Lançado sete anos após as inundações que assolaram Porto Alegre, em 1941, a obra apresenta um testemunho do autor, semelhante ao que está sendo vivido na atualidade.
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Quintana retrata a cheia que ao longo de 83 anos foi considerada o maior desastre natural do Estado do Rio Grande do Sul, quando o Guaíba atingiu 4m76cm, sendo que a cota de inundação é de três metros.
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Confira o poema:
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A enchente de 1941. Entrava-se de barco pelo corredor da velha casa de cômodos onde eu morava. Tínhamos assim um rio só para nós. Um rio de portas adentro. Que dias aqueles! E de noite não era preciso sonhar: pois não andava um barco de verdade assombrando os corredores?
Foi também a época em que era absolutamente desnecessário fazer poemas…
– Mario Quintana, no livro “Sapato Florido”. 1948
Na época, sem a proteção do muro da Mauá e outros sistemas de contenção, o Guaíba chegou até a Rua da Praia, atual Rua dos Andradas, no trecho junto à Praça da Alfândega, assim como em bairros às margens do rio.
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O recorde de maior nível foi ultrapassado este ano (2024), quando a água chegou a marca de 5m33cm. Em razão das cheias, a Casa de Cultura Mario Quintana, onde o poeta gaúcho morou entre 1968 a 1980, foi afetada pelo avanço da água. A inundação tomou toda a parte térrea do prédio e os danos ainda estão sendo contabilizados.
* com informações do Jornal Zero Hora
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SOBRE O LIVRO:
Este volume reúne numa mesma edição os três primeiros livros do poeta Mario Quintana. Com a publicação de Canções, em 1946, seu nome emergiu em escala nacional, junto aos colegas da geração modernista, como representante de um lirismo singelo, intuitivo, tingido de suave tom elegíaco e banhado de sabor local – a rua, o arrabalde, a cidade de Porto Alegre. Dois anos depois, em 1948, Quintana lançou Sapato florido, sua primeira compilação de aforismos, pequenas prosas, crônicas e minicontos. Com ela, afirmava no cenário editorial sua peculiar mistura de prosa e poesia, que se tornaria outra de suas marcas registradas como autor. No mesmo volume, foi ainda compilada a série completa dos sonetos modernistas que constituem seu livro de estreia, A rua dos cataventos, de 1940. Entre a canção e o soneto, assim começa a profícua e produtiva carreira poética de Mario Quintana. Da canção singela, rimas simples, métricas consagradas, pode-se dizer que encerra a essência, o ponto de partida do lirismo moderno (leia-se: romântico e pós-romântico). Encarnação chaplininana de algum jovem Goethe à beira do Guaíba esquecido, o poeta já de saída invoca a poesia como dança primaveril, no poema que abre o volume. Ao percorrer os versos de Canções, porém, o leitor descobre estar diante de intimidade mais complexa: o espírito dançante do lírico se deixa marcar por delicada melancolia, diante da morte como fato da vida. É um olhar de menino que o poeta lança ao redor. E, como tal, poroso. Aberto para os detalhes do mundo, micro/macrocosmo. Nos sonetos de A rua dos cataventos, o poeta estreante se faz catavento, se faz rua, funde-se à paisagem do bairro, é um poeta de luz e encantamentos. O dia feérico compensa os abismos da lua. Já nas agudas prosas e aforismos de Sapato florido, Quintana revela-se pensador veloz e surpreendente do real e do surreal.
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FICHA TÉCNICA
Título: Canções seguido de sapato florido e a rua dos cata-ventos
Páginas: 240
Formato: 23.2 x 14.8 x 1.4 cm
Acabamento: Livro brochura
Lançamento: 26/7/2012 (1ª edição)
ISBN: 978-8579621451
Selo: Alfaguara
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