“Tenho uma espécie de dever de sonhar sempre, pois, não sendo mais, nem querendo ser mais, que um espectador de mim mesmo, tenho que ter o melhor espetáculo que posso. Assim me construo a ouro e sedas, em salas supostas, palco falso, cenário antigo, sonho criado entre jogos de luzes brandas e músicas — visíveis.”
– Bernardo Soares (Fernando Pessoa), do “Livro do Desassossego”. Lisboa: Tinta da China, 2014.
Maria Bethânia recita o trecho acima na introdução à música “Sonho impossível” (versão) de Chico Buarque e Ruy Guerra, para música ‘The impossible dream” de Joe Darion e Mitch Leigh
“Sonho impossível”
Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a torutura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meul eito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão
– Composição (versão*) de Chico Buarque e Ruy Guerra (1972), para a música/composição ‘The impossible dream” de Joe Darion e Mitch Leigh
* Esboço datilografado da letra da canção: “Sonho impossível”, versão de Chico e Ruy Guerra da canção norte-americana “The impossible dream”, de Joe Darion e Mitch Leigh. A canção faz parte da trilha sonora do espetáculo “O homem de la mancha”, versão de Paulo Pontes e Flavio Rangel para o musical da Broadway “Man of la mancha”, de Dale Wasserman. Foi composta em 1972, mas só foi gravada e lançada em 1975, no disco “Chico Buarque e Maria Bethânia Ao Vivo”, na voz de Maria Bethânia, que consagrou a canção.
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