“Eu só fiz viver: a história oral desavergonhada de Edy Star” é o livro que o historiador Ricardo Santhiago lança pela editora Popessuara, em colaboração com Igor Lemos Moreira e Daniel Lopes Saraiva
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Prestes a completar 87 anos de idade e com mais de seis décadas de carreira profissional, o cantor, multiartista e ícone queer Edy Star ganha biografia detalhada explorando sua trajetória pessoal e artística. A obra intitula-se “Eu só fiz viver”: a história oral desavergonhada de Edy Star e é assinada por Ricardo Santhiago, reconhecido historiador e autor de importantes biografias de personalidades da música brasileira. Após o sucesso de seu livro sobre a trajetória de Alaíde Costa, lançado em 2013, e a recente biografia de Miriam Batucada, Santhiago dedica-se agora a contar a história de um dos pioneiros da cultura queer no Brasil e figura fundamental na cena musical e performática do país. A noite de lançamento da obra, escrita em colaboração com os historiadores Igor Lemos Moreira e Daniel Lopes Saraiva, acontecerá dia 10 de janeiro de 2025, dia do aniversário de Edy, que completará 87 anos.
Apoiado pelo ProAC, o livro explora as múltiplas facetas de Edy Star, um artista marcado pela irreverência e inovação. Atuando como cantor, ator e performer, Edy Star tem uma carreira iniciada nos anos 1960, marcada por sua autenticidade e por desafiar convenções sociais e artísticas, tendo se destacado particularmente nos anos de 1970, quando participou do projeto Sociedade da Grã-Ordem Kavernista apresenta Sessão das Dez, com Raul Seixas, Sérgio Sampaio e Miriam Batucada. A biografia percorre os altos e baixos da carreira do artista, apresentando uma pesquisa detalhada e oferecendo um olhar profundo e sensível sobre as conquistas, desafios e contribuições de Edy para a arte brasileira e para a liberdade de expressão.
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Construído a partir de dezenas de encontros e horas de gravação com Edy Star, “Eu só fiz viver” reconstrói os percursos desse pioneiro com humor, acidez e criticidade. As quase 400 páginas do livro oferecem registros minuciosos que partem da infância e adolescência inusitadas de Edy na Bahia, onde ele se introduziu à arte cênica no projeto “Hora da Criança” (onde conheceu as irmãs do Quarteto em Cy), tornou-se amigo de Caetano Veloso e parceiro musical de Gilberto Gil, e atuou como artista plástico na Galeria Bazarte, tendo pinturas e gravuras expostas até mesmo na Bienal de São Paulo.
O livro revisita a mudança agitada de Edy Star para o Rio de Janeiro, onde ajudou a transformar a Praça Mauá em um point da noite carioca, sendo levado depois para a sofisticada boate Number One pelas mãos de Maria Alcina. Amiga de Edy Star desde então, Maria Alcina, aliás, é autora do emocionante prefácio do livro. As inúmeras incursões do biografado pelo teatro, sua mudança para a Espanha (onde passou quase duas décadas) e o retorno aclamado ao Brasil, também são objeto do livro, temperado pela capacidade única de Edy Star de ser um crítico mordaz dos outros, mas também de si mesmo. Seus relatos despudorados sobre a vida como produtor de teatro popular, como migrante indocumentado na Europa e como sobrevivente de um câncer de próstata são exemplos de sua honestidade com a qual constrói a memória de si, sem se mistificar.
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O lançamento deste livro não só resgata a relevância histórica de Edy Star, mas também celebra sua arte, resistência e atualidade em um país em constante transformação cultural. Permeada por integridade rara, a obra abraça as conquistas e as vulnerabilidades de seu protagonista, um criador complexo, repleto de contradições, e intensamente dedicado ao desenvolvimento de uma vida criativa. Assim, esta nova biografia reafirma o compromisso de Ricardo Santhiago com a preservação da memória cultural, mas também com a construção de narrativas que desafiam estereótipos e aplaudem a liberdade pessoal e artística como um pilar fundamental da experiência humana.
