MÚSICA

Produtora Monicky Zaczéski e o selo GuitarCoop, com proposta diferenciada

Produtora e luthier Monicky Zaczéski comanda a gravadora paulista GuitarCoop, que tem proposta diferenciada, especializada em violão erudito e artistas com total liberdade para suas gravações
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No catálogo da GuitarCoop músicos brasileiros e estrangeiros como Fábio Zanon, Duo Abreu, Duo Siqueira Lima, João Camarero, Julia Trinschuk, Anabel Montesinos e Glauber Rocha

A gravadora GuitarCoop realiza um trabalho diferenciado no Brasil. É especializada em violão erudito e com repertório variado que vai desde o paulista Fabio Zanon, um dos grandes nomes nacionais apresentando repertório de música espanhola de nomes como Torroba, Turina e Arregui no CD ‘Alborada’, até a dupla formada pelo Aniello Desiderio e o croata Zoran Dukic, que está lançando o CD “A & Z”; passando pela espanhola Anabel Montesinos, com o CD ‘Alma Llanera’ que se tornou a artista mais jovem a vencer o Concurso Internacional de Violão Francisco Tarrega (Espanha/2001), aos 17 anos. O catálogo segue crescendo e diversificado.
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A produtora e luthier curitibana Monicky Zaczéski, coordenadora da Selo, fala sobre a empreitada: “O selo foi criado por músicos que compartilham a visão de que é necessário ir além do modelo tradicional do ‘negócio’. Temos artistas brasileiros e do Exterior. Além das plataformas digitais, também temos os CDs físicos. O objetivo é ser um eixo de convergência global para os apreciadores de violão, criando novas experiências musicais por meio de gravações de áudio/vídeo, buscando a alta qualidade, em uma experiência multimídia que reflete as tecnologias e os hábitos de escuta do século 21.”

O foco na qualidade e uma parceria com os artistas permeiam tudo o que o selo busca. O nome, que pode ser traduzido como uma ‘Cooperativa de Violão’, sintetiza isso, como diz Monicky: “Nossos artistas gravam nas melhores salas, com os melhores equipamentos, e desfrutam de liberdade artística e de participação nos resultados das vendas, por exemplo.”

Produtora e luthier Monicky Zaczéski comanda a gravadora paulista GuitarCoop, que tem proposta diferenciada / foto acervo da artista

Uma curiosidade, é que Monicky, antes de se formar em contabilidade (Universidade Federal do Paraná/2022), foi uma das primeiras a fazer o curso universitário de luthieria (Uni. Fed. PR/2016). Luthier é a profissional que cria e repara instrumentos de cordas (violões, violinos e guitarras). Combina conhecimento musical, habilidade técnica e dose de arte. Quando pode, ela junta as porções no comando da GuitarCoop, como diz: “Acabo unindo duas partes, fazendo produção executiva dos projetos mas sei ver um violão quando está precisando de reparo.” 
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E já que ela não toca violão, como foi parar na lutheria? “Quando era criança tinha um livro de biografias e uma delas era a do luthier Stradivarius (1644-1737), de violino. Aquilo me marcou. Quando fui fazer vestibular resolvi que era isso, apesar de não ter contato com ninguém da área. Acabei descobrindo, por coincidência, que o único curso superior que de Luthier era na Universidade Federal do Paraná e não exigia nenhum tipo de experiência na área. Fui a primeira mulher a formar nesse curso para se construir um violão. Era uma alienígena, lembro de ser bom e ao mesmo tempo desconfortável. a turma toda era masculina. Agora está mais diversificado”

Alguns artistas com discos lançados recentemente pela GuitarCoop

Duo Siqueira Lima – foto: Tamer Aşan (2024).

Duo Siqueira Lima lança CD ‘Siqueira Lima Sessions’
Duo Siqueira Lima é formado pela uruguaia Cecília Siqueira e o mineiro Fernando de Lima, que se conheceram em um concurso e a afinidade foi tanta que viraram um casal. A dupla está lançando o CD ‘Siqueira Lima Sessions‘, no qual exibem a inventividade de Fernando nos arranjos para dois violões para temas de Astor Piazzola, George Gershwin, Tom Jobim e Hugo Fattoruso. Dono de técnica apurada, interpretação detalhada e carisma, o Siqueira Lima possui prestígio raro entre os violonistas. Em 20 anos tem se apresentado por América do Sul e do Norte, Europa, África e Ásia. São solicitados para festivais no mundo e já atuaram na Sala São Paulo/SP, Lincoln Center/Nova York e outros.
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Nessa duas décadas, lançou vários CDs, entre eles, The Art of Duo Siqueira Lima (2016), com versão inédita de Bachianas Brasileiras N.4 (Villa-Lobos), considerado pela revista francesa Guitare Classique, um dos melhores do ano e Dois Violões em Concerto (2023) ao lado da Orquestra GRU Sinfônica, com inédita de André Mehmari. O sucesso dos dois só confirma que o Brasil tem história quando se trata de Duos de violões, só para citar duas lendas nessa formação temos o Duo Abreu e Duo Assad, por exemplo.

