Nana Caymmi canta Tom Jobim e Vinicius de Moraes, no álbum “Nana, Tom, Vinicius“, lançamento Selo Sesc, direção artística e arranjos Dori Caymmi.
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Há um entrosamento musical histórico entre as famílias Caymmi e Jobim, além de um vetor natural que é a música de Tom. Com direção artística e arranjos de Dori Caymmi, o disco Nana, Tom, Vinicius traz a voz de Nana interpretando canções da dupla Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, uma das mais famosas parcerias musicais de todos os tempos. No álbum há releituras de clássicos como Eu Sei que Vou te Amar e Canção do Amor Demais, compostas em parceria, assim como Valsa de Eurídice, de Vinicius, e As Praias Desertas, de Tom.
Indicado ao 22º Grammy Latino na categoria Álbum do Ano, Nana Tom Vinicius nos presenteia com a voz de Nana Caymmi interpretando canções da dupla Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, uma das mais famosas parcerias musicais da música popular brasileira. Com direção artística, violão e arranjos de Dori Caymmi, o álbum traz releituras de clássicos como “Eu sei que vou te amar” e “Canção do amor demais” compostas em parceria, assim como “Valsa de Eurídice”, de Vinicius e “As praias desertas”, de Tom.
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Lançado em 2020 pelo Selo Sesc, o disco marcou retorno da cantora aos estúdios para gravar projetos solo após 10 anos. Para concretizar e celebrar a obra, o álbum ainda conta com as cordas gravadas pela Orquestra de Saint-Petersburg na Rússia.
A edição em vinil e capa gatefold apresenta todo o repertório presente no álbum digital e CD, além de um encarte com as letras das canções e textos de Luiz Deoclecio Massaro Galina, Dori Caymmi e Hermínio Bello de Carvalho.
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Em relação aos arranjos criados para o “Nana, Tom, Vinicius”, Dori explica: “Criar arranjos para a obra de um dos maiores compositores da música popular brasileira não é fácil, pois exige muita atenção e critério. Há frases melódicas do Tom, por exemplo, que são definitivas. Por isso, têm que ser mantidas, em respeito ao legado deixado por ele. Neste trabalho que realizei para o novo disco de Nana, contei com as importantes colaborações de Mário Gil, Mário e Joana Adnet.”
NANA, TOM E VINÍCIUS
por Hermínio Bello de Carvalho*
Claro, deveria começar falando de Nana, da nossa longa conversa ao telefone para comentar este trabalho. Eu tinha varado a noite ouvindo e reouvindo a prova do CD sob o sob o maior encantamento e também, por que não confessar? – contaminado pela emoção que a arte de Nana Caymmi sempre provoca em mim.
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Não, não é a primeira vez que ouvimos um trabalho abordando a parceria Tom e Vinicius: ela foi rascunhada em 1956 com a peça “Orfeu da Conceição”, e iria solidificar-se com o icônico e conceitual “Canção do amor demais”, com Elizeth Cardoso e arranjos de Tom Jobim – gravado em 1958 e editado no sêlo Festa, criado pelo jornalista Irineu Garcia. Pronto. Estava ali um clássico da discografia brasileira, que não apenas solidificou a parceria Tom-Vinicius, como também revelou, em duas faixas daquele LP, um violão que seria, logo depois, uma espécie de logomarca do movimento bossa-nova. Estamos falando, é claro, de João Gilberto. É bom também não esquecer do “Por toda a minha vida”, de 1959, com Lenita Bruno e arranjos de Leo Peracchi.
