A cantora Sonya, que durante décadas fez parte do Quarteto em Cy, está lançando o álbum “Da saudade boa”, o segundo de sua carreira solo, com músicas inéditas, regravações, mas, sobretudo, canções que fazem parte de sua memória, suas melhores lembranças. O trabalho chegou às plataformas digitais no último dia 21.
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O repertório tem mesmo tudo a ver com a saudade. Saudade de lugares, de épocas, de pessoas – amigos, colegas da música, mestres. Saudade boa é de João Donato, que participou tocando dois pianos na faixa “Gaiolas abertas”, música dele em parceria com Martinho da Vila, que o próprio Donato fez o arranjo. Das 13 faixas do álbum, 11 contaram com arranjos do maestro e violonista Luiz Claudio Ramos. Dele e Chico Buarque, Sonya gravou “Outra noite” e conseguiu a façanha de convencê-lo a cantar com ela.
Entre as músicas inéditas, estão “Dois tons”, de Fernando Leporace, que também fez o arranjo, e Celia Vaz; “Abertura dos portos” (Zé da Lata/Espigão), que abre o álbum; e, justamente, a música que dá título ao trabalho, “Da saudade boa”, de Miltinho e do saudoso Magro Waghabi, do MPB4, amigos da vida de Sonya. “Uma grande satisfação e honra receber o convite da Sonynha, minha querida amiga de vida e palco, para participar de seu álbum “Da saudade boa“. Também por ela ter escolhido nossa música, minha e do saudoso companheiro o Magro, para título do disco. E junto com grandes compositores e grandes nomes da nossa música, como João Donato, Bebeto Castilho, Celia Vaz e Fernando Leporace. Além disso, gravando junto com músicos maravilhosos como Luiz Claudio Ramos que fez os arranjos, Cristovão Bastos, Jorge Helder, Gilson Peranzzetta, João Cortez e outros. O álbum da Sonynha está lindo”, empolga-se Miltinho.
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Falando em amigos, Sonya aproveitou para gravar “Vida de artista”, de Sueli Costa, a quem admira profundamente, com letra do poeta Abel Silva. E, como saudade boa tem a ver com paixões, Sonya também resolveu homenagear o compositor e pianista francês Michel Legrand, gravando dele “Valse des lilás”, que, na versão de Ronaldo Bastos, virou “A minha valsa”, canção gravada anteriormente por Nana Caymmi e pelo casal Francis e Olivia Hime. Legrand foi um grande ídolo, para quem Sonya ofereceu um almoço me sua primeira vinda ao Brasil nos anos 1970. Outro artista estrangeiro de quem ela é fã, o compositor George Gershwin, também está no repertório do álbum com “Someone To Watch Over Me”, dele e o irmão Ira Gershwin.
Saudade boa para Sonya também de artistas que fizeram parte da vida dela, como Luis Carlos Sá e Sidney Miller, com os quais formou, ainda adolescente, o grupo Mensagem, em 1965. De Miller, ela gravou “Meu violão”, e de Sá, “Samba da Aurora”.
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Outro ídolo que não poderia faltar era Tom Jobim. Dele com Ana Lontra Jobim, Sonya escolheu “Você vai ver”. Assim como selecionou uma outra música, que não é do Tom, mas em homenagem a ele: “Ao amigo Tom”, de Marcos Valle, Paulo Sérgio Valle e Osmar Milito, outro saudoso amigo dela.
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“Essa gente toda, esse povo todo, muitas dessas músicas são com aqueles meus amigos que começaram a carreira comigo e outras são canções que sempre gostei de ouvir”, revela Sonya, artista forjada nos afetos que cultiva, com talento raro, amigos “Da saudade boa” e transforma tudo em arte neste álbum.
Mais um pouco sobre Sonya
Convidada a integrar o Quarteto em Cy em 1967, construiu sua trajetória a partir das aulas de piano, instrumento que começou a aprender menina e do qual se tornou professora ainda na adolescência, quando nem pensava em ser cantora.
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A carioca, que nasceu Sonia Maria Romaguera Ferreira, formou-se em Teoria Musical pelo Conservatório Brasileiro de Música e Harmonia Funcional pela Musiarte do Rio de Janeiro, estudou piano clássico no Conservatório Brasileiro de Música e Música Popular Brasileira e Hamonia com Antonio Adolfo.
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Em 1965, participou de um concurso de músicas cujo tema era “Liberdade” para o Teatro Opinião. Defendeu a canção “Manhã de liberdade”, de Marco Antonio Menezes e Nelson Lins e Barros, e conquistou o primeiro lugar. Chamou a atenção de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianninha, que a convidou para participar do show “Samba pede passagem” no Teatro Opinião, ao lado de Aracy de Almeida, Ismael Silva, Baden Powell, Época de Ouro e MPB4.
