Flavia Prando lança álbum com 13 peças de 10 compositores que atuaram na São Paulo do final do século XIX e início do XX.
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A violonista apresenta “Violões na velha São Paulo“, disco fruto da pesquisa de doutorado que Prando defendeu na ECA/USP. A instrumentista, em sua pesquisa, trouxe à tona a história da música para violão na São Paulo do final do século XIX e início do século XX, período anterior à formação do circuito de partituras para o instrumento, o que significa que muitas das obras do disco foram resgatadas de manuscritos ou arranjadas a partir de versões para piano.
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São Paulo na virada do século XIX para o Século XX e a singularidade do mundo do violão
As condições apresentadas por São Paulo para o desenvolvimento da produção, difusão e recepção da música diferem sobremaneira das circunstâncias presentes na então capital federal, Rio de Janeiro, cuja produção serviu de base para a construção da historiografia musical no Brasil. Com o acesso ao mar dificultado pela serra do mar, até meados do século XIX, São Paulo era conhecida como o Arraial na Borda do Sertão, ou Arraial dos Sertanistas, e enfrentava restrições no acesso a materiais, a exemplo de instrumentos musicais, tintas e telas, sendo pouco atraente para a circulação dos artistas, em comparação ao frenesi da capital do Império. Esta situação foi atenuada com o advento da linha férrea, a partir de 1867. No entanto, isto não significa que a atividade musical paulistana fosse inexistente, ao contrário, ela se fazia presente com uma linguagem musical própria, como também ocorreu em outras regiões do país.
As composições dos violonistas de São Paulo mostram sensíveis diferenças em relação aos choros cultivados no Rio de Janeiro, então capital federal. Pela instrumentação pode-se ter ideia de quanto o choro paulista caminhava mais para o romântico, para o clima de serenata, enquanto no Rio o objetivo era o balanço a brejeirice¹
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O quadro social e cultural da cidade que se modernizava rapidamente e ao mesmo tempo mantinha muitas de suas práticas rurais tradicionais, proporcionou o surgimento de uma genealogia poético-musical baseada em um imaginário que reunia nostalgia, melancolia e saudade, que foram externadas na produção instrumental local.
Nas primeiras décadas do século XX, compunham-se cateretês, catiras e modas de viola, enquanto o Rio de Janeiro estava estilizando o samba de roda e sistematizando, através das criações de Sinhô, o que viria a ser o samba de salão. Também havia diferenças no choro, que ao contrário do caráter alegre e dançante que o senso comum atribui ao gênero, a maioria destes choros em São Paulo tem viés melancólico.
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Ao reelaborarem as estilizadas danças de salão europeias, como valsas, polcas, mazurcas e gavotas com temáticas locais, esses músicos tornaram possível a identificação de características específicas na produção musical do violão paulistano. Além do mais, transitando entre os universos da música de concerto e da música popular – das tradições rurais e das novas formas urbanas em ascensão no início do século XX – esses violonistas foram exitosos na combinação destes ingredientes, cujas sínteses, desprovidas de hierarquias, geraram ricas e potentes linguagens instrumentais em distintas localidades do país, sendo que ainda há muitos violões brasileiros a serem descortinados.
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(1) CAZES, Henrique. Choro: do quintal ao municipal. São Paulo: Editora 34, 1998, p. 95.
Flavia Prando – violão / solista
Violonista, doutora e mestre em Música pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e bacharel em Música pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (IA/UNESP). É Pesquisadora em Ciências Sociais e Humanas do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc/SP. Atua como regente convidada da Camerata Infanto-Juvenil do Projeto Guri Santa Marcelina. Sua pesquisa de doutorado (ECA-USP), “O mundo do violão em São Paulo: processos de consolidação do circuito do instrumento na cidade (1890-1932)”, orientada pela professora Flávia Camargo Toni, recebeu a primeira menção honrosa no Prêmio Silvio Romero 2021 (IPHAN) e deu origem ao repertório deste primeiro volume de gravações; a quatro álbuns de partituras “Violões na Velha São Paulo”, com edição de Ivan Paschoito (LEGATO EDITORA, 2022-23), além de um programa no Sesc TV (2023), “Os pioneiros do violão em São Paulo”, dentro da série Movimento Violão, idealizada por Paulo Martelli.
