terça-feira, novembro 5, 2024

Tumba de Jesus é muito mais antiga do que se imaginava, afirma estudo

Ao longo dos séculos, a Basílica do Santo Sepulcro sofreu ataques violentos, incêndios e terremotos. A igreja foi totalmente destruída em 1009 e depois reconstruída, levando estudiosos modernos a especularem se o local adorado hoje como o túmulo de Jesus Cristo poderia ser o mesmo local que os romanos identificaram há 17 séculos.

Agora, resultados dos exames científicos fornecidos para a National Geographic indicam que os restos de uma caverna de pedra dentro da igreja são os do túmulo localizado pelos antigos romanos.

A amostra da argamassa entre a superfície original da pedra calcária do túmulo e a laje de mármore que o cobre é datada em torno de 345 d.C. De acordo com relatos históricos, o túmulo foi descoberto pelos romanos e consagrado por volta de 326.

Até agora, a evidência arquitetônica mais antiga encontrada dentro e ao redor do complexo do túmulo data do período das Cruzadas, mostrando não ser mais velho que mil anos.

Embora seja arqueologicamente impossível dizer que o túmulo é o local de sepultamento de um judeu específico, conhecido como Jesus de Nazaré, que de acordo com os relatos do Novo Testamento foi crucificado em Jerusalém em 30 ou 33, os novos resultados de datação estabelecem a construção original da tumba na época de Constantino, o primeiro imperador cristão de Roma.

O túmulo foi aberto pela primeira vez em séculos em outubro de 2016, quando o santuário que o circunda, conhecido como Edícula, passou por uma restauração significativa feita por uma equipe interdisciplinar da Universidade Técnica Nacional de Atenas.

Várias amostras de argamassa de diferentes locais dentro da Edícula foram retiradas naquele momento para o processo de datação, e os resultados foram recentemente fornecidos para National Geographic por Antonia Moropoulou, supervisora-Chefe Científica que coordenou o projeto de restauração da área.

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Igreja do Santo Sepulcro – Jerusalém

Quando os representantes de Constantino chegaram em Jerusalém por volta de 325 para localizar o túmulo, supostamente foram enviados para um templo romano construído cerca de 200 anos antes. O templo romano foi destruído e escavações por baixo dele revelaram um túmulo escavado em uma caverna de calcário. A parte superior da caverna foi cortada para expor o interior do túmulo, e a Edícula foi construída em torno dele.

Uma característica do túmulo é uma longa prateleira, ou “cama de sepultamento”, que, segundo a tradição, foi onde o corpo de Jesus Cristo foi colocado após a crucificação. Tais prateleiras e nichos, criados desde cavernas de pedra calcária, são uma marca comum em túmulos de judeus ricos do século 1 de Jerusalém.

Acredita-se que o revestimento de mármore que cobre a “cama de sepultamento” tenha sido instalado, o mais tardar, em 1555 e provavelmente esteve presente desde meados dos anos 1300, de acordo com os relatos de peregrinos.

Quando o túmulo foi aberto na noite de 26 de outubro de 2016, os cientistas ficaram surpresos com o que encontraram sob o revestimento de mármore: uma laje de mármore mais velha ainda e quebrada, gravada com uma cruz, colocada diretamente sobre a superfície original de calcário da “cama de sepultamento”.

Alguns pesquisadores especularam que esta laje antiga pode ter sido colocada no período das Cruzadas, enquanto outros acreditaram ser de uma data anterior, sugerindo que ela já estava lá e quebrada quando a igreja foi destruída em 1009. Ninguém, no entanto, afirma que essa poderia ser a primeira evidência física para o primeiro santuário romano no local.

Os novos resultados dos testes, que revelam que a laje inferior foi provavelmente estabelecida com argamassa no século 4 sob as ordens do Imperador Constantino, chegam como uma surpresa bem-vinda para aqueles que estudam a história do monumento sagrado.

“Obviamente, essa data é perfeita para o que quer que Constantino tenha feito”, comenta o arqueólogo Martin Biddle, que publicou um estudo seminal sobre a história do túmulo (em inglês) em 1999. “Isso é muito notável.”

Durante a restauração de um ano da Edícula, os cientistas também conseguiram determinar que uma quantidade significativa da caverna funerária permanece dentro das paredes do santuário. As amostras de argamassa retiradas dos restos da parede sul da caverna foram datadas de 335 e de 1570, o que fornece provas adicionais para obras de construção no período romano, bem como uma restauração documentada no século 16. A argamassa tirada da entrada do túmulo foi datada do século 11 e é consistente com a reconstrução da Edícula após sua destruição em 1009.

As amostras de argamassa foram datadas independentemente em dois laboratórios separados usando luminescência estimulada opticamente (OSL, em inglês), uma técnica que determina há quanto tempo um sedimento de quartzo foi exposto à luz. Os resultados científicos serão publicados por Moropoulou e sua equipe em uma próxima edição do Journal of Archaeological Science.

Segredos do Túmulo de Cristo estreia em 24 de dezembro, às 18h, no canal National Geographic e no Nat Geo Play.

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O túmulo de Cristo é um dos lugares mais sagrados do cristianismo. A tradição diz que ele foi enterrado em uma tumba em Jerusalém. Nos séculos seguintes, igrejas e outras estruturas foram construídas neste lugar sagrado. Atualmente, o túmulo é circundado por um pequeno santuário chamado Edícula. Segundo dados históricos, a tumba foi descoberta e o santuário construído ao seu redor, em 326 d.C, pelas ordens de Constantino Magno, o primeiro imperador cristão de Roma. Ainda não há evidência física que prove que o santuário ao redor do túmulo seja o mesmo identificado pela delegação de Constantino Magno; há cerca de 1,7 mil anos.

Nota do editora:

Todos os estudos são realizados no âmbito do projeto: Intervenções de conservação, reforço e reparação para a reabilitação da Santa Aedicule do Santo Sepulcro na Igreja da Ressurreição em Jerusalém, supervisionada pela equipe interdisciplinar da Universidade Técnica Nacional de Atenas (NTUA) para a Proteção de Monumentos. Os membros da equipe NTUA incluem Em. Korres, A. Georgopoulos, A. Moropoulou, C. Spyrakos, e Ch. Mouzakis com A. Moropoulou como Supervisora-Chefe Científica.

As amostras datadas de argamassa foram analisadas pelo Laboratório de Ciência e Engenharia de Materiais, Escola de Engenharia Química, Universidade Técnica Nacional de Atenas (pesquisadores A. Moropoulou, E. Delegou, M. Apostolopoulou e A. Kolaiti) e o Laboratório de Arqueometria, Departamento de História, Arqueologia e Gestão de Recursos Culturais, Universidade do Peloponeso (pesquisadores N. Zacharias e E. Palamara)

Fonte: National Geographic


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