Dirigido pelo cineasta vencedor do Oscar, Laurent Witz, ‘Cogs’ conta a história de um mundo construído em um sistema mecanizado que favorece apenas alguns. Segue dois personagens cujas vidas parecem predeterminadas por este sistema e as circunstâncias em que nasceram. O filme foi feito para o lançamento internacional da AIME, uma organização de caridade em missão para criar um mundo mais justo, criando igualdade no sistema educacional.
O curta-animação ‘Cogs’ conta a história de dois meninos que se encontram, literalmente, em faixas separadas e pré-determinadas em suas vidas, e o drama depende do esforço para libertar-se dessas limitações impostas.
“Andar sobre trilhos pode ser bom ou mau. Quando uma economia anda sobre trilhos parece que é bom. Quando os seres humanos andam sobre trilhos é mau sinal, é sinal de desumanização, de que a decisão transitou do homem para a engrenagem que construiu. Este cenário distópico assombra a literatura e o cinema ocidentais. Que fazer? A resposta do curta animação “Cogs”, não pode ser mais clara: o que faz falta é descarrilar. Descarrilas tu, descarrilo eu… Mas, atenção, que descarrilar não é fácil. ”
Assista aqui curta animação “Cogs”, direção Laurent Witz
“Quem anda no trilho é trem de ferro, sou água que corre entre pedras: liberdade caça jeito.”
– Manoel de Barros, em “Matéria de Poesia”. Rio de Janeiro: Record, 2001, p. 32.
Ficha Técnica
Título: Cogs – tells the story of a world built on a mechanized
Direção: Laurent Witz**
Animação: Zeilt Productions (ver todos os créditos)
Criação: M&C Saatchi (Sydney)
Música/composição: Olivier Defradat e Clément Osmont
Cantora/Singer: Marion Pejon
Marca/Realização: AIME Global – Let’s change the way the world works
País/ano: Austrália, Junho 2017
* ver no: vimeo
** O diretor deste curta animação, Laurent Witz, ganhou, em 2014, o Oscar de melhor curta-metragem de animação com o filme Mr Hublot.
Elogio da dialética
A injustiça vai por aí com passe firme.
Os tiranos se organizam para dez mil anos.
O poder assevera: Assim como é deve continuar a ser.
Nenhuma voz senão a voz dos dominantes.
E nos mercados a espoliação fala alto: agora é minha vez.
Já entre os súditos muitos dizem:
O que queremos, nunca alcançaremos,
Quem ainda está vivo, nunca diga: nunca!
O mais firme não é firme.
Assim como é não ficará.
Depois que os dominantes tiverem falado
Falarão os dominados.
Quem ousa dizer: nunca?
A quem se deve a duração da tirania? A nós.
A quem sua derrubada? Também a nós.
Quem será esmagado, que se levante!
Quem está perdido, que lute!
Quem se apercebeu de sua situação, como poderá ser detido?
Os vencidos de hoje serão os vencedores de amanhã.
De nunca sairá: ainda hoje.
– Bertolt Brecht, em “O duplo compromisso de Bertolt Brecht” [tradução Haroldo de Campos]. in: CAMPOS, Haroldo de.. O arco-íris branco. Rio de Janeiro: Imago, 1997.
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