DISCO ‘VIOLÕES NA VELHA SÃO PAULO (1880-1932)’ • Flavia Prando • Selo Independente / distribuição Tratore • 2024
Musicas / compositores
1. Lágrnas de Saudades!! (Venâncio José Gomes da Costa Junior) – Valsa
2. Recordação saudosa (Theotônio Gonçalves Correa) – Mazurca
3. Bon jour, papa (Alberto Baltar) – Mazurca
4. Recuerdos de Pernambuco (Gil-Orozco) – valsa
5. Saudosa (Mário Amaral) – Valsa
6. Panamby (Estanislau Amaral) – Valsa
7. Crepúsculo (Antonio Giacomino) – Mazurca
8. Edith (João Avelino de Camargo) – Gavota
9. Iole (João Avelino de Camargo) – Gavota
10. Sabãozinho (João Avelino de Camargo) – Choro
11. Cruzeiro (Theotonio Côrrea) – Choro
12. Paulista “Arrufos” (João Reis dos Santos) – Choro
13. Recordação (José Alves da Silva, Aimoré) – Choro
– ficha técnica –
Flavia Prando (violão – solista, pesquisa e textos) | Edição, direção musical: Jefferson Motta | Edição, gravação e mixagem: Ricardo Maruí || Violões: – faixas 1 e 2 – violão romântico, anônimo, final do século XIX / Faixas 3 a 13 – violão Roberto Gomes, 1993 | Arte/ capa: Ivan Paschoito | Foto capa e divulgação: Roberta Borges | Selo: Independente | Distribuição: Tratore | Formato: CD / Digital | Ano: 2024 | Lançamento: 25 de janeiro | ♪Ouça o álbum: clique aqui.
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COMPOSIÇÕES
Em São Paulo, o circuito de partituras para o instrumento teve início somente na década de 1930. Parte dessa produção chegou até os dias atuais via manuscritos, ou em versões para piano, caso da peça Lágrimas de Saudades!, de Venâncio José Gomes da Costa Junior, peça transcrita por Edmar Fenício e que abre o programa do álbum aqui proposto. Embora Venâncio tenha sido um exímio violonista, não podemos afirmar que Lágrimas de Saudades! tenha sido escrita originalmente para violão. Já Recordação Saudosa, de Theotônio Gonçalves Correa é a mais antiga composição de um violonista a ser localizada até o momento na cidade (c.1885), embora tenha recebido versão para piano, há notícias de jornal evidenciando que a composição era original para violão e há uma transcrição manuscrita da obra.
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O primeiro recital de violão solo (1906), no Salão Steinway do Conservatório Dramático Musical, contou com a presença dos violonistas Gil-Orozco, espanhol que residiu em São Paulo por 16 anos e do português Alberto Baltar que chegou à cidade na última década do século XIX. Baltar foi o primeiro a publicar peças para violão na cidade (c.1917) pela casa Sotero de Souza. Dele, escolhemos a mazurca, Bonjour, papa, editada pela casa carioca Guitarra de Prata (c. 1930) e de Gil-Orozco, a valsa Recordações de Pernambuco.
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Um dos mais enigmáticos personagens deste circuito foi Mário Amaral. Os periódicos locais trouxeram nomes de composições deste violonista paulista que faleceu muito cedo, quase sem deixar rastros. Sua obra, aparentemente extensa, se perdeu. Graças ao polígrafo Mário de Andrade, chegou até nós uma única melodia de Amaral. Trata-se de valsa Saudosa recolhida por Andrade e publicada na segunda parte do Ensaio Sobre a Música Brasileira (1928), em “Exposição de Melodias Populares”, com o seguinte texto sobre seu conterrâneo violonista.
A valsa Saudosa teve arranjo para violão solo realizado especialmente para o presente CD. É uma rara oportunidade de recuperação da obra única de um compositor paulistano que foi importante na formação do violão na cidade no início do século XX. Mário Amaral, primo da pintora Tarsila do Amaral, foi um dos poucos violonistas brasileiros, o único paulistano, que teve sua atuação registrada pelo musicólogo e crítico Mário de Andrade.
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Ainda da família Amaral, tio de Mário e de Tarsila, outro compositor aqui abordado e desconhecido até o momento é Antonio Estanislau do Amaral, ele deve ter sido músico amador e certamente foi ligado ao mundo do violão, já que por volta de 1915 o compositor Alberto Baltar (autor da mazurca Bon Jour, Papa) dedicou a ele a peça “Impressões de um Conto”, obra que foi executada pelo violonista paraguaio Agustín Barrios (1917) em concertos na cidade paulistana. Panamby é uma valsa tradicional, de caráter dançante e brilhante, bem aos moldes das danças de salão do século XIX e início do XX. Esta obra foi publicada, em edição particular, e revela um circuito de relações entre os violonistas e figuras da elite local, diversificando a narrativa sobre o status do violão, instrumento de malandro, e possibilitando um alargamento da nossa visão sobre as práticas que envolveram o instrumento na sociedade paulista do período.
