Ubiratan Marques lança seu primeiro disco autoral ‘Dança do Tempo’

O maestro, pianista, compositor, arranjador e educador Ubiratan Marques (Orquestra Afrosinfônica) lança seu aguardado primeiro disco autoral, Dança do Tempo, pelo selo Máquina de Louco (Baianasystem) no dia 3 de novembro. O trabalho do maestro baiano, líder da Orquestra Afrosinfônica, traz oito faixas com elementos da música sinfônica, do pop e do jazz que representam seu modo de ver, sentir e estar no mundo.
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Bira Marques, como também é conhecido, é o fundador da Orquestra Afrosinfônica, coletivo de 23 músicos criado em 2009 em Salvador com dois discos lançados, Branco, de 2015, e ORIN, a Língua dos Anjos, indicado ao Grammy Latino 2021. O álbum Vida de Viajante, de Maria Dapaz, também com arranjos dele, foi indicado ao Grammy Latino 2004.

Dança do Tempo vem em um momento muito bacana e com muita história para contar. É a minha vida, a minha vivência, já que a música é a vida de cada um, o desenvolvimento da consciência através dos sons. Ela é como a chuva, toma forma onde está. No Brasil, é guardada e guiada pelos terreiros, já que a música de matriz africana é o tripé da música brasileira. Tem muito das minhas viagens internas e externas também, como a que fiz para a fronteira entre Angola e Namíbia”, conta o artista.
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Com os pés fincados na tradição afro-brasileira e também em sua herança sertaneja, em seu trabalho solo Marques expressa essas experiências, transversais à sua ancestralidade, em oito músicas que também reverenciam figuras fundamentais em sua vida – caso de “Obi Orobó”, homenagem à Mãe Edelzuita de Oxaguian, filha direta de mãe Menininha do Gantois, e à sua avó, a Iyalorixá Guiomar de Ogum (cujo single contou com um belíssimo lyric vídeo gravado na praia de Jauá, Salvador), “Alma de flores”, que abre com uma sanfona à la Luis Gonzaga em referência à sua “avó do sertão”, Eliziária dos Santos, e “Ibejis”, feita para seus dois filhos gêmeos. Ainda no repertório, “Uma mulher, um homem, uma casa”, “Carolina”, “Lodo ina”, “Poema das sombras” e “Orin”.

Para Roberto Barreto, integrante do Baianasystem e do selo Máquina de Louco, Ubiratan Marques vem, ao longo de sua carreira, “unindo de maneira particular os muitos universos formadores da música produzida no Brasil. Neste disco, se utiliza de elementos sinfônicos, da música pop e do jazz, para construir padrões melódicos e rítmicos que ele desenvolve tanto nos seus arranjos como em suas composições, num reflexo direto da sua maneira de tocar piano. Para a Máquina de Louco, lançar esse disco agora completa o sentido de Orin, álbum de 2020 da Afrosinfônica, que antecipou o desejo do selo que se conectar com a obra de artistas que falam de uma Bahia universal”, diz ele.
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O trabalho tem produção de Filipe Cartaxo e Ubiratan Marques, direção artística de Russo Passapusso (Baianasystem) e conta com o apoio luxuoso de Rowney Scott (sax soprano), Reinaldo Boaventura (percussão), Alexandre Vieira (contrabaixo e voz) e Tâmara Pessôa, chefe do naipe de vozes femininas da Orquestra Afrosinfônica, da qual Marques é líder e idealizador.

Capa do álbum ‘Dança do tempo’ • Ubiratan Marques • Selo Máquina de Louco / distribuição Altafonte • 2023

DISCO ‘DANÇA DO TEMPO’ • Ubiratan Marques • Selo Máquina de Louco / distribuição Altafonte • 2023
Canções / compositores
1. Obi Orobô (Ubiratan Marques)
2. Uma mulher, uma homem e uma casa (Ubiratan Marques) | Participação especial Maria Helena de Souza
3. Carolina (Ubiratan Marques) | Participação especial Toninho Horta / gentilmente cedido pela Terra dos Pássaros
4. Ibejis (Ubiratan Marques)
5. Dança do tempo “Lodô Inâ” (Ubiratan Marques)
6. Poema das sombras (Ubiratan Marques)
7. Orin (Ubiratan Marques e Mateus Aleluia) | Participação especial Mateus Aleluia
8. Alma de flores (Ubiratan Marques)
– ficha técnica –
Ubiratan Marques (piano fender rhodes) | Reinaldo Boaventura (percussão) | Rowney Scott (sax soprano e sax tenor) | Alexandre Vieira (contrabaixo e voz) | Tâmara Pessôa (voz) | Introdução: Mãe Edelzuita de Oxaguian | Produzido por Filipe Cartaxo e Ubiratan Marques | Direção artística: Russo Passapusso | Engenheiro de som: Pablo Moreno Pires | Mixagem e masterização: André Magalhães | Gravado em Estúdio 12 por 8 | Agradecimentos: Lidia de Oxum || Capa: Filipe Cartaxo | Vídeo: Filipe Cartaxo e Felipe Macedo | Assessoria de imprensa: Cristiane Batista, Maria Inês Costa /Grená Assessoria | Equipe Máquina de Louco: Ana Guerra, Filipe Cartaxo, Lohana Schalken, Roberto Barreto e Russo Passapusso | Equipe Casa da Ponte: Fidelis Melo, Nena Oliveira, Pietro Gavazza e Vanessa Daltro |  Financiamento: Griot/Maianga || Realização: Casa da Ponte e Maianga Produções Culturais | Selo/Editora: Maquina de Louco | Apoio: Estúdio 12 por 8 | Gravadora/ Selo: Máquina de Louco/Casa da Ponte | Distribuição: Altafonte | Formato: Single digital | Ano: 2023 | Lançamento: 24 de agosto | #* Ouça o álbum: clique aqui.

