Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu năo sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a măe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilizaçăo
Tem um processo seguro
De impedir a concepçăo
Tem telefone automático
Tem alcalóide ŕ vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de năo ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
– Manuel Bandeira, do livro “Bandeira a Vida Inteira”. Rio de Janeiro: Editora Alumbramento, 1986.
Manuel Bandeira – estrela da vida inteira
Manuel Bandeira – outros poemas e textos
A cantora, compositora e arranjadora maranhense Ana Paula Albuquerque saúda ancestralidade e legado dos Tincoãs…
Áurea Martins - iniciou sua carreira na Rádio Nacional. Gravou seu primeiro disco como prêmio…
“Festival 38 em Nós” terá show a céu aberto no dia 22, quarta-feira, e mostra…
Chegando em 2025 aos 50 anos de sua fundação, o Grupo Corpo celebra a trajetória…
Os ensaios abertos do Bloco da Orquestra Voadora já viraram referência na programação cultural do…
Esse final de semana será de grandes apresentações no Soberano Jazz Club, com destaque para…