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Outro instrumentista paulistano de ampla atuação no cenário musical da cidade que ficou praticamente esquecido foi Antonio Giacomino, embora tenha o sobrenome do mais famoso violonista de São Paulo, Américo Jacomino, não havia nenhum grau de parentesco entre os dois músicos. Suas valsas e mazurcas tiveram ampla circulação nas primeiras décadas do século XX, sobretudo em versões para piano. Dele, escolhemos a inédita mazurca Crepúsculo.
Personagem esquecido, que parece ter iniciado sua atividade musical no final do século XIX, foi João Avelino de Camargo. Juntamente com Theotônio Correa e Melinho de Piracicaba, João Avelino formou o primeiro trio de violões brasileiro que se tem notícia, em 1929, os Três Sustenidos. Eles atuaram na radiofonia e na fonografia em São Paulo. De sua autoria, escolhemos as gavotas Edith e Iole, além do choro Sabãozinho, gravado em versão para trio, mas que ganhou uma versão solo de Edmar Fenício para compor o programa deste álbum.
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Em meados da década de 1920, o repertório de valsas, mazurcas e gavotas começou a conviver com os gêneros nacionais e locais, como o choro, o cateretê e o samba. O compositor fluminense atuou em São Paulo (entre 1920 e 1936, a julgar pelas notícias dos periódicos), João Reis dos Santos, compositor inventivo que praticamente desapareceu da historiografia brasileira e certamente influenciou a geração de Garoto, Aimoré e Laurindo de Almeida. Dele, escolhemos o choro Paulista (1925).
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O choro Recordação, de José Alves da Silva, Aimoré, compositor e violonista com atuação intensa na radiofonia e no cinema e que até entre os músicos é somente conhecido por ter feito dupla com Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto, encerra o repertório do CD.
COMPOSITORES
Venâncio José Gomes da Costa Júnior (1843-1883), ou Venancinho Costa, como era conhecido, entrou para a Academia de Direito em 1862, sendo contemporâneo e parceiro de poeta Fagundes Varela (1841-1875). Venâncio era compositor, hábil violonista e dividiu com o poeta Varela noitadas, boemia e a autoria de modinhas e serenatas, entre as quais Noite Saudosa, é autor da valsa Lágrimas de Saudades! dedicada aos Acadêmicos de São Paulo, a peça foi editada para piano.
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Theotonio Gonçalves Côrrea (1846 –1892) – Participou da primeira apresentação pública com violão registrada pela imprensa da cidade (1878). Foi em um evento na Escola Americana promovida em benefício das vítimas da seca no Nordeste. É provável que ele tenha sido ainda o primeiro violonista a publicar músicas em São Paulo. São de autoria dele ao menos mais duas peças além da Recordação Saudosa, todas publicadas ainda no período imperial. No ano de 1882, o Correio Paulistano anunciou a edição de um tango paulista de sua autoria, dedicado ao já citado companheiro de duo, Manoel Maximiano. Pery e Recordação Saudosa foram editada para piano, como era comum no período. O fato revela a conhecida hegemonia do instrumento à época e pode indicar que ainda não havia número de instrumentistas que soubessem ler o pentagrama a ponto de justificar a edição de partituras para violão. A partitura de Pery não foi localizada. Na partitura Recordação Saudosa, impressa pela Casa Levy, existe a seguinte nota: “do mesmo autor de Pery, Tango, e Dodonquinha, Polka”, esta última a terceira obra de Theotonio que se tem conhecimento.
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Alberto Baltar – violonista e professor português radicado em São Paulo, cujas datas de nascimento, morte ou chegada à cidade não foram localizadas. Compositor, professor e arranjador, Baltar deve ter chegado na cidade na última década do século XIX. Sua obra ainda não foi totalmente localizada. O lendário violonista paraguaio Agustín Barrios executou (1917) o Romance sem palavras (Mendelssohn) e Impressões de um Conto, um arranjo e uma composição de Baltar, ambas editadas para violão solo pela Casa Sotero de Souza. Cabe recordar que naquela época, as músicas para violão eram editadas em versão para piano. Tudo indica, portanto, que Alberto Baltar tenha sido o primeiro compositor a publicar músicas para violão na cidade. Seu aluno mais proeminente foi José Martins Duarte de Mello, conhecido como Melinho de Piracicaba.
