‘Triste’, 4º álbum do pianista, compositor e arranjador Chico Adnet

Com 11 faixas, sendo dez de autoria de Adnet, “Triste” estará disponível nas plataformas digitais a partir de 31 de agosto. Evento de lançamento está marcado para 5 de setembro, no Clube Manouche, no Rio de Janeiro.
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Entre as diversas músicas de sua autoria ainda engavetadas nos últimos trinta anos, o pianista, compositor e arranjador Chico Adnet observou um ponto em comum: a tristeza. É esta a tônica das obras reunidas emTriste, quarto álbum do músico carioca. São onze faixas, sendo dez composições próprias, nove delas inéditas e uma interpretação de “Feuillet D’album, op. 45 no. 1”, do russo Alexander Scriabin no piano elétrico. Gravado entre 2022 e 2023, “Triste” contou com a participação de duas orquestras de cordas: uma no Rio, formada por 22 músicos, e outra em Tallin, Estônia, com 24 instrumentistas. A obra completa estará disponível nas plataformas digitais a partir de setembro.

De uma família de músicos, Chico convidou os irmãos Mário, Maúcha e Muiza para participarem do álbum cantando em “Imagens”, uma das poucas canções sem as cordas, mas com sintetizadores. “Os sintetizadores eram uma coisa meio futurista lá pelos anos 70, e a letra fala de espaço-tempo, da semelhança que a gente começa a sentir com nossos pais”, diz. A família também está presente nas músicas “Doce companheira” e “Fria madrugada”, que ganharam letras do compositor (e tio) Luiz Fernando Gonçalves, irmão de sua mãe. (“Hoje percebo claramente que Luiz Fernando é meu amigo. A amizade que supera o parentesco”). A primeira é sobre a perda de um ente querido, e a estranheza de ver que o mundo continua girando, indiferente sua dor. Já a segunda ficou guardada por de mais de trinta anos. “Foi uma das primeiras coisas mais sérias que eu fiz, mas ficou adormecida na gaveta.”
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Em uma das faixas, Chico faz uma homenagem ao filho Marcelo Adnet, ator e comediante, e, em outra, aos seus caçulas, um casal de os gêmeos de 8 anos. A música “Companheiro de viagem” foi escrita a partir de uma lembrança que o compositor tinha do primogênito ainda criança. “Quando o Marcelo tinha uns 3 anos, a gente andava na rua de mãos dadas e, quando passava por uma vitrine que nos refletia, eu dizia pra ele: ‘olha lá, dois caras!, dois caras!…’ A canção foi criada sob a emoção de constatar que nós éramos companheiros de vida, pai e filho. Para os caçulas, a música surgiu antes de eles nascerem de uma brincadeira com a enteada, Luisa, de chamar a mãe de “Tatu”. Então ficou “Dois Tatuzinhos”.

Para Chico, o disco é uma espécie de celebração. “É pra dar graças à vida e comemorar o fato de ter aprendido a lidar com a tristeza. Depois de tanta convivência com a melancolia, hoje sou uma criatura mais alegre do que triste, como preconizava Vinicius de Moraes. E tem o fato de que eu sempre achei música triste uma coisa linda!”, diz Adnet.
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A única canção do repertório que Chico não considera triste é o samba “Lembra”, que surgiu da saudade de sua irmã Maucha quando ela já morava em Nova York, no fim da década de 80. Para a gravação das vozes, foram convidados os amigos Pedro Miranda, João Cavalcanti, Moyséis Marques e Alfredo Del Penho.