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DISCO ‘DA SAUDADE BOA’ • Sonya • Selo Mills Records • 2025
1. Abertura dos portos (Zé da Lata e Espigão)
2. A minha valsa – Valse des lilás (Michel Legrand e Ronaldo Bastos)
3. Você vai ver (Tom Jobim e Ana Lontra Jobim)
4. Vida de artista (Sueli Costa e Abel Silva)
5. Someone to watch over me (George Gershwin e Ira Gershwin)
6. Samba da Aurora (Luis Carlos Sá)
7. Outra noite (Luiz Claudio Ramos e Chico Buarque)
8. Meu violão (Sidney Miller)
9. Dois tons (Fernando Leporace e Celia Vaz)
10. Gaiolas abertas (João Donato e Martinho da Vila)
11. Doce rotina (Ivan Lins, Gilson Peranzzetta e Nelson Wellington)
12. Da saudade boa (Miltinho e Magro Waghabi)
13. Ao amigo Tom (Marcos Valle, Paulo Sérgio Valle e Osmar Milito)
– ficha técnica –
Faixa 1 – Sonya Ferreira (voz); Luiz Claudio Ramos (violão e arranjo); Zé da Lata (voz e violão); Jorge Helder (contrabaixo); João Cortez (bateria); Daniel Silli de Castro (tamborim) / Trio de sopros: Marcelo Bernardes (sax tenor), Aquiles Moraes (trompete) e Rafael Rocha (trombone) | Faixa 2 – Sonya (voz); Luiz Claudio Ramos (arranjo); Cristovão Bastos (piano); Hugo Pilger (violoncelo); Gabriel Grossi (harmônica) | Faixa 3 – Sonya (voz); Luiz Claudio Ramos (violão e arranjo); Franklin da Flauta (flautas); João Cortez (bateria) | Faixa 4 – Sonya (voz); Luiz Claudio Ramos (violão, guitarra e arranjo) | Faixa 5 – Sonya (voz); Luiz Claudio Ramos (violão e arranjo); Sérgio Barroso Netto (baixo) / Quarteto de Cordas: violinos – Priscila Plata Rato e Tomás Soares; viola – Dhyan Toffolo; violoncelo – Hugo Pilger? | Faixa 6 – Sonya (voz); Luiz Claudio Ramos (violão e arranjo); Jorge Helder (baixo); João Cortez (bateria); Rafael Rocha (trombone) | Faixa 7 – Sonya (voz); Luiz Claudio Ramos (violão e arranjo); Jorge Helder (baixo) | Faixa 8 – Sonya (voz); Luiz Claudio Ramos (violão e arranjo) | Faixa 9 – Sonya (voz); Luiz Claudio Ramos (violão); Fernando Leporace (arranjo, baixo e programação de cordas e piano); João Cortez (bateria) | Faixa 10 – Sonya (voz); João Donato (arranjo e 2 pianos); Jefferson Lescowitch (baixo); João Cortez (bateria) | Faixa 11 – Sonya (voz); Luiz Claudio Ramos (violão, guitarra e arranjo); Gilson Peranzzetta (piano); Jorge Helder (baixo); João Cortez (bateria) | Faixa 12 – Sonya (voz); Miltinho (voz); Luiz Claudio Ramos (violão e arranjo); Cristovão Bastos (piano); Jorge Helder (baixo); João Cortez (bateria) | Faixa 13 – Sonya (voz); Luiz Claudio Ramos (violão e arranjo); Osmar Milito (piano) / Quarteto do Rio: Eloi Vicente (voz), Neil Carlos (voz, contrabaixo e arranjo vocal), Leandro Freixo (piano) e Fabio Luna (bateria) | Direção musical e arranjos: Luiz Claudio Ramos | Gravado no Estúdio Boca do Mato – Rio de Janeiro/RJ | Técnico de gravação: Daniel Sili | Mixagem: ? | Masterização: Carlos Mills | Fotografia: Marcelo Castello Branco | Design gráfico: Luciane Nardi | Assessoria de imprensa: Sheila Gomes / SG Assessoria de Imprensa | Selo: Mills Records | Formato: CD digital / físico | Ano: 2025 | Lançamento: 21 de fevereiro | ♪Ouça o álbum: clique aqui.
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>> Siga: @soniaromaster | @cabanasproducoes | @millsrecords.br
Série: Discografia da Música Brasileira / MPB / Canção / álbum.
Publicado por ©Elfi Kürten Fenske