Fabio Zanon – foto: Heloisa Bortz

Fabio Zanon lança CD Alborada, da série ‘música espanhola’, da GuitarCoop
Internacionalmente conhecido por interpretações expressivas, o paulista Fabio Zanon continua temporada de lançamento do CD Alborada. É o quinto CD de Zanon em parceria com a GuitarCoop e o 2º volume do projeto da série de ‘Música Espanhola’, que começou com o bem sucedido álbum Spanish Music (2016). Alborada reúne ‘joias’ musicais do séc. XX, de compositores como Torroba, Turina e Arregui. Está nas plataformas e também encontra-se em formato físico.
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Importante: até o século XX o violão permaneceu ausente da linha-mestra da música clássica moderna, alternando períodos de maior ou menor ostracismo. O CD Alborada traz seleção de obras lançadas a partir do raiar deste movimento que consolidou o violão clássico de concerto. Essa mudança foi personificada pelo violonista espanhol Andrés Segovia (1893/1987) que, ao longo de 70 anos, tocou ao redor do mundo apresentando obras inéditas. Entre elas estão as compostas nos anos 1920 por Torroba (1891/1982) e Turina (1882/1949), que se tornaram grandes êxitos das primeiras turnês de Segovia, a partir de 1924.
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Zanon é aclamado por interpretações que combinam imaginação e sonoridade característica. Sua atividade como regente, educador e difusor da música clássica têm contribuído para colocar o violão clássico em perspectiva cultural mais ampla. Como solista, Zanon, se apresentou em mais de 50 países, em teatros como o Royal Festival Hall (Londres); Philharmonie (Berlim) e Carnegie (NYC).
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É ‘Professor Visitante’ da Royal Academy of Music (Londres); também atua regularmente como professor no Master Guitarra Alicante (Espanha) e foi professor residente no Conservatório Real de Estocolmo (Suécia).

Glauber Rocha – foto: Heloisa Bortz

Glauber Rocha une autores sul-americanos de várias épocas
Expoente de nova geração de violonistas brasileiros, o paulista Glauber Rocha chama a atenção pelo virtuosismo e expressividade. Características que são notadas desde que obteve o 1º lugar no Concurso Internacional de Violão Agustín Barrios WorldWideWeb, realizado em Assunção (Paraguai/2009). Tudo isso pode ser conferido em seu primeiro CD Inspiración – Guitar Music from South America, no qual ele une autores sul-americanos de gerações e sonoridades distintas como o paraguaio Agustín Barrios, o argentino Carlos Guastavino, e os brasileiros Francisco Mignone e Ronaldo Miranda.
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Glauber nasceu Lucélia (SP) e antes mesmo de ser alfabetizado já tinha curiosidade em música e aprendeu as primeiras notas, com o estímulo dos pais. Formou-se em violão, na ECA/USP. Entre 2011 e 2013, Glauber estudou em Munique (Alemanha) na Hochschule Für Musik und Theather.

Em pouco mais de 15 anos de carreira, o violonista apresentou-se em mais de 10 países e é recitalista convidado em prestigiadas séries de música de câmara, incluindo Virtuoses de la Guitare, Winners & Masters e Koblenz Guitar Festival & Academy (Alemanha); Verona International Guitar Festival (Itália) e outros.
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Ter o mesmo ‘epíteto’ do cineasta baiano famoso, ele diz que é uma responsabilidade mas que foi um pouco por acaso. O pai trabalhava em um cinema e gostava da sonoridade do nome Glauber, o sobrenome Rocha é de família mesmo.

Duo Abreu, formado pelos irmãos Sergio e Eduardo Abreu

Referência em violão no mundo, Duo Abreu tem 2º LP lançado nas plataformas e formato ‘físico’
O Duo Abreu, formado pelos irmãos brasileiros Sérgio Abreu (1948/2023) e Eduardo Abreu, está entre os melhores do mundo, em todos os tempos. Existem poucas gravações deles mas apesar disso, são venerados por violonistas do Brasil, Austrália, Europa e Estados Unidos. E têm um público que reconhece o talento e a relevância do que fizeram. Na Inglaterra, por exemplo, são considerados mitos do violão, pelas históricas apresentações, gravações para a Rádio BBC e suas masterclasses.
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No Brasil, Duo Abreu também representa referência. Novas gerações, por meio da internet aprenderam a admirar a destreza técnica e o amadurecimento prematuro do duo, que encerrou as atividades em 1975, quando Sergio tinha 27 anos e Eduardo, 26. Por causa disso que o re-lançamento do 2º LP do duo, The Guitars of Sergio and Eduardo Abreu (1971) se torna um acontecimento de muita relevância.

Filhos do violonista Osmar Salles Abreu, Sérgio e Eduardo nasceram no Rio de Janeiro e iniciaram no violão cedo. Em 1967 Sérgio venceu o maior concurso de violão do mundo (ORTF/Paris), sendo o mais jovem violonista até então a conseguir isso. Eduardo atingiu o 2º lugar do prêmio (1968). A partir daí, foi a estreia europeia (Londres), o que lhes valeu um contrato com a CBS (1968) e o lançamento do histórico LP The Guitars of Sergio and Eduardo Abreu.

>> Siga: @guitarcoop_oficial | @monickyzaczeski | Site guitarCoop.com.br

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