Edy Star: A trajetória do multiartista brasileiro que rompeu barreiras
Edivaldo Souza, mais conhecido pelo nome artístico Edy Star, é uma figura icônica da cultura brasileira, destacando-se como cantor, compositor, ator, dançarino, produtor teatral, apresentador de televisão e artista plástico. Nascido em Juazeiro, Bahia, em 10 de janeiro de 1938, Edy iniciou sua carreira ainda na adolescência, no programa “A Hora da Criança”, da Rádio Sociedade da Bahia. Desde cedo, ele demonstrou um estilo irreverente, influenciado pela chanchada, pelo cabaré e pelo teatro de revista, gêneros que moldaram sua trajetória.
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No final dos anos 1960, Edy iniciou sua transição para os grandes centros culturais do Rio de Janeiro e São Paulo, em busca de novas oportunidades. Nos anos 1970, envolveu-se em projetos vanguardistas, incluindo o revolucionário álbum Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10, em parceria com Raul Seixas, Sérgio Sampaio e Miriam Batucada. Com performances audaciosas que questionavam as normas sobre sexualidade, Edy conquistou o público, se apresentando desde os espaços marginais da Praça Mauá, no Rio de Janeiro, até as boates sofisticadas da alta sociedade carioca, como a Number One e a Up’s.
Sua carreira expandiu-se com a participação na versão brasileira do musical The Rocky Horror Show, que abriu caminho para o lançamento de seu álbum autoral, Sweet Edy. Durante as décadas seguintes, Edy se dividiu entre o teatro e a televisão no Brasil. Na década de 1990, mudou-se para a Espanha, onde continuou sua trajetória artística no teatro e como produtor de boates. Após quase 20 anos na Europa, Edy retornou ao Brasil, retomando sua carreira musical com o relançamento de seu álbum original e o lançamento de Cabaré Star em 2017 (produzido por Zeca Baleiro) e Meu amigo Sergio Sampaio em 2023.
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Pioneiro na cena artística brasileira, Edy Star foi o primeiro artista a assumir publicamente sua homossexualidade, tornando-se um símbolo de resistência e liberdade. Sua carreira multifacetada e sua ousadia continuam a inspirar novas gerações de artistas e a desafiar as convenções sociais, consolidando-o como um dos grandes nomes da cultura nacional.
Sobre Ricardo Santhiago
Ricardo Santhiago é historiador e comunicólogo. É professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), do Programa de Pós-Graduação em Estudos Culturais da Universidade de São Paulo (USP) e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), além de bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq. Um dos pesquisadores mais inventivos das áreas de história oral e história pública no Brasil, é autor de A história incompleta de Miriam Batucada (2024), entre outras obras. A partir de textos de Edy Star escritos na virada dos anos 1950 para os 1960, organizou Diário de um invertido: escritos líricos, aflitos e despudorados (2022), testemunho singular sobre as vivências queer no Nordeste do Brasil naquele período.
Sobre Igor Lemos Moreira
Igor Lemos Moreira é historiador. Realiza pós-doutorado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Dedica-se aos estudos da música e da cultura pop nas Américas contemporâneas, com ênfase nas trajetórias de artistas migrantes e exiladas. Sua tese de doutorado sobre a cantora e compositora cubana Gloria Estefan, intitulada Uma voz da cubanidade no exílio (2023), foi vencedora do Prêmio ANPHLAC de Teses, concedido pela Associação Nacional de Pesquisadores e Professores de História das Américas.
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Sobre Daniel Lopes Saraiva
Daniel Lopes Saraiva é historiador. Realiza pós-doutorado na Universidade de São Paulo (USP). Suas pesquisas versam sobre as relações entre história e cultura, com destaque para a produção musical e audiovisual. É autor do livro Nara Leão: trajetória, engajamento e movimentos musicais (2018) e coorganizador de Esse mundo é meu: as artes de Sérgio Ricardo (2019).
SERVIÇO
Título: Eu só fiz viver: a história oral desavergonhada de Edy Star
Autor: Ricardo Santhiago, com a colaboração de Igor Lemos Moreira e Daniel Lopes Saraiva
Editora Popessuara
Ano: 2025
ISBN: 978-65-982267-3-2
Brochura, 384 páginas, formato 16x23cm
Preço de capa: R$ 65,00
Lançamento dia 10 de janeiro de 2025 – Cabaret da Cecília – 20h
Rua Fortunato, 35 – Santa Cecília – São Paulo/SP
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