LP/Vinil 'Recomeçar' • Tim Bernardes • Selo Rocinante Três Selos • reedição 2025
Entre o fim e o começo: Tim Bernardes lança novo vinil para “Recomeçar”. Álbum solo de estreia ganha versão especial e limitada pela Rocinante Três Selos
“Foi um disco feito para sair em LP.” A frase de Tim Bernardes, dita à época do lançamento de Recomeçar, nunca fez tanto sentido. Quase uma década depois, seu primeiro álbum solo retorna em uma edição definitiva pela Rocinante Três Selos, reafirmando sua importância como uma das obras mais marcantes da música brasileira contemporânea. Em vinil transparente de 180g, essa edição limitada chega em capa dupla de luxo e materiais inéditos resgatam a essência do álbum.
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Lançado em 2017, o disco nasce da solidão e a traduz em música. Com 13 faixas autorais, Tim Bernardes reflete sobre o peso do amadurecimento, as rupturas e a busca por sentido, transformando suas inquietações em melodias orquestradas com precisão. Inspirado pelo formato de um “filme para os ouvidos”, o álbum tem estrutura cíclica, abrindo e fechando com temas que reforçam sua unidade narrativa.
Produzido, mixado e arranjado pelo próprio artista, Recomeçar consolidou Tim como um compositor de primeira grandeza, alinhando-se a uma linhagem de discos confessionais que marcaram época, como Lóki? (Arnaldo Baptista), Caetano Veloso (1971), O Milagre dos Peixes (Milton Nascimento) e A Dança da Solidão (Paulinho da Viola). A nova edição ressalta ainda mais sua estética e profundidade, chegando em vinil 180g transparente, obi com texto de Bento Araújo, capa gatefold de luxo, nova contracapa e um encarte especial com folhas de contato das películas da sessão de fotos (120mm) e do clipe (16mm), revelando os bastidores visuais do projeto.
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Gravado entre os lançamentos dos primeiros álbuns d’O Terno, o disco foi gestado ao longo de anos e só viu a luz quando Tim encontrou o momento certo para concretizá-lo. O álbum foi registrado por Gui Jesus Toledo no Estúdio Canoa e masterizado por Fernando Sanches no Estúdio El Rocha. Agora, essa versão definitiva está disponível exclusivamente em rocinantetresselos.com
DISCO ‘RECOMEÇAR’ • Tim Bernardes • Selo Rocinante Três Selos • 2025
Canções / compositores
Lado A
1. Abertura (Recomeçar). (Tim Bernardes) / Instrumental
2. Talvez (Tim Bernardes)
3. Quis mudar (Tim Bernardes)
4. Tanto faz (Tim Bernardes)
5. Ela não vai mais voltar (Tim Bernardes)
6. Pouco a pouco (Tim Bernardes)
7. Não (Tim Bernardes)
Lado B
1. Era o fim (Tim Bernardes)
2. Ela (Tim Bernardes)
3. Incalculável (Tim Bernardes)
4. Calma (Tim Bernardes)
5. As histórias do cinema (Tim Bernardes)
6. Recomeçar (Tim Bernardes)
– ficha técnica –
Faixa 1A (instrumental): Tim Bernardes – piano, metalofone, vocalise, percussões e texturas / Participações: Marina Mello – harpa; Felipe Pacheco Ventura – violinos; Niels Van
Heertum – eufônio | Faixa 2A – Tim Bernardes – bateria, baixo, órgão, violão, guitarra acústica, metalofone e voz / Participação: Felipe Pacheco Ventura – violinos | Faixa 3A – Tim Bernardes – violão de nylon, metalofone, piano, guitarra acústica, percussões, voz e coros / Participações: Felipe Pacheco Ventura – violinos; Arthur Decloedt – contrabaixo acústico; Felipe Nader – saxofones; Marina Mello – harpa | Faixa 4A – Tim Bernardes – violão de aço, pisada, surdo e voz / Participação: Felipe Pacheco Ventura – violinos | Faixa 5A – Tim Bernardes – voz, violão / Participações: Douglas Antunes – trombone; Felipe Nader – souzafone; Felipe Pacheco Ventura – violinos | Faixa 6A – Tim Bernardes – guitarra de 12, voz, piano, coros e percussões / Participações: Felipe Nader – saxofone, clarone e souzafone; Felipe Pacheco Ventura – violinos; Douglas Antunes – trombones | Faixa 7A – Tim Bernardes – violão e voz / Participação: Felipe Pacheco Ventura – violinos | Faixa 1B – Tim Bernardes – guitarra acústica, voz, coros, metalofone, piano preparado e violão / Participações: Felipe Pacheco Ventura – violinos; Douglas Antunes – trombones; Marina Mello – harpa | Faixa 2B – Tim Bernardes – violão de nylon e voz | Faixa 3B – Tim Bernardes – violão de nylon, voz, coros, baixo, guitarra de 12, metalofone, mellotron, percussões / Participações: Maria Beraldo – clarones; Marina Mello – harpa | Faixa 4B – Tim Bernardes – autoharp, piano e voz / Participação: Maria Beraldo – clarones e clarinetes | Faixa 5B – Tim Bernardes – guitarra, voz, percussões, bateria, baixo, coros / Participações: Marina Mello – harpa, Felipe Pacheco Ventura – violinos; Felipe Nader – sax baritno; Douglas Antunes – trombones | Faixa 6B – Tim Bernardes – piano, voz e metalofone / Participações: Felipe Pacheco Ventura – violinos; Niels van Heertum – eufônio; Marina Mello – harpa | Arranjos de banda, cordas, sopros e harpa por Tim Bernardes | Gravado por Gui Jesus Toledo, no Estúdio Canoa | Mixado por Tim Bernardes | Masterizado por Fernando Sanches no Estúdio El Rocha | Produção e direção musical: Tim Bernardes | Engenheiro de som e “coaching emocional”: Gui Jesus Toledo | Fotos e capa: Marco Lafer | Tratamento de cor da capa: Osmar Junior | Projeto gráfico: Maria Cau Levy | Frames: André Dip || Edição Rocinante/Três Selos (2025) – Coordenação geral: João Noronha, Sylvio Fraga e Wladymir Jasinski | A&R: Márcio Rocha e Rafael Cortes | Coordenação gráfica: Mateus Mondini | Coordenação técnica: Pepê Monnerat | Coordenação de prensagem: Vinicius Crivellaro | Licenciamento: Daniel Moura e Joe Lima | Texto e edição de conteúdo: Bento Araújo | Direção de arte: Bloco Gráfico | Design: Pedro Caldara | Masterização: Fernando Sanches | Assessoria de imprensa: Pantim Comunicação / Tathianna Nunes e Dayw Vilar | Selo: Rocinante Três Selos | Cat.: R3-068| Formato: LP/vinil | Ano: 2017/2025 | Relançamento: fevereiro 2025 | ♪Ouça o álbum: clique aqui | ♩Compre o LP/vinil: clique aqui.
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TEXTO BENTO ARAUJO PARA O ENCARTE DO LP ‘RECOMEÇAR’, EDIÇÃO 2025
Não é sobre o começo, não é sobre o fim. É sobre aquilo que existe entre essas duas coisas: o vácuo, o abismo. Recomeçar, o primeiro disco solo de Tim Bernardes, é sobre a solidão de chegar à maioridade. O insulamento de Tim se tornou público após uma audição surpresa do disco, através de uma live às vésperas do lançamento oficial nas plataformas de streaming.
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Em 2013, o jovem e talentoso cantor, compositor e multi-instrumentista paulistano chegava aos 21 anos de idade com uma avalanche de situações vindo em sua direção.
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Uma desilusão amorosa desencadeava angústias e questionamentos — para um artista tão jovem, a saída foi transformar sofrimento em arte, ou melhor, em um álbum confessional/conceitual que funcionaria como um poético tributo ao recomeço. Vida e obra caminhando, juntas. Medo, vazio, solidão e a vontade de sonhar, de criar algo novo.
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A veia compositora de Tim começou a dar seus primeiros sinais quando ele tinha 17 anos. Já tocava violão há bastante tempo (começou aos seis), porém se concentrava apenas em tocar sons de seus grupos favoritos. Quando seus temas autorais começaram a surgir, a maioria era automaticamente assimilada pela sua banda, O Terno, porém, uma leva de canções “mais calmas” não cabiam na estética do grupo e faziam sentido somente juntas, isoladas em uma futura carreira solo, em paralelo às atividades da nave mãe.