Capa do álbum ‘Triste’ • Chico Adnet • Selo Independente / Distribuição Agente Digital •  2023

DISCO ‘TRISTE’ • Chico Adnet • Selo Independente / Distribuição Agente Digital •  2023
Canções / compositores
1. Overture (Chico Adnet)
2. Um nome (Chico Adnet)
3. Dois tatuzinhos (Chico Adnet)
4. Dorme / Pontão Ricardo Gonçalves (Chico Adnet)
5. Imagens (Chico Adnet) | Participação: Mario Adnet, Maucha Adnet e Muiza Adnet
6. Companheiro de viagem (Chico Adnet)
7. Fria madrugada (Chico Adnet e Luiz Fernando Gonçalves)
8. Underdog theme (Chico Adnet)
9. Doce companheira (Chico Adnet e Luiz Fernando Gonçalves)
10. Lembra (Chico Adnet) | Participação: Pedro Miranda, João Cavalcanti, Moyséis Marques e Alfredo Del Penho
11. Feuillet D’album, op. 45, no. 1 (Alexander Scriabin)
– ficha técnica –
Chico Adnet (piano – fx. 1-10; violão – fx. 2; voz – fx. 2, 3, 6, 7, 9; piano elétrico – fx. 11) | Cristiano Alves (clarinete – fx. 1; clarone – fx. 4) | Joana Queiroz (clarinete – fx. 5) | Edu Neves (flautas – fx. 1, 2, 4, 8; flauta – fx. 6, 7, 9, 10; sax tenor – fx. 10) | Phillip Doyle (trompa – fx. 1, 2, 4, 6, 7, 9) | Rodrigo Herculano (oboé – fx. 1, 6) | Aquiles Moraes (flugelhorn solo – fx. 2, 8; flugelhorn – fx. 4, 6, 10) | Everson Moraes (trombone – fx. 4, 6, 10) | Guto Wirti (baixo – fx. 2, 4, 8) | Jefferson Lescowich (baixo – fx. 10) | Victor Biglione (guitarra solo – fx. 10) | Marcelo Costa (bateria – fx. 2, 4; percussões – fx. 10) | Duduka da Fonseca (bateria – fx. 8) || Vozes (fx. 5): Chico Adnet, Mario Adnet, Maucha Adnet e Muiza Adnet || Vozes (fx. 10): Chico Adnet, Pedro Miranda, João Cavalcanti, Moyséis Marques e Alfredo Del Penho | Prophet 5 (fx. 5): Chico Adnet e Newton Cardoso || Cordas Rio (fx. 2*, 3*, 7, 9) – Violinos 1: Bernardo Bessler, Ricardo Amado da Silva, Felipe Fortuna Lopes Prazeres, Ana Maria Ramos de Oliveira, Fábio Silva Peixoto, Ivan Scheinvar Tavares | Violinos 2: Fernanda Donato de Melo, Fernando Ernesto Lopes Pereira, Andréia Pinheiro Carizzi, Mariana Isdebski Salles, Luísa Neiva de Castro, Ana Carolina Rebouças Guimarães | Violas: Marie Christine Springuel Bessler, Ivan Zandonade, José Ricardo Volker Taboada, Daniel Nogueira de Albuquerque | Cellos: Hugo Vargas Pilger, Janaina de Aquino Salles, Mateus Ceccato de Souza, Bruno Rafael Valente da Silva | Contrabaixos: Claudio Alves e Silva Rodrigo Favaro // *fx. 2 e 3 – sem ‘contrabaixos’ / Arregimentação: Hugo Pilger | Regência: Chico Adnet || Cordas Tallin – Estônia (fx. 1 e 8) Violinos 1: Mari-Liis Uibo, Piret Sandberg, Katrin Matveus, Melissa Carita Ots, Helen Västrik Andrus Tork | Violinos 2: Kadi Vilu, Kristjan Nõlvak, Kristel Kiik, Egert Leinsaar, Triin Veissmann, Tarmo Truuväärt | Violas: Rain Vilu, Liina Žigurs, Joosep Ahun, Mairit Mitt, Oliver Vilu, Johanna Vahermägi | Cellos: Tõnu Jõesaar, Levi-Danel Mägila, Villu Vihermäe, Riina Erin | Baixos: Janel Altroff e Imre Eenma / Gravado no ERR Radio Studio por Kira Malevscaia | Direção de gravação e regência: Kleber Augusto || Produção: Newton Cardoso e Chico Adnet | Arranjos: Chico Adnet | Gravado no Estúdio Megu, Rio, entre outubro de 2022 e abril de 2023/ exceto ‘Cordas Tallin’ | Engenheiro de gravação: Ronaldo Lima / exceto ‘Cordas Tallin’ | Assistente de gravação: Erik Valentim | Edição: Newton Cardoso | Mixagem: Ronaldo Lima / Casa do Mato | Masterização: David Darlington / Bass Hit – New York | Capa e fotos: Philippe Leon | Captação de imagens, fotos gravação: Cezar Bava e Duds Vilar | Preparação vocal: Luciana Oliveira | Revisão de partituras: Ricardo Gilly | Selo: Independente | Distribuição: Agente Digital | Formato: CD Digital | Ano: 2023 | Lançamento: 30 de agosto // LP – edição limitada / lançamento previsto para novembro | #* Ouça o álbum: clique aqui. / canal YT.