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Práxedes Gil-Orozco Bastidas (1857 – 1916) Valenciano, da cidade de Requena. Em 1889, Toboso e Gil-Orozco embarcaram rumo à América Latina para uma série de concertos em duo, notadamente na Venezuela, Barbados, Trinidad y Tobago e Brasil. No Brasil, chegaram em meados de 1889, e há farta documentação em periódicos locais sobre a passagem do duo por vários estados: Rio de Janeiro, Pará, Maranhão, Fortaleza, Recife, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia e Minas Gerais. Em 1890, Martínez Toboso continuou seu giro solitário pelo continente americano, pois GilOrozco decidiu fixar residência em São Paulo, tendo sido um dos fundadores do diário La Iberia (1892), periódico em espanhol para a colônia de imigrantes residentes na cidade; em 1896 foi sócio fundador do Orfeón Español de São Paulo e em 1898 da Sociedade Espanhola de Socorros Mútuos de São Paulo, entidades associativas que visavam dar suporte aos imigrantes espanhóis. Gil-Orozco foi fundamental para a história do violão paulistano, sendo reconhecido como o primeiro violonista a realizar concertos solo na cidade Representou comercialmente, a partir de 1901, a Pascual Roch & Cia, fábrica de violões com sede em Valencia, na Espanha. Foi também proprietário de uma fábrica de cordas, A Torcedoura Valenciana de Orozco & Blanes situada no bairro da Mooca, inaugurada em 1903. Em 1906, ele participou de um recital no Salão Steinway, ao lado dos mais importantes músicos locais, uma prática que caminha na contramão do discurso dominante da historiografia nacional, que posicionou o violão, quase exclusivamente, como instrumento marginalizado na sociedade brasileira. Deixou mais duas composições além da Valsa Recuerdo de Pernambuco, Gavota e Maria, mazurca (s.d). Há ainda uma peça perdida, La Gitanilla.
Mário Amaral (c.1895-1926) – violonista e compositor paulistano, além da já citada melodia recolhida por Mário de Andrade que expressou sua admiração por este desconhecido personagem da música paulista, temos poucas informações sobre Amaral. Em 1922, Menotti Del Picchia escreveu um artigo que coloca Mário Amaral e seu violão no seio da sociabilidade modernista em São Paulo, sendo primo de Tarsila do Amaral. O próprio Mário de Andrade publicou uma foto de seu xará violonista na revista Ariel, nº 13 (1924)², com a seguinte legenda: “admirável virtuose brasileiro do violão”. No mesmo ano de 1924, ele mereceu um grande artigo escrito por Eustáchio Alves, violonista que atuou no Rio de Janeiro e foi aluno de Josefina Robledo. Alves, no texto que recebeu o título “Um Grito D’alma: Impressões sobre o violonista brasileiro Mário do Amaral e Souza”, expressou sua admiração pelo instrumentista paulistano.
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Antonio Estanislau do Amaral (1869 –1938) era botânico e foi, junto com seu irmão José, proprietário do Teatro São José até o ano de 1920. Eles foram filhos de José Estanislau do Amaral, um rico fazendeiro, conhecido como “o milionário”. Antonio deve ter sido músico amador e certamente foi ligado ao mundo do violão, já que por volta de 1915 o compositor Alberto Baltar (autor da mazurca Bon Jour, Papa, aqui editada) dedicou a ele a peça Impressões de um Conto, obra que foi executada pelo violonista paraguaio Agustín Barrios (1917) em concertos na cidade paulistana. Antonio foi tio da pintora Tarsila do Amaral, que era filha de José e tio de Mário Amaral, compositor paulistano cuja única obra localizada até o momento, a valsa Saudosa, está publicada neste volume.
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Antonio Giacomino (c.1905-c.1960), também conhecido como Lourinho, violonista e compositor paulistano que alcançou bastante destaque na mídia impressa do início do século como instrumentista solitas. Antonio Giacomino, Jacomino ou Jacomini deixou dois discos em 78 RPM e teve várias composições editadas em partitura, participou da programação das emissoras de rádio paulistanas. Sua obra teve uma ampla difusão em versões para piano.
João Avelino de Camargo (1880 – 1936) – Presume-se que tenha iniciado sua carreira artística na capital paulista no final do século 19. Sabe-se que se apresentou no salão nobre da União Católica Santo Agostinho por mais de uma vez nos anos 1920, executando temas de violão clássico internacional e músicas de sua autoria. A partir de 1929, João Avelino formou com Melinho de Piracicaba e Theotônio Correia (filho) o grupo Três Sustenidos, provavelmente o mais antigo trio de violões do país. Foi discípulo do paraguaio Agustín Barrios, que hospedava-se em sua casa quando estava em turnê pela cidade.