A gestação de Recomeçar aconteceu entre o lançamento dos dois primeiros álbuns d’O Terno: 66 (2012) e O Terno (2014). O nascimento, no entanto, aconteceu somente em 2017, quando a banda havia lançado um terceiro registro: Melhor do Que Parece (2016). Foi preciso coragem, foco e, principalmente, o ímpeto de iniciar algo que vinha sendo constantemente adiado — tanto pela cobrança pessoal como pelo perfeccionismo.
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Até que, em janeiro de 2017 e em sigilo total, Tim iniciou uma imersão no estúdio Canoa, do selo Risco. Em duas semanas, trabalhando 12 horas por dia, registrou o esqueleto e o “arco” das canções do álbum, para assim poder trabalhar em cima dos temas. A solidão de se encontrar em voo solo, pela primeira vez, foi um processo autônomo extremamente prazeroso para o compositor, que verbalizava apenas em silêncio, consigo mesmo. Os meses foram passando e seu tempo no Canoa terminou. A melhor saída foi seguir gravando em casa, terminando o que faltava, para depois mergulhar intensamente no processo de mixagem.
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Assim como um “filme para os ouvidos”, Recomeçar tem um roteiro, que começa e termina com prólogo e epílogo semelhantes, amarrando toda a narrativa e o conceito da obra. Após a abertura, Tim surge com “Talvez”, cantando os anseios de deixar algo para trás e sonhar o novo, mesmo não sabendo se algo irá realmente acontecer em meio à tamanha desilusão: “Eu não quis ouvir / Fui me fechar / Pra tudo que eu não conheço / Eu fui esperar acontecer / O que eu criei na cabeça”.
O folk de “Quis Mudar” traz à tona o jovem Tim Bernardes de 2013, refletindo sobre o que queria ser dali em diante, inventando o seu próprio caminho. O violão utilizado na gravação foi o mesmo que ficou preso entre as ferragens de um grave acidente sofrido pelo artista anos antes, quando estava viajando num ônibus que capotou. Tim sofreu diversos ferimentos e precisou ficar quatro meses sem tocar.
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“Tanto Faz” foi o primeiro single solo de sua carreira e ganhou um belo e melancólico clipe artesanal que reflete o espírito do álbum. O autor analisa o sentimento da impotência e da desilusão, tanto no amor como na política, apoiando-se na cadência sentimental e desoladora do samba-canção: “Vai ter copa, vai ter carnaval, mas continua errado / Nada é justo ou injusto se não há justiça de fato”. O tema desagua em “Ela Não Vai Mais Voltar”, apenas voz e orquestra, com Tim utilizando um grandioso arranjo de cordas para comunicar o que estava sentindo, aquilo que jamais conseguiria demonstrar apenas com palavras. Foi preciso a dramaticidade de uma orquestração para que as pessoas pudessem sacar a gravidade do lance, para que todos pudessem ouvir e sentir algo pelo menos próximo daquilo que ele próprio estava sentindo. Lembrando que essa orquestração de cordas que rondava os pensamentos de Tim foi colocada em prática por um sujeito muito especial no resultado final de Recomeçar: o violinista Felipe Pacheco Ventura.
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O tema mais longo de Recomeçar vem na sequência, “Pouco a Pouco”, flagrando o protagonista em mutação, distante de qualquer conforto, sempre na incessante busca pelo autoconhecimento. Piano, orquestrações lindíssimas, uma perturbadora parede de saxofones e uma guitarra de 12 cordas microfonada, mas não plugada, criando uma sonoridade distinta e peculiar. O primeiro lado do LP é encerrado com “Não”, a mais antiga composição do álbum, expurgada e mantida em segredo após o acidente e a desilusão do jovem Tim, que canta “Eu me acostumo, mas eu não te esqueço”. A primeira sequela dessa delicada colisão emocional surge quando a agulha percorre os últimos sulcos: “Hoje eu morri por dentro”.