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“Prazer em conhecê-lo”, “o prazer é todo meu”. Imagino que terá sido mais ou menos assim, quando Tom e Vinicius foram formalmente apresentados um ao outro pelo pesquisador Lucio Rangel. O ano? Mais ou menos 1956 – e o bar Villarino foi o cenário desse encontro. Reza a lenda que Tom e Vinicius se esbarraram em ocasiões anteriores – mas tudo não teria passado de acenos na base do “Olá, como vai?”, “Eu vou indo, e você?” – como no samba de Paulinho da Viola. Voltemos ao Villarino, e vale uma contextualização: O bar, em frente à Academia Brasileira de Letras, Rio de Janeiro, tinha uma clientela variada: Fernando Lobo, Antonio Maria, Aracy de Almeida, Di Cavalcanti, Tonia Carrero, Dorival Caymmi, Dolores Duran, Elizeth Cardoso, Vinicius de Moraes, Sergio Porto, Lucio Rangel, Haroldo Barbosa, Eneida, Ligia Clark. “Muitos eram frequentadores certos, e outros passavam em vôos rápido” – informa Fernando Lobo em seu livro “À mesa do Vilariño”. Mas que não se esqueça a vez em que Pablo Neruda lá esteve, na companhia de Manuel Bandeira. A parede do fundo do Vilariño foi, aos poucos, sendo transformada num majestoso painel. Nele, Pancetti deixou gravada sua arte, e Ari Barroso traçou um pentagrama e rascunhou um trecho da “Aquarela do Brasil”. E havia, além disso, trechos de canções e poemas e sei lá o que mais. Pena que aquela parede não tenha sido tombada pelo IPHAN. Porque, um dia, o dono do bar, imaginando agradar a sua freguesia, apagou aquela memorabilia com vigorosos demãos de tinta. O resultado, para ele inesperado, foi a debandada geral de sua clientela, ora se!
Ouço o disco pela enésima vez, e sinto que faltou escrever alguma coisa sobre Dori Caymmi. Há muitos e muitos anos acompanho sua carreira de compositor e arranjador – e que belos caminhos percorreu!
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Em 1964, vamos encontrá-lo como diretor musical do show “Opinião” também do “Arena conta Zumbi”, “Calabar” e “Gota d’água”. Em 1966, ele e Nelson Motta – ambos com 22 anos, concorrem ao I FIC – Festival da Canção – com a belíssima “Saveiros”, defendida por Nana. E lá estou eu atuando como jurado, na companhia de Chico Buarque, Roberto Menescal, Mozart Araujo e Almirante – foi uma noite emocionante.
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Em 1989 Dori foi trabalhar em Los Angeles – onde viverá por 27 anos. Da discografia produzida na fase americana, o destaque é o álbum “Brasilian serenata”, produzido pelo selo Qwest, do maestro norte-americano Quincy Jones. Outro destaque de sua fase americana é o arranjo que faz para “Aquarela do Brasil”, gravado por ele – com participação do pianista Herbie Hancock – no CD “Kicking cans“, de 1993. Entre os artistas com que trabalhou nos EUA estão James Taylor, Dione Warwick e Wayne Shorter. Mesmo à distância, continuou compondo com o grande letrista Paulo César Pinheiro – seu parceiro mais constante.
Não há muito mais o que falar sobre esse trabalho, a não ser que as cordas foram gravadas pela Orquestra de Saint-Petersburg, na Rússia, e as bases no Estúdio Cia dos Técnicos, em 15 a 18 de abril de 2019, e nelas vamos contar com alguns dos melhores instrumentistas brasileiros, a saber: violão, Dori Caymmi; baixo, Jorge Helder; bateria, Jurim Moreira e piano, Itamar Assiere.
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Deve-se render homenagens ao Sesc São Paulo, que viabilizou a produção deste projeto, que contou com a competente produção executiva de Guto Burgos.
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E não esquecer que essas canções, algumas compostas há mais de 60 anos, continuam imperecíveis. Louve-se Tom e Vinicius, artesãos de toda essa magia, e à Nana Caymmi – que nos devolve essas obras com um toque majestoso de eternidade.
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Mas voltemos a Nana: para melhor entendê-la, não podemos deixar de lado sua paixão pelos impressionistas, sobretudo Debussy e Ravel – paixão que dedica também à opera. Lembro, aliás, o dia em que recebi a visita de minha uirapuru, Maria Lucia Godoy que, a horas tantas, abriu a gaiola e soltou a voz, voz de sabiá, que ficou ecoando pelo prédio inteiro. Por casualidade, Nana visitava um vizinho meu e, ao escutar a cantoria, proclamou: “é ao vivo! e em cores! – fui!”, e ei-la adentrando em meu apartamento e logo fazendo duo com La Godoy – que dia inesquecível!
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*Hermínio Bello de Carvalho é compositor, poeta e produtor musical brasileiro.
