Seu José tem 53 anos e anda de bicicleta por uma rodovia para sair de sua casa em Elói Mendes até um hospital em Varginha (MG).
– por Ernane Fiuza e Fernanda Rodrigues, EPTV e G1 Sul de Minas*
Ainda é cedo quando o seu José de Assis Lúcio, de 53 anos, morador da zona rural de Elói Mendes (MG), pega sua bicicleta rumo a um hospital de Varginha (MG). O motivo? Quatro horas de sessão de hemodiálise. José ficou conhecido no Sul de Minas por pedalar 16 quilômetros, pelo menos três vezes por semana, para fazer seu tratamento. Ao todo, em um mês, são pelo menos 200 quilômetros, ida e volta.
“Saio cedo mesmo. Deu 6 horas, ou 6h30, 7h, já estou saindo. Já pego a bicicleta e estou indo”. O chapéu e a botina são companheiros na rodovia BR-491, que liga a casa do seu José ao hospital.
Há seis anos, ele foi diagnosticado com insuficiência renal e, nas primeiras sessões, chegou a ir de carro. Mas sempre sentia um mal estar. “É ruim, eu sentia que meu corpo não gosta, começa a cabeça a doer, corpo dói, pernas adormecem”.
O jeito foi investir na bicicleta e driblar os desafios. Quem conhece o seu José do hospital demorou para acreditar na disposição em chegar de bicicleta. “Eu e meu motorista sempre comentamos: como é que aguenta? A pessoa não sai bem daqui. E ele sai tranquilo, não tem nem cara de quem está doente”, conta a aposentada Maria Aparecida de Carvalho.
O irmão de José também faz hemodiálise há 15 anos e também não entende a disposição do paciente. “Ele é uma força que vem de Deus. Deus fortalece. Porque eu por exemplo não vou, não consigo”, explica o aposentado Valdemir Lúcio.
Durante as quatro horas de hemodiálise, José usa o tempo para ler e escrever, atividades que aprendeu há pouco tempo, como conta a técnica em enfermagem Heloísa Souza. “Não sabia até então nada, faz pouco tempo que ele começou. Ele pede opinião da gente, ouve os áudios, é bem esforçado”.
Em geral, os pacientes que passam por hemodiálise sentem fraqueza, dor de cabeça e tontura. Mas o José, assim que sai da sessão, já pega o caminho de casa, para mais 16 quilômetros de pedal. E garante que não abre mão da companheira por nenhum outro meio de transporte, nem nos dias de chuva. “Não largo não, já acostumei com ela”.
*Fonte: G1/EPTV.