Espetáculo "A Língua Mãe" - foto: Nil Caniné
Solo de Juan José Millás, “A Língua Mãe”, sob direção de André Paes Leme, Monica Biel interpreta uma protagonista que transita entre a defesa da gramática e questionamentos sobre a humanidade em meio ao caos contemporâneo. O espetáculo atravessa temas como mercado financeiro, capitalismo e reflexões políticas
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Com uma homenagem à palavra, o poder que ela tem na construção das (in)verdades em uma era marcada pela metamorfose acelerada da comunicação, o espetáculo A Língua Mãe, do premiado autor espanhol Juan José Millás, faz temporada de 3 a 26 de abril 2025 no Sesc Pinheiros com sessões sempre quintas, sextas e sábados às 20h. Em cena, está Monica Biel que além de viver a protagonista cheia de humor e ironia, fez a tradução e adaptação da história para o palco com a direção de André Paes Leme.
A peça é um convite bem-humorado à reflexão sobre as mudanças provocadas pelas crises da comunicação e da sociedade capitalista nos novos tempos, e de que forma essas modificações contribuem para banalizar conceitos e influenciar nossas vidas. A montagem aponta a importância da palavra na manipulação das informações e na negligência em relação aos fatos para a qual a sociedade caminha.
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Por meio de pequenas histórias, anedotas, segredos de família e casos vividos e relatados pela protagonista, o texto parte de uma defesa da gramática e da ordem alfabética para desembocar em questionamentos sobre a própria existência e os rumos do ser humano no caos do mundo contemporâneo.
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“A personagem é uma mulher, uma palestrante, e o objetivo dela é falar sobre a gramática e a ordem alfabética, mas acaba enveredando para diversos assuntos, e faz uma crítica severa ao mercado financeiro, à crueldade do mundo capitalista, onde se normaliza vender produtos inúteis até para aqueles que não podem pagar. Faz uma reflexão sobre palavras como liberal, liberdade, progressismo, socialismo, justiça, trazendo uma série de reflexões políticas. A personagem tem prazer em fazer as conexões entre a sua história pessoal e a sociedade em que ela vive, é obcecada pelas palavras”, conta Monica Biel.
A direção está sintonizada com o texto e bem centrada na atuação. A palavra é o que sobressai em cena, com uma simplicidade na proposta cênica, onde cenário, luz, figurino e trilha sonora também seguem o mesmo estilo. “Em tempos de velozes transformações, vale relembrar o que é mesmo essencial. Neste sentido, a peça é um convite para que, provocados pelos significados das palavras, façamos uma viagem na memória. Inicialmente, parece apenas uma divertida narrativa sobre a gramática, mas, aos poucos, somos lançados numa perspicaz reflexão crítica sobre os posicionamentos políticos e econômicos da sociedade contemporânea e na nossa própria história de vida. Riqueza da arte teatral: nos fazer protagonistas sem que percebamos”, enfatiza André Paes Leme.
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Juan José Millás é um autor espanhol, entre seus romances, estão “A Desordem do Teu Nome”, “Assim Era a Solidão”, “Duas Mulheres em Praga” e “Laura e Júlio”. Desde suas primeiras publicações, foi reconhecido pelo público e pela crítica, destacando-se os prêmios Sésamo, Nadal e Primavera. Sua obra narrativa está traduzida em vinte e três línguas. O autor se dedica ao jornalismo, é colunista regular do diário El País e autor de reportagens e artigos em vários jornais.
“É um autor com uma escrita bem-humorada, afiada, que aborda assuntos que interessam a todo mundo, criando uma identificação imediata. Tenho uma enorme admiração por quem sabe usar as palavras, entende a importância que a comunicação tem para todos nós, possui uma cabeça e um espírito livre e nos ajuda a ver o mundo de forma leve, solidária e amorosa. O texto nos propõe isso: entender que somos diferentes, que todos somos interessantes e que, com bom humor, tudo fica mais fácil”, salienta a atriz.
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“A Língua Mãe” fez várias apresentações no Rio de Janeiro desde sua estreia em 2023, como no Espaço ABU, Teatro Municipal Café Pequeno, Festival Midrash de Teatro e Instituto Cervantes.