DISCO ‘NANA, TOM E VINICIUS’ • Nana Caymmi • Selo Sesc • Digital 2020 / LP 2024
Canções / compositores
1. Eu Sei que vou te amar (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
2. Sem você (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
3. Luciana (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
4. As praias desertas (Tom Jobim
5. Janelas abertas (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
6. Serenata do adeus (Vinicius de Moraes)
7. Valsa de Eurídice (Vinicius de Moraes)
8. Modinha (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
9. Por toda a minha vida (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
10. Canção do amor demais (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
11. Soneto da separação (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
12. Se todos fossem iguais a você (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
– ficha técnica –
Nana Caymmi (voz – fx. 1 a 12; coro – fx. 1) | Dori Caymmi (violão – fx. 1 a 12) | Jorge Helder (contrabaixo – fx. 1 a 12) | Itamar Assiere (piano – fx. 1 a 12) | Jurim Moreira (bateria – fx. 1, 2, 3, 4, 5, 7, 12) | Bré Rosário (percussão – fx. 1, 2, 5, 12) | Daniel D’Alcântara (flugelhorn – fx. 1, 3, 4, 12) | Nahor Gomes (flugelhorn – fx. 1, 3, 4, 12) | Daniel Allain (flauta – fx. 1, 3, 4, 6, 7, 8, 10, 11, 12) | Teco Cardoso (flauta – fx. 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12) | Ary Junior (trompa – fx. 1, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 10, 11, 12) | Francisco Duarte (trompa – fx. 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 10, 11, 12) | Luca Raele (clarinete – fx. 2, 5, 6, 8, 9, 10, 11) | Alexandre Boccalari (oboé – fx. 2, 5, 6, 8, 9, 11) | Fábio Cury (fagote – fx. 4, 9) | Cordas (fx. 1 a 12): Saint Petersburg Studio Orchestra – Violinos: Alexander Baranov, Anton Borisov, Anton Levin, Anton Starodubtsev, Elena Ivanova, Evgenia Gulman, Lilia Sitdykova, Nadezhda Kharitonova, Olga Kudajeva, Philipp Saulin e Viktoria Velkova; Violas: Alexey Ageev, Dmitry Tchernyshenko, Ilya Yelagin, Igor Bereznev, Sergey Krutik e Sergey Zarubin; Violoncelos: Elena Gurkina, Igor Kuznetsov e Kirill Kurshakov; Contrabaixos: Dmitry Golovchenko e Kirill Ziborov | Direção artística e regência: Dori Caymmi | Produção musical: Mário Gil | Arranjos: Dori Caymmi | Produção executiva: Guto Burgos e Helena Leal | Gravado no Estúdio Cia. dos Técnicos – Rio de Janeiro/RJ, entre 15 e 18 de abril de 2019 | Texto: Hermínio Bello de Carvalho | Fotos divulgação: Lívio Campos | Selo: Sesc | Distribuição digital: Tratore | Cat.: CDSS 0140/20 | Formato: CD digital | Ano: 2020 | Lançamento digital: 15 de julho / CD físico: 2021 || Edição 2024 LP Vinil – Texto encarte: Dori Caymmi, Hermínio Bello de Carvalho, Luiz Deoclécio Massaro Galina | Formato: LP Vinil | Cat.: LPSS 0140/24 | Lançamento LP: novembro 2024 | ♪Ouça o álbum: clique aqui | ♩Sesc digital: clique aqui | ♪Compre nas Lojas Sesc: clique aqui.
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O LP VINIL “NANA, TOM E VINICIUS” 2024
Lançado em 2020, o álbum “Nana Tom Vinicius” nos presenteia com a voz de Nana Caymmi interpretando canções da dupla Antônio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, uma das mais famosas parcerias musicais da nossa música.
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Com direção artística, violão e arranjos de Dori Caymmi, o disco foi indicado ao 22º Grammy Latino na categoria Álbum do Ano. Ele traz releituras de clássicos como “Eu sei que vou te amar” e “Canção do amor demais” compostas em parceria, assim como “Valsa de Eurídice”, de Vinicius e “As praias desertas”, de Tom.
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Agora, Nana Tom Vinicius chega às Lojas Sesc em vinil com seu repertório completo. Confira em: Lojas Sesc SP – clique aqui.
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Série: Discografia da Música Brasileira / Canção / MPB / Álbum.
Publicado por ©Elfi Kürten Fenske
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