Ubiratan Marques lança álbum ‘Dança do Tempo’. Bira na Praia – foto ©Filipe Cartaxo

UBIRATAN MARQUES
Natural de Salvador, Bahia, Ubiratan Marques é pianista, compositor, arranjador e educador. Bisneto de Carolina Amália de Souza, mulher que apresentou e iniciou o maestro na música, e neto da Iyalorixá Guiomar de Ogum, Belmonte, no sul da Bahia, Ubiratan Marques tem como traço marcante de sua obra a influência da música ancestral africana. Se a Orquestra Afrosinfônica, a qual dirige, é um coletivo de artistas negros, que se expressa a partir de uma abordagem decorrente de pesquisas sonoras e conceitos intimamente ligados à música afro-brasileira, com o grupo Terrero de Jesus, do qual participa, promove uma leitura jazzística dos ritmos e cantos próprios de cada orixá– os pontos de candomblé. Outro traço marcante de sua obra é a influência da música sertaneja nordestina, trazida também por laços familiares maternos que inundaram sua infância. Assim, no Grupo Pau D’Arco, o maestro apresenta uma abordagem pop inovadora, associando a melopeia e ritmos nordestinos a traços estilísticos e convenções da música moderna, já o trabalho Sertão dos Anjos tem no “baião lírico” um de seus mais fortes traços estilísticos. São muitas as influências e ritmos que compõem a sua trajetória.
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O maestro Ubiratan Marques foi fundador da Banda Reflexu’s, uma das primeiras bandas de samba reggae a conquistarem espaço no eixo Rio – São Paulo com um trabalho musical voltado à valorização da cultura afro-brasileira. Prêmio Medalha Zumbi dos Palmares, Medalha Mandela Day, Liberdade e Inclusão, 3 Troféus Caymmi, vencedor como melhor arranjo do Festival de Música Educadora, disco de ouro e platina duplo Banda Reflexu’s.
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Marques fez arranjos e trabalhou com: Gerônimo, Maria Bethânia, Johnny Alf, Toninho Horta, Martinália, Chico César, Jorge Mautner, Zé́Miguel Wisnik, José Celso Martinez, Mateus Aleluia, Daniela Mercury, Maria Alcina, Gilberto Gil, Luiz Melodia, Roberto Sion, Luís Avelima, Lazzo Matumbi, Batatinha, Bocato, Ione Papas, Leo Maia, Margareth Menezes, Carlinhos Brown, Batatinha, entre outros. O álbum “Vida de Vajante”, de Maria Dapaz, com arranjos do maestro, foi indicado ao Grammy Latino 2004.

O maestro é integrante do BaianaSystem desde 2018, tendo participado como pianista, compositor e arranjador dos álbuns “O Futuro Não Demora” vencedor do Grammy Latino 2019 e “OXE AXE EXU” com duas indicações ao Grammy. Em 2021 teve seu trabalho frente à Orquestra Afrosinfônica, o álbum ORIN – A Língua dos Anjos, indicado ao Grammy Latino. Em 2022 compôs a “Suíte Viramundo”em homenagem aos 80 anos de Gilberto Gil, especialmente para o “Espetáculo Viramundo” do Balé do Teatro Castro Alves e Orquestra Afrosinfônica.
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Ensinar é outro traço forte do maestro, que lecionou por 10 anos na Universidade Livre de Música Tom Jobim, em São Paulo, e posteriormente montou o Núcleo Moderno de Música, escola no Pelourinho, em Salvador. Enquanto residia em São Paulo, fundou junto ao Projeto Guri a Orquestra Zumbi dos Palmares, trabalho afro-sinfônico voltado à cultura negra, que o permitiu atuar como regente, dirigindo por dois anos jovens de 8 a 18 anos. Em 2011 implantou a Orquestra Sinfônica Popular Brasileira junto à Prefeitura de Camaçari, na Bahia, introduzindo o ensino de instrumentos de orquestra a jovens da rede municipal de ensino. O Maestro seguiu, então, dirigindo na Casa da Ponte a Orquestra Afrosinfônica e a Orquestra Sinfônica Jovem Popular Brasileira.
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Neste ano de 2023, se mantém à frente da Orquestra Afrosinfônica, além de realizar apresentações do “Ubiratan Marques Asé Ensemble”, grupo com variadas formações. Prepara ainda o lançamento de seu álbum “Ubiratan Marques – Dança do Tempo” e, enquanto presidente da organização social “Casa da Ponte Maestro Ubiratan Marques”, agrega às suas atividades artísticas um projeto revolucionário que promoverá ações educativas musicais para mais de 1.200 pessoas de comunidades de Salvador ligadas a grupos e blocos afro, o “Ponte Para a Comunidade – Orquestras Afrobaianas”, que ao final entregará oito Orquestras afros junto ao Olodum, Ilê Aiyê, Malê Debalê, Cortejo Afro, Pracatum, Didá, Filhos de Gandhi e Grupo Étnico Cultural, com início previsto para o segundo semestre.

