O LP ‘Vivo!’ de Alceu Valença foi registrado em 7 de setembro de 1975, no Rio de Janeiro, na última apresentação do espetáculo “Vou Danado pra Catende”
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Em 1976, época em que discos registrados ao vivo ainda eram raridade no Brasil, Alceu Valença lançou o explosivo “Vivo!”. O LP trouxe a trilha sonora de uma performance intensa, energética e contestadora, apresentando ao mundo a música contemporânea pernambucana. A partir de 28 de agosto, os fãs do cantor e compositor terão a oportunidade de ter em mãos uma reedição luxuosa do icônico álbum, assinada pela Rocinante Três Selos.
No fervilhante cenário cultural dos anos 70, Alceu Valença emergiu como um dos mais vibrantes representantes da nova música nordestina com a sua participação no festival Abertura, defendendo “Vou Danado pra Catende”. O pernambucano despontou como o capitão da espaçonave que partiria do Nordeste para sobrevoar o Brasil e, mais tarde, o mundo.
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Gravado durante a última apresentação do espetáculo “Vou Danado pra Catende”, no Teatro Tereza Rachel, no Rio de Janeiro, em 7 de setembro de 1975, o espetáculo foi marcado por um momento de tensão: nos bastidores, antes de subir ao palco, o cantor foi informado da prisão de seu parceiro Geraldo Azevedo pela repressão militar.
No Jornal do Brasil, Alceu definiu seu show: “Quem vier assistir não verá um concerto onde eu sou a figura central. Direção existe, mas é aberta, elástica. Sou o palhaço ou o bobo da corte, às vezes domador. Posso divertir o público ou irritá-lo. Não vou permitir de modo algum que façam do meu sotaque um subproduto. Minha música tem som universal com vivência nordestina”.
E é essa energia que transborda em cada faixa do disco. “Senhoras e senhores, meu cordial boa noite!”, dizia Alceu na abertura do show e do LP. A redoma que o pernambucano deseja destruir, a barreira entre artista e público, estava com os minutos contados. A introdução circense, embalada em viola, flauta, percussão e guitarra viajante estão na corpulenta abertura de “O casamento da raposa com o rouxinol”. O encerramento do lado A é com “Você pensa”, o momento mais pesado, agressivo e fugaz do disco.
“Agora eu vou cantar em pé para sair em gravação, né?”, anuncia Alceu nos primeiros sulcos do lado B de “Vivo!”. É a introdução de um intenso pot-pourri contendo “Punhal de prata”, “O medo”, “Quanto é grande o autor da natureza”, “Cabelos longos” e “Índio quer apito”. “Pontos cardeais”, momento copioso, colérico e tropológico de “Vivo!”, apresentava metáforas que iam de encontro ao que o parceiro Geraldo Azevedo (e tantos outros) passavam nos porões da Ditadura.
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A lembrança de Geraldinho volta na canção seguinte, “Papagaio do futuro”, com Alceu comentando que a canção foi defendida no Festival Internacional da Canção de 1972, por ele, Geraldo Azevedo e Jackson do Pandeiro. O encerramento é com “Sol e chuva”: “me mate que eu sou muito Vivo! Vivo! Vivo!”.
A imprensa não cansou de elogiar “Vivo!”, lançado com capa dupla e imagens capturadas por um dos grandes fotógrafos do período, Mário Luiz Thompson. “O show de Alceu teve o clima ideal para fazer desse trabalho o melhor disco ao vivo gravado no Brasil”, escreveu Aloysio Reis na revista Pop.
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Nesta edição especial da Rocinante Três Selos, “Vivo!” retorna em vinil preto 180g, com capa dupla, pôster e um encarte que inclui as letras das músicas e um texto exclusivo de Bento Araujo, jornalista e autor da série de livros “Lindo Sonho Delirante”. “Vivo!” continua a ser um testemunho da energia indomável e da paixão de Alceu Valença, um artista que não só vive intensamente o seu tempo, mas também o moldou com sua arte.
DISCO ‘VIVO!’ • Alceu Valença • LP • Selo Rocinante Três Selos • 2024
Canções / compositor
Lado A
1. O casamento da raposa com o rouxinol (Alceu Valença)
2. Descida da ladeira (Alceu Valença)
3. Edipiana nº 1 (Alceu Valença, Geraldo Azevedo)
4. Você pensa (Alceu Valença)
Lado B
5. Punhal de prata (Alceu Valença)
6. Pontos cardeais (Alceu Valença)
7. Papagaio do futuro (Alceu Valença)
8. Sol e chuva (Alceu Valença)
– ficha técnica –
Alceu Valença – voz, violão e violinha | Zé da Flauta – flauta | Paulo Lampião Rafael – guitarra | Zé Ramalho da Paraíba – ukulele, viola de 10 e 12 cordas | Israel – bateria e percussão | Agrício Noya – percussão | Dicinho – baixo | Participação especial: Zé Ramalho da Paraíba – nas faixas “Edipiana nº 1″ e “Papagaio do futuro” | Coordenação geral: João Araújo | Direção de produção: Guto Graça Mello | Montagem: João Mello | Técnicos de gravação: Deraldo, Célio e Luiz Paulo | Arranjos: Alceu Valença | Fotos: Mario Luiz Thompson | Capa: Mario Luiz e Alceu com a colaboração da Cuca | Arte: Mario Luiz e Flavio Thompson | Produção do show: Benil Santos, Wellington Luiz, Carlos Fernando e Sigla | Gravado ao vivo no Teatro Tereza Rachel, durante a realização do show “Vou Danado Pra Catende”, de Alceu Valença | Edição Rocinante/Três Selos – Coordenação geral: João Noronha, Sylvio Fraga e Wladymir Jasinski | A&R: Márcio Rocha, Rafael Cortes | Coordenação gráfica: Mateus Mondini | Coordenação técnica: Pepê Monnerat | Coordenação de prensagem: Vinicius Crivellaro | Licenciamento: Daniel Moura e Joe Lima | Texto e edição de conteúdo: Bento Araujo | Direção de arte: Bloco Gráfico | Design: Pedro Caldara | Masterização: Pepê Monnerat || Assessoria de imprensa: Tathianna Nunes – Pantim Comunicação | Selo: Rocinante Três Selos | Cat. R3-027 | Formato: LP – vinil | Ano: 2024 | Lançamento: 28 de agosto | ♪Ouça o álbum: clique aqui.
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Projeto Rocinante Três Selos
A paixão pelo vinil une três grandes nomes do mercado nacional em uma colaboração inédita. A fábrica Rocinante, localizada em Petrópolis, agora prensará uma seleção exclusiva de discos a partir de novembro, em uma parceria com a Três Selos. Esta curadoria, licenciada pela própria Rocinante, conta também com a contribuição da Tropicália Discos, uma loja icônica do Rio de Janeiro com mais de 20 anos de expertise na divulgação da música brasileira.
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Essas referências do mercado se unem para apresentar com excelência algumas das obras mais marcantes da música brasileira, incluindo nomes consagrados como Chico César, Gilberto Gil, Pabllo Vittar, Hermeto Pascoal, Novelli, Tulipa Ruiz, Céu, Baiana System, Barão Vermelho, Anelis Assumpção, Dona Onete. Com um projeto gráfico inovador e utilizando as melhores prensas de vinil do país, essa parceria promete elevar ainda mais a música brasileira, celebrando sua riqueza e diversidade em cada lançamento.
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Série: Discografia da Música Brasileira / MPB / Canção / Álbum.
* Publicado por ©Elfi Kürten Fenske
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