Chico Adnet – foto ©Philippe Leon

Saiba mais sobre cada uma das faixas de “Triste”, por Chico Adnet
1. Overture (Chico Adnet)
“Acredito que essa canção tem uma história recorrente na vida de todos os compositores. É aquela música feita por encomenda e recusada pelo cliente. Fiz para uma peça de teatro La pelos final dos anos 90. E a diretora não gostou. Mas música não perece, vai se modificando e ganhando novas razões de existir. A música levou um não, mas, décadas depois, eu digo sim. E a vesti com um arranjo para trinta músicos. Ficou grandiosa, então mantive esse título meio pomposo.”
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2. Um nome (Chico Adnet)
“Um típico samba-canção de amor como se fazia antigamente. Acho que é como uma homenagem ao samba-canção que fala de amor, coisa da música brasileira dos anos 50, 60: “O amor tem um nome/que eu nem ouso dizer/toda luz se consome/quando eu volto a te ver/até o mar se agita/e vai anoitecer/mas ninguém acredita/no tanto que eu amo você”.
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3. Dois tatuzinhos (Chico Adnet)
“Quando estavam pra nascer os meus gêmeos, hoje com 8 anos, eu e Luisa, minha enteada, ficamos brincando de fazer uma musiquinha pra eles. A gente chama a minha mulher de Tatu, porque quando ela era pequena, era chamada de Tatutila em casa. Lembramos disso e começamos a chamá-la de Tatu. Aí a gente cantava: “vai nascer dois Tatuzinhos da barriga da Tatu”. Colou…”
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4. Dorme (Chico Adnet)
“Um choro-canção instrumental. Só com sopros e trio, piano baixo e bateria. Tem meu amigo querido de tantos anos, padrinho do meu filho Marcelo, e baterista, Marcelo Costa. Tem o Guto Wirti no baixo. Só tem gente craque. Tem qualquer coisa de ‘jobiniano’ nisso. Não sei. Só sei que lembrar o Tom Jobim é uma coisa que o Brasil precisa fazer sempre.”

5. Imagens (Chico Adnet)
“Imagens é uma canção estranha. A melodia é difícil de cantar. Mas eu quis que ela ficasse assim. É das poucas canções do álbum que não tem cordas. Tem sintetizadores. A letra fala de espaço-tempo, fala da semelhança que a gente começa a sentir com nossos pais, das imagens que se repetem, dessa proximidade com eles quando já se foram, mas vivem fortemente na gente: “quando vejo a tua imagem/no retrato do piano/você fica me olhando/e eu então vou dedilhando/enviando uma mensagem /de um futuro que passou”. O futuro e o passado. Aqui tive meus irmãos cantando comigo: Mario, Maucha e Muiza.”
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6. Companheiro de viagem (Chico Adnet)
“Uns dez anos atrás, tinha começado uma canção que dizia: “Companheiro de viagem me dá tua mão”, pensando no meu filho mais velho. Mas a canção ficou só com a primeira parte e foi morar na gaveta. Coisa normal de compositor. Aí, um dia, me liga um produtor da TV Globo e me convida pra participar de ‘Tamanho família’, programa do Marcio Garcia, em que uma personalidade tem sua história contada com fotos de família, aparece a família, amigos de surpresa, depoimentos. Feito pra chorar, né? O produtor me perguntou, você não tem uma música pro Marcelo? Expliquei que tinha uma canção pela metade, e que poderia tentar terminar. Terminei.”
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7. Fria madrugada (Chico Adnet e Luiz Fernando Gonçalves)
“É uma canção de 1988 que só foi letrada agora, por Luiz Fernando Gonçalves, meu tio e amigo, depois de mais de trinta anos. Foi uma das primeiras coisas mais sérias que eu fiz, mas ficou adormecida na gaveta. É como se eu nunca a tivesse assumido. Acho que é de uma época que eu não me bancava emocionalmente, então, não bancar as coisas que eu fazia era consequência. Agora, passada uma vida, vou mostrá-la com acompanhamento de orquestra. Está bem interessante, cinematográfica: “fria madrugada/a cidade adormeceu/e eu dessa janela vigiando a solidão”.

