Diego Mahfouz Faria Lima é o único brasileiro entre os dez finalistas do concurso que vai premiar o professor que mais fez diferença na comunidade onde vive. Para o educador, ter o nome entre educadores de países considerados de primeiro mundo como Noruega, Austrália, Inglaterra, Estados Unidos é uma emoção para quem desde criança lutou contra a pobreza.
Professor Diego, é diretor da escola municipal Darcy Ribeiro, no Santo Antônio, é um dos dez finalistas do Global Teacher Prize – considerado o mais importante prêmio educacional do mundo
O diretor rio-pretense Diego Mahfouz Faria Lima é um dos 10 finalistas do Global Teacher Prize – em tradução livre Prêmio Professor Global, considerado o Nobel da Educação. O anúncio foi feito por Bill Gates nesta terça-feira, 13, e a premiação do campeão ocorrerá em março, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. A mobilização e a dedicação do diretor para resgatar a escola municipal Darcy Ribeiro, no Santo Antônio, de um cenário de tráfico e violência, em 2014, é o que o leva à premiação.
“Fiquei muito contente e ao mesmo tempo surpreso porque são projetos muito bons de 50 finalistas e estar entre os 10 é incrível já que são pessoas renomadas, que fazem a diferença em suas escolas. Estarei representando o Brasil em algo tão grandioso”, disse o gestor.
Após o reconhecimento nacional, Diego segue para ser reconhecido mundialmente. “O maior prêmio que eu tenho hoje, em relação à minha vida pessoal e profissional, é ver tantos jovens deixando o mundo das drogas e violência, buscando na escola essa transformação de vida. A escola hoje é uma uma grande referência para a comunidade não só pelas questões educacionais, mas também uma ajuda para os pais lidarem com os filhos.”
Diego, que assumiu interinamente em 2014 a direção do Darcy Ribeiro, até então uma das escolas mais problemáticas da cidade, ganhou projeção nacional ao concorrer com outros 5,6 mil educadores de todo o Brasil na disputa pelo prêmio Educador Nota Dez. Ele convenceu os jurados com o projeto “(In)disciplina: regras claras sempre”. Segundo ele, a evasão escolar no Darcy Ribeiro despencou de 202 estudantes para dois alunos, em 2014. Outro feito, afirmou o diretor, foi reduzir a violência na escola que registrava 60 ocorrências por semana, por causa de brigas, vandalismo, incêndios, porte de arma e tráfico de drogas até entre alunos.
O fato é que quem estuda na Darcy Ribeiro reconhece a transformação que o diretor promoveu. O estudante Luiz Gustavo Adão, de 14 anos, conta que sofria bullying e que foi através da mediação promovida pelo diretor que conseguiu ter um dia a dia tranquilo para o aprendizado. “Ele fez com que eu gostasse de ir para a escola. Quando a gente tem um problema ele nos ajuda. Todos os alunos gostam dele”.
Ana Carolina Pinheiro Correa, 14 anos, estudava na escola estadual Professor Felício Miziara e, depois que Diego assumiu a gestão, ela se transferiu para a unidade escolar que é no mesmo bairro em que mora. “Aqui era perigoso demais e eu tinha medo. Depois que o Diego passou a ser diretor tudo mudou e minha mãe decidiu me passar para cá. Foi a melhor coisa, estudo perto de casa e o ensino aqui está tão bom quanto era no Miziara”.
Foi a partir de uma gestão participativa com mediação de conflitos, tutoria, mudança no modelo de avaliações, projetos extra-curriculares e atividades aos finais de semana que o diretor transformou, com o apoio da comunidade, o espaço físico e as relações no ambiente escolar.
Mãe de dois alunos que estudam na escola Darcy, Angela Gonçalves Coelho, 38 anos, afirma que a gestão é um incentivo para o bom desempenho escolar dos filhos. “Eles participam mais das aulas. O diferencial é que ele incentiva e motiva os jovens. Me lembro que a escola era uma bagunça em todos os aspectos, hoje é outra coisa”.
O segredo para a boa gestão na escola que refletiu no bom comportamento dos alunos é apoiado em quatro pilares, como enumera Diego: “trazer a comunidade para dentro da escola para se sentir pertencente à escola, dar voz aos alunos e torná-los protagonistas de todo o processo de aprendizagem, incentivar a cultura da paz, do diálogo e do ouvir dentro da escola e, sem dúvida, esse amor e essa dedicação que eu tenho é um grande diferencial”.
Os profissionais que trabalham na escola ressaltam o ambiente favorável para a realização das atividades. “O Diego está sempre pensando no bem-estar de todos, alunos, professores, funcionários e da própria comunidade. Ele não mede esforços para ajudar a todos”, disse a professora de português Gabriela Pedroso Cardoso. Já o inspetor Eduardo Santana Bertoco destaca a dedicação do gestor. “Ele é o primeiro a chegar e o último a sair. Ele resolve na hora quando apresentamos um problema, assim criou um ambiente melhor para o trabalho”.
Para a supervisora de ensino Maristela Mota dos Santos Amaro, que toma conta de sete unidades escolares, a transformação da escola em pouco tempo a surpreendeu. “Não só a transformação do espaço físico, da organização e da limpeza, mas o que nos chama a atenção é a transformação dos alunos, os professores em condições de lecionar. Os projetos dele trouxeram alegria e dinamismo para a escola. Ele não só se compromete com o trabalho como se envolve com os problemas e tenta resolvê-los, independente de estarem ligados à parte pedagógica”.
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