“Sou surda, então o interesse parte da minha própria experiência. O foco na literatura infantil deve-se ao fato de que parte das crianças surdas nascem em lares de pais ouvintes, o projeto objetiva colaborar na produção e expressão da língua de sinais por esses sujeitos.”
– professora Carolina Hessel, em entrevista ao A Gazeta. 10.4.2018.
Para quem ouve, é uma experiência inusitada. Não há som ou legendas na maioria dos vídeos. Ainda assim, está ali a literatura. As histórias dos livros infantis contadas nos vídeos do projeto “Mãos Aventureiras” precisam só dos sinais feitos em Libras por Carolina Hessel para chegar a seu público: as crianças surdas de todo o país.
Professora da Linguagem Brasileira de Sinais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Carolina Hessel criou, com apoio da instituição, o Mãos Aventureiras, no qual publica vídeos contando histórias recentes da literatura infantil usando a linguagem de sinais.
“Tomando contato com a riqueza da literatura infantil atual, tive a ideia de fazer esta tradução há algum tempo, mas só consegui colocar em prática [no final de 2017]. O site foi criado para preencher uma lacuna”, diz.
Entre os livros que ela apresenta em seus vídeos estão obras nacionais recentes como “Adelia”, de Jean-Claude Alphen, premiado com o Jabuti em 2016; e “Clara” (2007), com texto de Ilan Brenman e ilustrações de Silvana Rando; há ainda alguns clássicos, como “As Centopeias e seus Sapatinhos” (1978), de Milton Camargo.
O projeto é o único no país a fazer essa “tradução” para o público infantil. “A presença de conteúdos em Libras é muito baixa nas redes sociais. Faltam iniciativas e, também, apoio institucional e mesmo financeiro, já que essas iniciativas exigem investimento, tempo, apoio técnico…”, diz a professora.
Carolina ressalta que os livros podem ajudar não só no contato das crianças surdas com a literatura, como também no desenvolvimento do aprendizado de Libras dos pequenos.
Confira um dos vídeos com contação de histórias:
:: Confira outras estórias no canal do Youtube ‘Mãos Aventureiras’
*Com informações de Metro Jornal