“Simples” é o primeiro disco de carreira do compositor paulistano Renato Martins, que assina todas as músicas do álbum ao lado do poeta e compositor Roberto Didio. Excepcionalmente na faixa “Coração musical” entrou também Moacyr Luz na composição, a única ‘triceria’ do repertório.
A concepção minimalista adotada por Mauricio Carrilho ao escrever os arranjos valoriza a presença do violão como instrumento condutor do trabalho, que faz brilhar as práticas de conjunto divididas em dois tipos de base: violão, cavaquinho, percussão leve e violão, baixo acústico, caixa com escovas. Complementos escolhidos: sanfona, flauta baixo, violoncelo, trompete com surdina, trombone, clarinete, clarone, fluguel.
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A diversidade empregada no processo de composição e execução de gêneros/levadas (samba, fox, bolero, canção) está presente também na dinâmica de interpretação de Renato Martins, que cantou muito à vontade.
Crítica, bom humor, crônica e homenagens figuram neste repertório autoral que se destaca ainda pela originalidade e qualidades poética e melódica.
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O álbum conta com a participações especial de Amelia Rabello, Gabriel Cavalcante e Miguel Rabello, direção geral é de Mauricio Carrilho e Roberto Didio e o lançamento é pelo selo Acari Records, em 1 de setembro (2024).
Texto de Luciana Rabello
Somos forjados pelas mãos de Mestres. Se soar pretensioso aos problemáticos de plantão, paciência, mas a frase vem só carregada de emoção e de muita gratidão. Levar adiante é imperativo e prazeroso, na mesma proporção. Assim dou as boas-vindas ao Renato Martins nesse seu primeiro álbum, todo autoral, com seu parceiro, o querido e necessário poeta Didio. E quando baixa essa emoção, nunca é por pouca coisa.
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Aqui preciso dizer que me deparar com essas composições, a voz do Renato, a poesia, as imagens e os lugares de Didio, arrebatam a quem sempre acreditou na força, na beleza e no legado das nossas referências. Tudo verdade. Quem nem conhece, está perdendo muito. Quem não se arrepia, nem nasceu nessas terras, nunca soube o que é o samba. Mas, está em tempo. Tá tudo aí.
Num movimento paralelo, como leito de rio posto à margem, verdade travestida de ilusão, olhar de poeta três cruzes revelado pelo poetinha, esse samba vem do escuro que lhe foi imposto pra iluminar, buscando lá nos nossos suburbanos corações o melhor que temos. E tem até bolero e um irônico fox nesse samba. Balcões de madeira, São Jorge protegendo nos azulejos encardidos, amigos da vida inteira. Toda santa malandragem, toda força da delicadeza e agudeza dos tímidos observadores. Tá tudo aí.
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E o que são esses arranjos? E a aparição de Amelia? E a voz de Miguel? E Gabriel da Muda de Aldir? O cavaquinho mágico da minha Aninha? A elegância e precisão de Thadeuzinho antes nunca-do-que-tarde? Uma base e tanto, capitaneada pelo meu violão de Mauricio, parceiro há quase 50 anos. E ele recrutou ainda os craques Kiko Horta, Hugo Pilger, Aquiles e Everson, Rui, Pedro e Andrea pra se juntarem a eles. Tudo na medida. Minimalismo precioso e rico demais. Tá tudo aí.
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E hoje sei, sem falsa modéstia, que disso eu posso falar em nome dos Mauricios Tapajós e Carrilho, Paulinho Pinheiro, Vadico e Noel, Sidney Miller, Proença, Nelson Cavaquinho, Valzinho, Aldir. É isso. Uma linha do tempo viva. Notícias esperançosas de um país sobrevivente.
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Renato, um beijo nessa sua cabeleira cabocla à la Pastinha!
— Luciana Rabello, julho de 2024 —
DISCO ‘SIMPLES’ • Renato Martins • Selo Acari Records • 2024
— Dedicamos também o disco ao eterno amigo Emanuel Gomes dos Santos, o Neco e ao poeta Aldir Blanc —
Canções / compositores
1. Simples (Renato Martins e Roberto Didio)
2. Bar dos sonhos, 1900 (Renato Martins e Roberto Didio)
3. Marca prateada (Renato Martins e Roberto Didio) | Participação especial Amelia Rabello
4. Coração musical (Renato Martins, Moacyr Luz e Roberto Didio)
5. Fechando a porta (Renato Martins e Roberto Didio)
6. Crítico (Renato Martins e Roberto Didio)
7. Pedaço de vida (Renato Martins e Roberto Didio)
8. Rebatismo (Renato Martins e Roberto Didio)
9. Carta ao Blanc (Renato Martins e Roberto Didio) | Participação especial Gabriel Cavalcante
10. Festa de família (Renato Martins e Roberto Didio) | Participação especial Miguel Rabello
– ficha técnica –
Renato Martins (voz – fx. 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10) | Mauricio Carrilho (arranjo, violão – fx. 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10) | Ana Rabello (cavaquinho – fx. 1, 2, 3, 8) | Marcus Thadeu (pandeiro – fx. 1; pandeiro – fx. 2, 3, 9; agogô – fx. 2; ganzá – fx. 2; caixa com escovas – fx. 4, 5, 6, 7, 10; tamborim = fx. 8, 9; xequerê – fx. 8; reco-reco – fx. 9; surdo – fx. 9) | Kiko Horta (sanfona – fx. 2, 3) | Pedro Aune (contrabaixo – fx. 4, 5, 6, 7, 10) | Andrea Ernet Dias (flauta baixo – fx. 4) | Rui Alvim (clarinete, clarone – fx. 10) | Hugo Pilger (violoncelo – fx. 5) | Aquiles Moraes (trompete – fx. 6; flugel – fx. 10) | Everson Moraes (trombone – fx. 9) | Participação especial: Amelia Rabello (voz – fx. 3) | Gabriel Cavalcante (voz – fx. 9) | Miguel Rabello (voz – fx. 10) | Direção artística e produção musical: Roberto Didio | Direção musical e arranjos: Mauricio Carrilho | Gravado no Estúdio da Casa do Choro / Auditório Radamés Gnattali – Rio de Janeiro, em maio e junho 2024 | Técnico de gravação, mixagem e masterização: Alexandre Hang | Fotos: Clara Lopes Didio | Capa e ilustrações: Vicente Magalhães | Projeto gráfico: Flavia Tonelli | Acari Records – Diretores: Luciana Rabello e Mauricio Carrilho | Todas as músicas editadas: Cordilheiras / Sony ATV | Selo: Acari Records | Distribuição digital: Nikita | Formato: CD digital / físico | Ano: 2024 | Lançamento: 1 de setembro | ♪Ouça o álbum: clique aqui.
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> Siga: @rena_martins13 | @di_di_o | @mauriciocarrilho.choro
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Série: Discografia da Música Brasileira / MPB / Canção / Álbum.
* Publicado por ©Elfi Kürten Fenske
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