O lado B começa com “Era o Fim”, articulando ainda sobre a vivência do “Não” e sobre o medo de se entregar a uma nova paixão e, inevitavelmente, vir a sofrer. A inspiração para “Ela” veio de um Carnaval, quando Tim avistou uma garota passando mal, em meio a uma bad trip. Tim descreve com beleza e melancolia algo que se apagou na garota e nele mesmo, já que a canção é autobiográfica. Em “Incalculável” ele canta o paradoxo entre a emoção e a razão: “Quis desligar sua razão / Faltou coragem de arriscar / A vida sem cautela / Era muito incerta / Perdido de um lado / Da moeda quis o outro / Mas pensou um pouco… / A mente e o sentimento / São uma combinação / Interessante de se ter”.
Entre tentativas e constatações, “Calma” aponta para o fim: dos relacionamentos, das tensões, das dores e do álbum em si. O acompanhamento instrumental é operativo, com Tim na autoharp, voz, piano e Maria Beraldo nos clarones e clarinetes. O filme chega ao fim em “As História do Cinema”: “E chegou no fim do filme / De volta aonde começou / Um minuto de silêncio / De quem riu, de quem chorou / E quem esqueceu da vida / Volta agora a se lembrar / Vendo os créditos / Descendo”. Quando entra bateria e orquestração o ouvinte já está completamente rendido, acreditando que “A vida parece mentira, porque não quer acreditar que as histórias do cinema é que não podem ser reais”. O epílogo pós apocalíptico é com “Recomeçar” — Tim respira fundo e segue, em plena jornada do recomeço.
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Quando fechou a ordem do tracklist de Recomeçar, Tim finalmente saiu do casulo e ligou para seus companheiros d’O Terno — seus melhores amigos e também os músicos com quem ele mais se identificava. Até então, somente Gui Jesus Toledo do estúdio Canoa, havia escutado o material, ele que foi engenheiro de som e “coaching emocional” do álbum. Lançado originalmente em setembro de 2017, Recomeçar foi considerado não somente um dos melhores discos daquele ano como também um dos melhores álbuns de estreia da música brasileira.
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Em 2022 ele lançou seu segundo álbum, Mil Coisas Invisíveis, mas foi em Recomeçar que Tim Bernardes foi flagrado em deslocamento solo, em mutação, avisando que “pouco a pouco eu vou me conhecer melhor”, como cantou em “Pouco a Pouco”. Aos 25 anos de idade e em modo “ele consigo mesmo”, conseguiu a proeza de transportar para os sulcos do vinil o modo como pensava sua música e todo o design sonoro que habitava seus solitários arranjos imaginários. Mais que isso, através da natureza individualista de produção comum à sua geração, criou uma coleção de canções que reverbera a sublime solidão de seus questionamentos confessionais — e que também se acomoda na prateleira de outros memoráveis álbuns existenciais e melancólicos da música brasileira como Lóki? (Arnaldo Baptista), Caetano Veloso (o disco de 1971, gravado no exílio), Imyra, Tayra, Ipy (Taiguara), O Milagre dos Peixes (Milton Nascimento) e A Dança da Solidão (Paulinho da Viola), entre muitos outros.
Tim Bernardes
Recomeçar
Por Bento Araujo
Projeto Rocinante Três Selos
A paixão pelo vinil uniu, em novembro de 2023, três grandes nomes do mercado nacional em uma colaboração inédita: a fábrica Rocinante, localizada em Petrópolis, a Três Selos, renomada por sua seleção especial de lançamentos em vinil, e a Tropicália Discos, uma loja icônica do Rio de Janeiro com mais de 20 anos de expertise na divulgação da música brasileira.
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Essas referências do mercado se unem para apresentar com excelência algumas das obras mais marcantes da música brasileira, incluindo nomes consagrados como Chico César, Gilberto Gil, Hermeto Pascoal, Novelli, Tulipa Ruiz, Céu, Baiana System, Barão Vermelho, Anelis Assumpção, Dona Onete, Alceu Valença, Os Orixás, Chico Buarque, Djavan, Cólera. Com um projeto gráfico inovador e utilizando as melhores prensas de vinil do país, essa parceria promete elevar ainda mais a música brasileira, celebrando sua riqueza e diversidade em cada lançamento.
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Série: Discografia da Música Brasileira / MPB / Canção / Álbum.
* Publicado por ©Elfi Kürten Fenske
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