagem principal, na trilha sonora de Marcus Viana. Vem despontando também como compositora e prepara álbum autoral para final de 2023/início de 2024.
>> Patrícia Ahmaral na rede: Site | Instagram | Youtube | Facebook | Linktree..
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Série: Discografia da Música Brasileira / MPB / Canção / álbum.
* Publicado por ©Elfi Kürten Fenske
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Pensamentos noturnos Tão belas na rútila luz soberana, Guia do navegante aflito, sem norte (E…