Ubiratan Marques lança álbum ‘Dança do Tempo’. Bira na Praia – foto ©Filipe Cartaxo

ORQUESTRA AFROSINFÔNICA
Sob o comando do maestro Ubiratan Marques, a Orquestra Afrosinfônica é um coletivo de pessoas negras que se expressa a partir de uma abordagem decorrente de pesquisas sonoras e conceitos intimamente ligados à música afro-brasileira.
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Reunindo cerca de 30 músicos e estruturada por piano, percussão, sopros, contrabaixos e vozes femininas, a orquestra leva o conceito “afrosinfônico”, designado pelo maestro Ubiratan, às últimas consequências pela consciência do processo cultural da diáspora africana e pelo processo de pesquisa e estudo de repertório. É importante também dizer que essa música de matriz africana é o tripé da música brasileira, ela é praticamente quem sustenta toda a música brasileira.
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A Orquestra Afrosinfônica foi criada em novembro de 2009, com o objetivo de dialogar com expressões orais identitárias brasileiras tão resistentes e marcantes quanto a música de matriz africana e dos povos originários, entre tantas outras.
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A exemplo disso, o naipe de vozes femininas da Orquestra foi inspirado nos terreiros de candomblé e no cancioneiro popular. “foi preciso uma ampla pesquisa sobre os cânticos em Iorubá, Mucubal, Quimbundo, Quicongo – entre outros idiomas trazidos pelos escravos negros ao Brasil e ainda utilizados por seus descendentes, principalmente nos cultos do candomblé, para sintetizar a música afro, que deu origem a toda a música baiana, ligando-a à instrumentação da orquestra e gerando um espetáculo multifacetado, bem representativo da nossa brasilidade”, explica o maestro Ubiratan.
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ÁLBUNS
Branco, 2015
[disponível em CD e Plataformas Digitais]
ORIN, a Língua dos Anjos, 2021
Álbum indicado ao Grammy Latino 2021 [disponível em LP, CD (Japão), Plataformas Digitais]

Ubiratan Marques lança álbum ‘Dança do Tempo’. Bira na Praia – foto ©Filipe Cartaxo

CASA DA PONTE | ORGANIZAÇÃO SOCIAL
No Centro Histórico de Salvador, a Casa da Ponte Maestro Ubiratan Marques é conduzida pela crença na transformação através da cultura, da memória e da preservação de nossos  patrimônios. Criada em 2018, abriga os Núcleos de Difusão de Música Sinfônica e de Preservação do Patrimônio Histórico, mantendo um espaço dedicado à educação, cultura, diálogo e fruição.  Em um lindo casarão do século XVIII, localizado no Largo do Pelourinho, mantém as Orquestras Afrosinfônica e Orquestra Jovem; uma escola dedicada à música, o NMM – Núcleo Moderno de  Música; e um centro cultural para a comunicação pública da Obra do Maestro, diálogos criativos  com comunidades da cidade, e ocupação por artistas e intelectuais locais e de outras origens. A  proposta do Núcleo de Difusão da Música Sinfônica coroa a trajetória do Maestro Ubiratan  Marques em seu trabalho de composição, orquestração, criação de arranjos sinfônicos e  regência que desempenha à frente da direção das Orquestras. No segundo semestre de 2023  terá início o projeto educativo da Casa da Ponte “Ponte Para a Comunidade – Orquestras  afrobaianas”, de formação musical que, em parceria com oito organizações afrodescendentes:  Gandhi, Olodum, Did, Pracatum, Ilê Aiyê, Cortejo Afro, Grupo Étnico e Malê Debalê, atenderá  gratuitamente mais de 1.200 integrantes das comunidades, e que ao final resultará ainda na  formação de uma orquestra afrosinfônica por comunidade.
*Casa da Ponte é Música e Patrimônio Histórico*
>> Casa da Ponte na rede: Site | Instagram | TVdaPonte
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Série: Discografia da Música Brasileira / MPB / Canção / Instrumental / álbum.
* Publicado por ©Elfi Kürten Fenske

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