André Paes Leme
Doutor em Estudos Artísticos na especialidade de Estudos de Teatro pela Universidade de Lisboa e graduado em Artes Cênicas pela UNIRIO. Seus trabalhos obtiveram diversos prêmios e indicações, entre eles, Shell, Cesgranrio, APTR e APCA. Como encenador, já realizou dezenas de espetáculos, entre peças de teatro, óperas e concertos musicais. Merecem destaque as encenações: “Alcassino e Nicoleta”, autor anônimo, “Forrobodó”, de Luis Peixoto, “Grande Othelo”, de Douglas Tourinho, “Hamelin”, de Juan Mayorga, “Pequenos trabalhos para velhos palhaços”, de Matei Visniec, “A hora e vez de Augusto Matraga”, de Guimarães Rosa, e “Engraçadinha”, de Nelson Rodrigues. Em Portugal, encenou “Dois perdidos numa noite suja”, de Plínio Marcos, “Esperança”, de Frederico Pombares” e “Que o diabo seja cego, surdo e mudo”, com contos de Nelson Rodrigues. Recentemente, no Brasil, encenou “Agosto”, de Tracy Lettes, “A hora da estrela”, de Clarice Lispector e “Viva o Povo Brasileiro”, de João Ubaldo.
Monica Biel
Iniciou sua formação teatral como aluna de Maria Clara Machado no Teatro Tablado. Cursou, em Paris, a École de Théâtre, Mime e Mouvement Jacques Lecoq e a Escola de Philippe Gaulier. Atuou em diversos espetáculos e integrou a equipe do Centro de Demolição e Construção do Espetáculo, sob a direção de Aderbal Freire-Filho, no qual atuou em: “Lampião”, “Tiradentes, Inconfidência no Rio”, “O Tiro que Mudou a História”, “Turandot ou O Congresso dos Intelectuais”, “Instruções de Uso”, “Senhora dos Afogados”. Sob a direção de Moacir Chaves, atuou em “O Caixeiro da Taverna”, “A Resistível Ascensão de Arturo Ui”, “Viver!”, “Fausto”, “A Violência da Cidade”, “O Retorno ao Deserto”, “2.500 por Hora”, “Imagina esse Palco que se Mexe” e “O Menino é Pai do Homem”. Assinou a tradução e adaptação de diversos textos de teatro e, desde 1990, desenvolve, com a atriz Ana Barroso, um premiado trabalho dirigido ao público infantil com a BB Companhia de Teatro.
Sinopse
O texto, divertido e mordaz, faz uma homenagem à palavra, esta ferramenta para entender o mundo. Uma professora discute a gramática, tomando um caminho inusitado, uma reflexão sobre as mudanças impostas pela crise e pela comunicação dos novos tempos e de que forma estas mudanças contribuem para esvaziar, enganar, banalizar conceitos e influenciar nossas vidas.
Ficha Técnica
Texto: Juan José Millás | Direção: André Paes Lemes | Atuação, tradução e adaptação: Monica Biel | Música original: Marcello H. | Iluminação: Aurélio de Simoni | Cenografia: Sergio Marimba | Figurino: Luciana Cardoso | Projeto gráfico: Joana Bielschowsky | Assistência de Direção: Anderson Aragón | Operação de luz: Felipe Stucchi | Operação de som: Luiz Encarnação | Fotos: Nil Caniné | Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes | Produção executiva SP: Flávia Primo | Produção executiva RJ e mídias sociais: Sarah Marques | Produção e idealização: Monica Biel/BB Produções Artísticas.
Serviço
A Língua Mãe
Dias: De 3 a 26 de abril 2025
Sessões: quinta a sábado, às 20h|Dia 18 de abril – feriado, não haverá sessão.
Duração: 60 minutos
Local: Auditório
Classificação: 12 anos
Ingressos: R$ 50 (inteira); R$ 25 (meia) e R$ 15 (credencial plena)
Compra online: aqui
Sesc Pinheiros – Rua Paes Leme, 195 – São Paulo/SP
Estacionamento com manobrista: Terça a sexta, das 7h às 21h30; sábados das 10h às 21h; domingo e feriado, das 10h às 18h30.
Mais informações: @sescpinheiros
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