8. Underdog theme (Chico Adnet)
“Essa está comigo há tanto tempo que já nem sei. Parece tema no meio de um filme em technicolor, vintage. Inclusive preciso cobfessar que já nem me lembro o motivo desse título! Um jazz waltz que tem a participação de Duduka da Fonseca na bateria, Guto Wirti no baix0. Duduka é um músico maravilhoso. Desde o início quis que fosse ele a tocar nessa música. Ele mora em Nova York, mas com a tecnologia disponível hoje, fizemos. Aqui ainda tenho os talentos de Edu Neves nas flautas e Aquiles Moraes no flugelhorn. Sorte!”
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9. Doce companheira (Chico Adnet e Luiz Fernando Gonçalves)
“Minha mãe havia morrido duas semanas antes. Meu tio e parceiro Luiz Fernando Gonçalves, irmão de minha mãe, veio me visitar. E eu mencionei pra ele que estava fazendo uma canção triste. E falei da sensação que é a de tanta gente quando perde um ente querido, do vazio, da percepção de que o mundo continua girando, as pessoas fazendo barulho, e a gente sem entender como é possível, por que não estão todos em silêncio?”
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10. Lembra (Chico Adnet)
Minha irmã Maúcha já integrava a Banda Nova, de Tom Jobim, e havia ido embora pra viver em Nova York no fim dos anos 80. Fiz esse samba que fala da saudade dela, nessa época. Maúcha chegou a cantar “Lembra” acompanhada pelo pianista Haroldo Mauro Jr. Há alguns anos, me ligou o Haroldo, dizendo que tinha essa cantora italiana chamada Celeste, com quem ele estava trabalhando, pedindo permissão para ela gravar a música. E ela gravou. Aí eu percebi que eu devia gravar também. Entrou na coleção triste de gaiato, porque não ficou triste, não.
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11. Feuillet D’album, op. 45, nº 1 (Alexander Scriabin)
“Uma peça para piano, do russo nascido em Moscou, Alexander Scriabin (1872-1915), que eu quis tocar num piano elétrico, não sei bem por que. Talvez pela vontade que tenho sempre de encurtar a distancia entre o popular e o erudito.”

Chico Adnet – foto ©Philippe Leon

SOBRE CHICO ADNET
Chico Adnet é pianista compositor e arranjador. Integrante do grupo vocal Céu da Boca nos anos 1980, gravou dois LPs pela Polygram. Participou de gravações de outros artistas, como Chico Buarque e Edu Lobo (“Grande Circo Místico”), Cesar Camargo Mariano, Raul Seixas, no disco “Vinicius de Moraes para Crianças”, entre outros. Lançou três discos autorais: “Alma do Brasil” (2011) , “Piano” e “Leva no Piano” (2017).
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Com larga experiência na criação de jingles publicitários, Chico abriu em 2003 a SongBird Produções, que cria trilhas emissoras de TV. Teve suas trilhas utilizadas em aberturas da TV Brasil, BAND e Record; programas da TV Globo como “A Grande Família” e “Domingão do Faustão”, “Vídeo Show”, e em diversas novelas do SBT, sobretudo as infantis. Atualmente cria trilhas para os canais Like e Climatempo, entre outros.
>> Chico Adnet na rede: Instagram | Facebook | Youtube
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Série: Discografia da Música Brasileira / MPB / Canção / Instrumental.
* Publicado por ©Elfi Kürten Fenske

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