Sabia que é possível levar uma vida relativamente normal com apenas metade do cérebro?
– por Adam Taylor*
O corpo humano é incrivelmente resistente. Ao doar meio litro de sangue, perdemos aproximadamente 3,5 bilhões de glóbulos vermelhos, mas nosso corpo os repõe com rapidez. Podemos até perder grandes parcelas de órgãos vitais e sobreviver. Por exemplo: é possível levar uma vida relativamente normal com apenas meio cérebro. Outros órgãos podem ser extirpados por completo sem provocar grandes repercussões em nossa vida. Estes são alguns dos “órgãos não vitais”.
Este órgão está situado na parte posterior esquerda do abdômen, debaixo das costelas. Em geral é extirpado quando ocorre uma lesão. Por ficar perto das costelas, é vulnerável ao traumatismo abdominal. Está recoberto de uma cápsula de tecido parecida com papel que rasga com facilidade, permitindo que o sangue vaze do baço lesado. Se isso não for diagnosticado e tratado, provoca a morte.
Dentro do baço se destacam duas cores notáveis. Um vermelho escuro e pequenas bolsas brancas. Ambas estão relacionadas com as funções. O vermelho se dedica ao armazenamento e à reciclagem de glóbulos vermelhos enquanto o branco está relacionado com o armazenamento de glóbulos brancos e plaquetas.
Pode-se viver tranquilamente sem o baço. Isto porque o fígado recicla os glóbulos vermelhos e seus componentes. E, de modo similar, outros tecidos linfáticos do corpo colaboram com a função imune do baço.
O estômago desempenha quatro funções principais: a digestão mecânica, ao contrair-se para triturar a comida; a digestão química, mediante a liberação de ácidos que ajudam a decompor quimicamente os alimentos; e, por último, a absorção e a secreção. Em algumas ocasiões, o estômago tem de ser extirpado para a eliminação de tumores ou por causa de traumatismos. Em 2012, uma britânica teve de se submeter à extirpação do estômago depois de ingerir um coquetel que continha nitrogênio líquido.
Quando extirpam o estômago, os cirurgiões costuram diretamente o esôfago no intestino delgado. Com uma boa recuperação, os pacientes podem seguir uma dieta normal com suplementos vitamínicos.
Os principais órgãos reprodutores nos homens e nas mulheres são os testículos e os ovários, respectivamente. Trata-se de estruturas pares e só é preciso que um deles funcione para se poder gerar filhos.
A extirpação de um desses órgãos ou de vários se deve, em geral, a um câncer ou, nos homens, a um traumatismo, com frequência como resultado de atos violentos, esportes ou acidentes de trânsito. Nas mulheres o útero também pode ser extirpado. Este procedimento (histerectomia) impede que tenham filhos e elimina a menstruação nas mulheres pré-menopáusicas. As pesquisas indicam que as mulheres cujos ovários são extirpados não têm a expectativa de vida reduzida. Curiosamente, em algumas populações masculinas, a extirpação de ambos os testículos pode resultar no aumento da expectativa de vida.
O cólon (o intestino grosso) é um tubo de aproximadamente 1,5 metro de longitude em quatro partes: ascendente, transverso, descendente e sigmoide. As principais funções são a de extrair água e preparar as fezes, compactando-as. A presença de tumores ou outras enfermidades pode provocar a necessidade de extirpar a totalidade ou uma parte do cólon. A maioria dos pacientes se recupera bem depois dessa cirurgia, embora notem algumas mudanças nos hábitos intestinais. Inicialmente se recomenda uma dieta branda para ajudar na recuperação.
A vesícula se situa debaixo do fígado, na parte superior direita do abdômen, justamente abaixo das costelas. Armazena uma substância denominada bile. A bile é produzida constantemente pelo fígado para ajudar a decompor as gorduras, mas, quando não é necessária na digestão, é armazenada na vesícula.
Quando os intestinos detectam gorduras, é liberado um hormônio que faz com que a vesícula se contraia, introduzindo bile nos intestinos para ajudar a digeri-las. No entanto, o excesso de colesterol na bile pode formar cálculos biliares, capazes de bloquear os diminutos condutos que a transportam. Quando isso acontece, pode ser necessário extirpar a vesícula do paciente. Essa operação é conhecida como colecistectomia. Cerca de 70.000 pessoas por ano se submetem a esse procedimento no Reino Unido.
Muitas pessoas têm vesículas completamente assintomáticas, outras não são tão afortunadas. Em 2015, foram extirpados 12.000 cálculos biliares de uma mulher indiana. Um recorde mundial.
O apêndice é uma pequena estrutura vermiforme com um fundo cego, situado na união dos intestinos delgado e grosso. Inicialmente se pensou que era um resquício, agora se acredita que se trate de um “refúgio” para as bactérias benéficas dos intestinos, que lhes permite repovoá-lo quando necessário.
Por causa de sua natureza de fundo cego, quando entram nele conteúdos intestinais pode ser difícil que saiam e, por isso, o apêndice inflama. Essa infecção é denominada de apendicite. Em casos graves, é necessário extirpá-lo.
Uma advertência: o fato de uma pessoa ter tido o apêndice extirpado não significa que não possa reproduzir-se e voltar a causar dor. Há alguns casos em que não ocorre uma extirpação completa do apêndice, e este pode voltar a se inflamar, causando “apendicite do coto”. As pessoas submetidas a uma apendicectomia não notam diferença alguma em seu modo de vida.
A maioria das pessoas tem dois rins, mas é possível sobreviver com apenas um; ou até mesmo sem nenhum (com a ajuda de diálise). A função dos rins é a de filtrar o sangue para manter o equilíbrio de água e eletrólitos, assim como o equilíbrio ácido-base. Isto é realizado agindo como uma peneira, usando uma variedade de processos para conservar as substâncias úteis, como proteínas, células e nutrientes de que o corpo necessita. O mais importante é que eliminam muitas coisas de que não precisamos, deixando-as passar pela peneira e excretando-as em forma de urina.
Há muitas razões pelas quais se deve extirpar um rim, ou ambos: doenças hereditárias, danos produzidos por fármacos ou álcool, ou até mesmo infecção. Se uma pessoa não tem os dois rins, tem de se submeter a diálise. Essa diálise pode ser feita de duas formas: hemodiálise e diálise peritoneal. Para a primeira se utiliza uma máquina que contém solução de dextrose para limpar o sangue; para a outra se emprega um cateter especial inserido no abdômen para permitir a introdução e a extração manual da solução de dextrose. Ambos os métodos extraem os resíduos do corpo.
Se uma pessoa precisa se submeter à diálise, sua expectativa de vida depende de muitas coisas, como o tipo de diálise, o sexo e outras doenças de que padeça, bem como a idade. Pesquisas recentes calcularam que uma pessoa submetida a diálise aos 20 anos pode viver entre 16 e 18 anos mais enquanto uma de 70 anos talvez viva somente cinco anos.
* Adam Taylor é diretor do Centro de Aprendizagem de Anatomia Clínica e professor de Anatomia na Universidade de Lancaster.
Cláusula de divulgação: Adam Taylor é afiliado à Anatomical Society.
** Este artigo foi publicado originalmente em inglês no site: The Conversation. Reproduzido e traduzido por El País Brasil.
Fonte: El País Brasil
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