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Theotonio Correa (1881 – 1941), filho de Theotonio Gonçalves Côrrea participou do início da radiofonia e da fonografia elétrica em São Paulo. Em 1929, apresentou-se em duo com Melinho de Piracicaba, e meses depois, João Avelino Camargo somou-se ao duo. Juntos, formaram o primeiro trio brasileiro de violões que se tem notícias, o trio Três Sustenidos. Theotonio teve duas músicas registradas na fonografia pelo citado trio (1930): Cadê o cruzeiro e Bancando o Nazareth. Cadê o Cruzeiro foi editada para violão solo pela Casa Del Vecchio com o nome de Cruzeiro e arranjada para três violões para as gravações fonográficas, apresentações em público e programas da radiofonia.
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João dos Santos (1886 –1950) Pouco se sabe sobre este violonista. No entanto, felizmente, foi possível localizar diversos choros interessantíssimos dele, que certamente influenciaram violonistas locais como Garoto. João deve ter residido na capital paulistana entre 1920 e 1936. Publicou um método prático com seu nome. O repertório que João dos Santos apresentava an rádio, a exemplo dos demais violonistas do período era eclético, de composições próprias a danças características transcritas, passando pelas obras europeias. Recebeu mais de 30 mil votos em importante em concurso de música da Rádio Gazeta, o Grande Concurso da Música Brasileira, vencido por Larosa Sobrinho.
José Alves da Silva – Aimoré – (1908-1979) As atividades de Aimoré na radiofonia paulistana foram variadas e intensas. Ele foi chefe do regional da rádio Cruzeiro do Sul, organizou, a convite de Nicolau Tuma, diretor da Rádio Difusora, o regional da emissora. Na emissora também executava composições de Agustín Barrios e Francisco Tárrega. No ano seguinte organizou o conjunto regional da Rádio Piratininga, onde também executava solos ao violão. Atuou ainda na Rádio América, dirigindo o regional desta emissora. Participou do regional da Rádio Record com Armando Neves (1947). Na indústria fonográfica, deixou algumas gravações, transitando entre o repertório erudito e popular. Em 1953, acompanhou Vanja Orico ao violão na trilha sonora do premiado filme O Cangaceiro, de Lima Barreto. Em 1958, trabalhou com Camargo Guarnieri na trilha sonora do filme Rebelião em Vila Rica, de Geraldo dos Santos Pereira e Renato dos Santos Pereira. Apesar de toda esta diversificada e rica trajetória, Aimoré segue pouco conhecido, mesmo entre os violonistas. Ficou conhecido por ter feito dupla com Garoto e por uma composição, Choro Triste, gravada pelo violonista paulistano Antônio Rago (1916-2008) e pelo célebre músico Mário Zan (1920-2006)
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(2) Ariel Revista de Cultura Musical, São Paulo, ano II, n. 13, 1924, p. 467.
— quer saber mais? —
PRANDO, Flavia. O mundo do violão em São Paulo: processos de consolidação do circuito do instrumento (1890-1932).. (Tese Doutorado em Música). Universidade de São Paulo, USP, 2021. Disponível no link. (acessado em 3.2.2024)
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AGENDA
Violões em Copa
Flavia Prando | Humberto Amorim
Data/hora: 22 de maio (2024) | 18h30
Onde: Espaço ABU
Endereço: Av. Nossa Senhora de Copacabana – 249, Loja E – Copacabana, Rio de Janeiro/RJ
Ingressos: R$ 60,00 (inteira) | R$ 30,00 (meia) | à venda no site sympla e na bilheteria do ABU
> Acompanhe a programação do @espacoabu
LIVROS DE PARTITURAS – VIOLÕES NA VELHA SÃO PAULO
:: Violões na Velha São Paulo – Vol 1 – Coleção Flavia Prando – Álbum de Partituras – Físico | Pesquisa e coordenação: Flávia Prando | Compositores: Theotonio G. Corrêa, Gil-Orozco, Alberto Baltar, Mário Amaral, Lázaro Roldão, Antoio E. do Amaral, João A. de Camargo, João dos Santos Editora: Legato. Saiba mais: clique aqui
:: Violões na Velha São Paulo – Vol 2 – Coleção Flavia Prando – Álbum de Partituras – Físico | Pesquisa e coordenação: Flávia Prando | Compositores: Gil-Orozco, Alberto Baltar, Laroza Sobrinho, Lázaro Roldão, João A. de Camargo, Theotonio Corrêa, João dos Santos, Antonio Giacomino | Editora: Legato. Saiba mais: clique aqui
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Fonte: Violão Brasileiro (acessado em 3.2.2024)
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Série: Discografia da Música Brasileira / Canção popular / Música instrumental / Álbum.
* Publicado por ©Elfi Kürten Fenske
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